capítulo 09

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Antes  que  ela  pudesse  interromper,  poncho continuou:
-  Você  arruma  suas  malas  e  as  malas  de  Alan  e  voltamos  os  três  para Pittsburgh,  ou  você  pode  me  dar  uma  desculpa  para  ficar  aqui.  Mas  de  qualquer  forma, eu ficarei  com  meu filho. Anahi  queria  tirar  Alan dos  braços  de  poncho  e  sair  correndo.  Encontrar  um lugar  para  se  esconder  com  seu  bebê,  até  que  ele  perdesse  o  interesse  e  voltasse  para o  lugar  de  onde  viera. Mas  conhecia  seu  ex-marido,  e  sabia  que  ele  preferiria  parar  de  respirar  a abandonar  seu filho. Para  qualquer  lugar  que  ela  fosse,  ele  a  encontraria.  Então,  era  melhor  poupar tempo  e  trabalho,  e  enfrentar  a  situação.  Uma situação que  ela  mesma havia criado. Também  estivera  disposta  a lhe  contar  sobre a gravidez  assim  que  descobrira.   Apenas  porque  as  coisas  não  tinham  saído  como  o  planejado  não  significava  que Anahi desprezaria  seus  valores  morais  agora. Mas  também  não  significava  que  estava  pronta  para  arrumar  as  malas  e  segui-lo para  Pittsburgh  como  um  cãozinho  perdido.  Possuía  uma  vida  em  Summerville.  Família, amigos,  um  negócio  para administrar. Por  outro  lado,  o  pensamento  de  Poncho ficando  em  Summerville  fazia  seu  coração palpitar  de  medo.  Como  ela  poderia  tê-lo  sob  o  mesmo  teto...  Na  padaria,  e  talvez  até mesmo  morando  com  eles  na  casa de  tia Helen?
-  Não  posso  voltar  para  Pittsburgh  -  declarou  Anahi,  fingindo  que  a  visão  de poncho segurando  o  filho  deles  naqueles  braços  grandes  e  fortes  não  mexia  com  ela. -  Certo.  -  A  expressão  dele  era resoluta.  -  Então,  suponho  que  irei  me  mudar  para cá. Oh,  não,  aquilo  era pior  ainda. O  peito  de  Anahi se  apertou com  pânico.
-  Você  não  pode  ficar  aqui  para  sempre  -  argumentou  ela. 
-  E  quanto  a  sua companhia?  Sua  família?  -  Minha sanidade?
-  Não será para sempre  -  respondeu  ele. Parecendo  mais  relutante  do  que  ela  já  o  vira,  poncho devolveu-lhe  Alan ,  cuidando para não acordá-lo. Então  tirou um  celular  do  bolso  do  paletó.
-  Mas  se  você  acha  que  qualquer  coisa...  Como  a  companhia  ou  minha  família...  É mais  importante  do  que  estar  aqui  com  meu  filho  agora,  está  louca.  Tenho  condições de  me  afastar  por  algumas  semanas,  apenas  preciso  me  certificar  de  que  todos  saibam onde  estou,  e  posso  manter  as coisas  funcionando  tranquilamente em  minha ausência. Com  isso,  ele  virou-se  e  foi  em  direção  à  escada  que  levava  à  padaria,  discando  no celular  enquanto  andava. Anahi olhou para  seu filho  adormecido  e  sentiu lágrimas  inundarem  seus  olhos. -  Oh,  bebê  -  sussurrou  ela,  beijando-lhe  a  testa. 
-  Nós  estamos  com  um  grande problema. Ter  poncho  se  ―mudando para  Summerville  fazia  Anahi se  sentir  como  quando  o conhecera pela  primeira vez. Na  época,  ela  servia  mesas  num  restaurante  perto  do  campus  universitário  para poder  pagar  a  faculdade.  Poncho  estudava  com  o  dinheiro  do  pai,  e  passava  o  tempo  livre jogando  futebol  ou indo  a festas. Ele  tinha  entrado  no  restaurante  uma  noite,  com  um  grupo  de  amigos,  todos parecendo  modelos  masculinos  para  algum  perfume  caro.  Anahi  lhes  servira panquecas  e  ovos,  e,  apesar  de  tê-lo  notado,  não  pensara  muito  sobre  aquilo.  Por  que deveria,  quando  ele  era  apenas  um  de  centenas  de  diferentes  clientes  que  ela  atendia todos  os  dias? Mas,  então,  ele  havia  aparecido  novamente.  Sentado  em  sua  seção  novamente.  Às vezes  com  amigos,  outras  vezes,  sozinho. Ele  lhe  sorria,  deixava  gorjetas  muito  generosas  e  conversava  com  ela.  Não  levou muito  tempo  para  que  Anahi  percebesse  que,  de  pedacinho  em  pedacinho,  lhe contara toda a  história de  sua vida  em  poucas semanas. Finalmente,  poncho a  convidara  para  sair,  e  ela  estivera  muito  enamorada  para negar.   Já meio  apaixonada e  sentindo-se  de  pernas para o  ar. Sensações  parecidas  com  as  que  ela  experimentava  agora.  Choque,  confusão, trepidação...  Ele  era  uma  força  a  ser  reconhecida,  muito  semelhante  a  um  desastre natural.   Poncho era um  tomado,  um  terremoto,  virando  sua vida  de  ponta-cabeça. Durante  a  hora  seguinte,  ele  contatou  todos  que  precisava  contatar  em Pittsburgh,  avisando  que  ficaria  em  Summerville  por  tempo  indeterminado,  e delegando  o  comando  da  Corporação  herrera  para  pessoas  de  sua  confiança,  até  segunda ordem. Pelo  que  Anahi sabia, contudo,  ele não  explicou por  que  ficaria  um  tempo  longe.   Ela  o  ouvira  ao  telefone  com  o  irmão,  mas  poncho  dissera  que  o  negócio  no  qual estava  pensando  em  investir  parecia  promissor,  e  que  ele  precisava  ficar  mais  tempo para estudar  as premissas e  finanças do  estabelecimento. Guardar  o  verdadeiro  motivo  para  si mesmo  era  provavelmente  uma  atitude  sábia, admitiu  ela  com  relutância.  Sem  dúvida,  se  Ruth Herrera soubesse  que  seu  filho amado  tinha  um  filho  com  a  terrível  ex-esposa,  ela  teria  um  ataque  de  proporções épicas  e  começaria  á  bolar  planos  para  envolver  Poncho  e  Alan  no  círculo  de  sua influência.
Mas  não  Anahi .  Ruth bolaria  planos  para  impedir  que  Anahi  reentrasse  na vida do  filho. Anahi  imaginava  que,  enquanto  Poncho tivera  certeza  que  era  pai  de  Alan,  a mãe  dele  insistiria  num  exame  de  DNA  o  mais  brevemente  possível.  Rezaria  por  um resultado  que  provasse  que  Alan era  filho  de  outro  homem,  é  claro,  deixando  poncho livre. Livre  de  Anahi,  e  livre  para  se  casar  com  outra  mulher.  Uma  mulher  que Ruth  não  apenas  aprovasse,  mas  que  provavelmente escolhesse. Todavia,  ela  não  disse  nada  daquilo  para  poncho.  Ele  não  sabia  como  Ruth  tinha sido  horrível  com  Anahi  quando  eles  estavam  casados,  e  não  havia  motivo  para  saber agora.
-  Pronto  —  murmurou  ele,  entrando  na  cozinha  pela  porta  vaivém,  onde  ela  e  tia Helen  estavam  ocupadas.  Guardou  o  celular  no  bolso,  então  removeu  o  paletó. 
-  Isso deve  me  garantir  algumas  semanas  de  liberdade,  antes  que  o  lugar  comece  a desmoronar, e  eles  enviem  um  batalhão  de  busca atrás de  mim. Tia  Helen  estava  com  farinha  até  os  cotovelos,  mas  seus  sentimentos  sobre  a estadia  de poncho  na  cidadezinha  estavam  claros  nos  olhos  estreitos  e  na  força  que  ela usava para misturar  a  bola  de  massa à  sua frente. Ela  não  gostava  nem  um  pouco  daquilo,  mas,  como  Anahi  lhe  dissera  enquanto Poncho  dava  telefonemas,  elas  não  possuíam  escolha.  Ou  poncho ficava  lá  até  conseguir  o que queria,  ou ele  arrastaria Anahi e Alan de  volta  para Pittsburgh. Ela  considerara  uma  terceira  opção...  Enviá-lo  sozinho  de  volta  para  Pittsburgh... Mas  sabia  que  isso  somente  causaria  problemas  e  hostilidade.  Se  recusasse  que  poncho passasse  tempo  com  o  filho,  numa  cidade  ou  em  outra,  seu  ex-marido  usaria  os  milhões e  a influência da família para garantir  acesso  ao  filho. E  o  que  isso  significava?  Uma terrível batalha por  custódia. Anahi era  uma  boa  mãe,  então,  sabia  que  poncho  não  poderia  lhe  tirar  Alan baseando-se  nisso.  Mas  o  dinheiro  e  influência  dos  Herrera  seriam  levados  em  conta,  e Ruth era  capaz  de  subornar,  chantagear  ou  inventar  uma  série  de  histórias  para pintar  Anahi da forma mais  negativa possível. Não,  se  houvesse  um  jeito  de  evitar  uma  briga  na  justiça,  ou  qualquer animosidade  com  poncho,  então  Anahi tentaria.   Mesmo  se  isso  significasse  deixar  seu  ex-marido  entrar  em  sua  vida  novamente  - em  seus  negócios,  e  possivelmente  em  sua  casa 
-  por  um  período  indeterminado  de tempo. Acabando  de  preencher  uma  bandeja  com  brownies  de  tartaruga,  Anahi limpou as mãos  num pano  de  prato.
-  E  quanto  às  suas  coisas?  -  perguntou  ela.  -  Você  não  precisa  ir  para  casa  e coletar  seus  itens  pessoais?

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