SETEMBRO DE 1836,
"REGRAS EXISTEM POR UM MOTIVO."
Sam estava escrevendo o seu relatório no domingo à tarde, pensando em tudo que acontecera nos últimos dias e tentando encaixar as coisas. Ele tinha seguido o duque pelos cortiços na sexta-feira, com a ajuda de Hayley, mas o que ele vira não era o Filho do Diabo nem o duque de Hovedan, era apenas um homem comum fazendo uma boa ação para crianças carentes e ajudando pessoas doentes, Sam o seguira por toda a tarde tentara escutar as conversas dele com aquele homem ranzinza ou com a senhora que ele fora ver depois, ele vira pela janela que era uma idosa de cama e ouvira a conversa deles sobre médicos. Ninguém no cortiço parecia saber que aquele era o duque e, quando Sam perguntou na mercearia, a senhora no balcão disse que ele era apenas o filho do homem da casa um pouco à frente, se chamava Malcolm e era um advogado que morava em uma cidade próxima e sempre aparecia para fazer visitas ao pai e ajudava o povo.
Aquele não era o homem que Sam fora enviado para investigar e prender. Sam começava a pensar se talvez o Filho do Diabo poderia ser um pouco menos sem coração do que sugeriam.
Depois de voltar dos cortiços, Sam tinha passado a noite trancado no seu quarto, já que tinha dito ao duque que iria para um compromisso na cidade. Ele tinha tentado ir ao porão na noite se sexta-feira e de sábado, tinha passado da primeira porta e entrado em outro corredor, mas havia barulho no salão onde as mercadorias ficavam guardadas e Sam não quisera arriscar-se a entrar lá, então ele voltava para o seu quarto nas duas noites quando ouvira os barulhos no quarto do duque outra vez, os mesmos gritos e as mesmas palavras da primeira vez, os mesmos sons, como se ele se debatesse, mas Sam não se arriscou a entrar nos aposentos dele outra vez.
Todos os criados estavam de folga no domingo e apenas Sam e a Sra. Clio estavam no castelo, além de uma cozinheira e uma camareira, o duque estava ocupado no seu escritório e a transportadora não funcionava também, o que queria dizer que era a oportunidade de Sam finalmente explorar o porão.
Ele guardara seu relatório e saíra de fininho do seu quarto, tentando evitar não ser visto, então ele descera todos os lances de escada e se viu de frente para aquela porta onde o duque quase o beijara logo que chegara ao castelo, Sam a abriu sem dificuldades e com a ajuda de alguns grampos de cabelo, então entrou e seguiu para a próxima porta.
Havia algumas portas naquele corredor interno, ele sabia que a primeira era o salão onde o duque se reunia com seus homens todas as quartas-feiras, pois tinha estudado as plantas do castelo e sabia que aquele era o único salão naquela área. A segunda porta tinha uma placa que indicava a administração da empresa de transportes, a outra era o local onde as cargas eram guardadas e que tinha uma saída para o pátio dos fundos do castelo, aquele de onde Sam vira o comboio sair.
Os grampos de Sam entraram em ação outra vez e ele abriu a fechadura sem dificuldades, então ele entrou no salão de cargas e viu as caixas. O sol entrava pelas pequenas janelas no topo das paredes e dispensava o uso de uma vela que poderia denunciar sua presença.
Sam começou a olhar as caixas que estavam abertas e a abrir algumas que estavam fechadas. Algumas eram louças, outras eram tecidos, outras continham roupas, móveis ou outras coisas comuns e nada incriminatórias. Sam estava começando a ficar frustrado e chegando ao fim do porão, era impossível que não houvesse nada ali, uma carga tinha chegado escoltada na quinta-feira e não havia saído outra carga depois da última terça-feira, tinha que haver pelo menos um pouco de drogas ali.
Com um suspiro impaciente, Sam fechou a caixa que abrira e bateu o prego na tampa de volta, então seguiu para o último grupo de caixas. Ele a abriu com a ajuda do martelo que tinha pego no porão e tirou a tampa, era uma caixa baixa e comprida, uma típica caixa de medicamentos, e estava cheia de vidros negros com rótulos marcados como láudano.
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O amor do agente
Historical FictionLivro 5 da série Os Hildegart. Determinado a colocar um fim no seu período trabalhando como espião para a Coroa de Egleston, Samuel Hildegart aceita sua última missão em um castelo localizado em um ducado costeiro com ilhas paradisíacas perfeitas p...