capítulo 14

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-  Se  você  quer  que  eu  fique  furioso  e  faça  ameaças,  apenas  diga.  Mas  se  preferir que  ajamos  como  dois  adultos  maduros,  determinados  a  criar  o  melhor  ambiente possível para nosso  filho,  então  sugiro  que  aceite  meus  planos.
-  Eu tenho  escolha?  -  perguntou ela com  irritação. O  sorriso  de  Poncho foi  tanto  presunçoso  quanto  confiante.
-  Você  teve  a  escolha  inicial  de  me  contar  ou  não  que  estava  grávida,  e  decidiu não me  contar,  então...  Não  realmente.  A  bola está  no meu campo  agora. A  bola  estava definitivamente no  campo  de poncho...  Com  tudo  mais. Mas,  então,  ela soubera  que  isso  aconteceria  desde  o  minuto  que  ele  subira  a  escada  para  o apartamento  acima  da  padaria  e  descobrira  o  filho,  não  soubera?  Sua  única  opção agora era ser  cordata, e  esperar  que  ele continuasse  a fazer  o  mesmo. A  mão  de  Alfonso  estava  em  seu  cotovelo  enquanto  eles  saíam  do  restaurante, guiando-a  em  direção  ao  saguão.  Velhas  redes  de  pesca  e  bóias  decorativas  alinhavam as  paredes,  e  subitamente  ela  percebeu  como  a  decoração  deveria  ser  estranha  para as  pessoas  de  fora,  uma  vez  que  não  havia  mar,  rio  ou  lago  na  cidade  para  justificar aquilo.
-  Suba  comigo  -  sussurrou  ele,  perto  de  sua  orelha. Anahi lhe  lançou um  olhar  tão incrédulo  que ele  teve  de  rir  de  sua reação.
-  Isso  não  é  uma  proposta  -  ele  a  assegurou,  então  arqueou  as  sobrancelhas  numa tentativa de  flerte.  -  Embora eu não  me  oponha  há  um  pouco  de  sedução após  jantar. No  saguão,  ele  a  virou  para  a  esquerda,  para  longe  da  entrada  principal  do  hotel, e  para a  direção  da grande  escadaria que levava aos  quartos  de  hóspedes.
-  Tenho  uma  coisa  para  lhe  mostrar  -  continuou  ele,  enquanto  eles  subiam  a escada.
-  Agora, isso  parece uma proposta,  ou talvez  uma  paquera de  mau  gosto. Poncho sorriu,  tirando  a  chave  do  quarto  de  seu  bolso.  Não  um  cartão-chave,  mas um  chaveiro  de  plástico  em  formato  de  um  farol.
-  Você  me  conhece  melhor  do  que  isso.  Não  precisei  de  paquera  de  mau  gosto  da primeira vez,  e  não precisarei  agora. Não,  ele  não  precisara.  Poncho  havia  sido  muito  charmoso  para  flertar  com  ela como  os  outros  rapazes  faziam  na  época.  O  que  o  tornara  ainda  mais  atraente, fazendo-o  se  destacar  dos  demais. Quando  eles  chegaram  à  porta  dele,  poncho abriu-a  e  deu  um  passo  atrás  para  que ela  o  precedesse.  Anahi  já  visitara  a  Hospedaria  do  Porto,  é  claro,  mas  nunca estivera  num  dos  quartos  de  hóspedes,  de  modo  que,  quando  entrou,  olhou  ao  redor por  um  momento. Mesmo  que  a  grande  plaqueta  de  latão  na  frente  do  prédio  não  tivesse identificado  o  hotel  como  um  marco  histórico,  ela  teria  sabido  que  era  apenas  pelo interior.  O  trabalho  elaborado  em  madeira,  o  papel  de  parede  preservado  e  os  móveis antigos...  Tudo  indicava isso. Felizmente,  o  quarto  de  poncho  não  era  decorado  com  motivos  do  oceano.  Em  vez disso,  havia  minúsculas  rosinhas  no  papel  de  parede  amarelado  pelo  tempo,  e  tanto  a cama  de  solteiro  quanto  a  cama  grande  de  quatro  colunas  eram  cobertas  em  renda branca. Era  quase  engraçado  ver Alfonso herrera  o  homem  de  negócios  alto,  poderoso  e  moderno  - parado  no  meio  daquele  ambiente  formal  do  século  XIX.  Ele  destoava  totalmente  de seu entorno. Mas  nem  por  isso  parecia  se  sentir  deslocado.  Fechando  a  porta,  ele  removeu  o paletó  e  colocou-o  sobre  uma poltrona em  seu caminho  para uma  escrivaninha de  canto. Enquanto  ele  ligava  o  notebook,  Anahi apreciou  a  vista.  Uma  atitude  superficial de  sua  parte  sabia.  Sem  mencionar  inconsistente,  considerando  com  que  veemência declarara,  para  si  mesma  e  para  quem  quisesse  ouvir,  que  o  divórcio  tinha  sido  uma bênção,  e  que ela não sentia  mais nada por  ele. Ser  ex-esposa  de  Alfonso não  a  impedia  de  ser  uma  mulher  com  sangue  nas  veias, todavia. Uma  mulher  que apreciava a  vista  de  um  homem  bem  constituído  e  saudável. Os  ombros  e  costas  largos  esticavam  o  tecido  da  camisa  branca  quando  ele  se movia.   A  calça  escura  abraçava-lhe  os  quadris  estreitos,  e  o  traseiro  era  arredondado  e perfeito,  parecendo  não  ter  mudado  muito  desde  a  última  vez  que  eles  tinham  estado juntos. Erguendo  uma  das  mãos  para  o  rosto,  Anahi  fechou  os  olhos  e  censurou-se silenciosamente  por  ser  tão  fraca.  Qual  era  o  seu  problema?  Estava  louca?  Ou  seus hormônios  ainda estavam alterados  por  causa da gravidez? Abrindo  os  dedos,  e  espiando  através  deles,  ela  soube  exatamente  qual  era  seu problema. Primeiro  -  sabia  o  que  havia  por  baixo  dos  tecidos  de  algodão  e  lã.  Conhecia  a força  dos  músculos  dele,  a  textura  da  pele.  Sabia  como Alfonso se  movia  o  cheiro  que tinha,  e  qual  era a  sensação daquele  corpo  poderoso  pressionado  contra o  seu. Segundo  -  seus  hormônios  estavam  em  rebuliço,  mas  não  por  causa  da  gravidez. Eles  sempre  se  descontrolavam  na  presença de poncho. Considerando  quanto  tempo  fazia  que  eles  não,  ficavam  juntos  -  quanto  tempo  ela não  era  nada  além  de  mãe  e  empresária  -  não  era  de  admirar  que  seus  pensamentos estivessem  tomando  aquela  direção. E,  sem  dúvida,  se  Alfonso soubesse,  ou  suspeitasse,  ele  se  aproveitaria  de  sua vulnerabilidade  e  de  seu  tumulto  interno,  então  ela  precisava  tomar  cuidado  para  não lhe  passar  a  idéia  errada. Através  dos  dedos,  Anahi observou-o  abrir  os  dois  primeiros  botões  da  camisa e  afrouxar  o  colarinho.  Um  hábito  tão  familiar.  Ele  costumava  fazer  isso  todas  as noites  quando  chegava,  em  casa  do  trabalho.  No  geral,  passava  algumas  horas  no escritório  de  casa,  mas  sem  gravata  e  paletó,  com  as  mangas  da  camisa  enroladas  até os  cotovelos

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