capítulo 08

648 47 0
                                    

Anahi deu de  ombros.
-  Eu  precisava  fazer  alguma  coisa.  Nada  me  restava  em  Pittsburgh,  e  eu  logo teria um  filho  para sustentar.
-  Você  poderia ter  me  procurado  -  disse  ele,  mal  conseguindo  esconder  a  raiva e  o desapontamento  da  voz. 
-  Eu  teria  cuidado  de  você  e  do  meu  filho...  E  você  sabe  disso, Anahi. Ela o  fitou por  um  momento,  a expressão  inescrutável. -  Eu  não  queria  que  você  cuidasse  de  nós.  Não  por  pena  ou  responsabilidade. Estávamos  divorciados.  Já  tínhamos  dito  tudo  que  tínhamos  a  dizer  e  seguido caminhos  separados.  Eu  não  ia  nos  colocar  de  volta  numa  posição  que  não  queríamos estar,  apenas  porque  engravidei  na hora errada.
-  Então  você  veio  para  cá. Ela assentiu. -  Tia  Helen  estava  morando  aqui  havia  poucos  anos.  Mudou-se  para  cá  com  a  irmã quando  tia  Clara  ficou  doente.  Depois  que  ela  morreu, tia Helen  falou  que  a  casa  era  muito grande  para  uma  única  pessoa  e  que  gostaria  de  companhia.  Infelizmente,  ela  nunca encontrou  um  problema  que  não  pudesse  ser  resolvido...  Ou  pelo  menos  amenizado... Com  comida,  então  Helen  cozinhava  e  eu  comia.  Até  que  um  dia,  tive  a  brilhante  idéia de  abrirmos  uma  padaria  juntas.  As  receitas  de  minha  tia  são  incríveis,  e  eu  também sempre fui habilidosa  na cozinha.
-  Bom  para você  -  observou poncho. E  falava  com  sinceridade.  Doía  perceber  que  ele  nunca  soubera  dos  talentos  de sua esposa, ou que  ela  preferira ir  morar  com  a tia  numa  comunidade  rural  a procurá-lo quando  descobrira que  estava grávida. Mesmo  se  reconciliação  não  tivesse  sido  possível,  ele  a  teria  estabelecido  numa casa  ou  apartamento,  algum  lugar  onde  pudesse  visitar  e  passar  o  máximo  de  tempo possível com  seu filho. Ele  poderia  ter  lhe  dado  uma  vida  muito  mais  confortável  do  que qualquer  padaria -  por  mais  bem-sucedida que  fosse  -  lhe  ofereceria numa área  rural. Mas,  então,  Anahi sabia  disso,  não  sabia?  Tinha  total  consciência  da  situação financeira  dele.  Enquanto  eles  estavam  casados,  se  ela  tivesse  lhe  pedido  uma  ilha particular  no  paraíso,  ele  poderia  ter  comprado  com  a  facilidade  com  que  a  maioria  das pessoas comprava um  pacote de  balas. Motivo  pelo  qual  ela  provavelmente  escolhera  mudar-se  e  conseguir  se  sustentar sozinha.  O  dinheiro  dele  nunca  a  impressionara.  Oh,  Anahi apreciara  as  duas semanas  de  lua  de  mel  nas  ilhas  gregas,  mas  nunca  quisera  jóias  inestimáveis  ou  um avião  particular,  nem  mesmo  um  cartão  de  crédito  sem  limite para compras. Quando  eles  haviam  se  casado,  ela  não  quisera  se  mudar  para  sua  casa  de  família, embora  o  irmão  de  Poncho  e  a  família  residissem  lá,  e  a  propriedade  fosse  grande  o bastante  para  acomodar  doze  famílias  com  conforto.  Possivelmente  sem  que  as famílias entrassem  em  contato  umas com  as  outras por  longos  períodos  de  cada vez. A  Mansão herrera  era  do  tamanho  de  seis  campos  de  futebol  com  alas  separadas, assim  como  com  três  chalés  isolados  nos  arredores  de  seus  duzentos  acres.  Mas Anahi  quisera  encontrar  um  apartamento  só  para  eles  na  cidade,  dizendo  que  talvez pudessem  se  mudar  para uma casa quando  as  crianças chegassem. Poncho  imaginou  agora  se  não  deveria  ter  aceitado  aquela  idéia.  Na  época,  ficar  na mansão  tinha  sido  fácil,  conveniente.  Acreditara  que  esse  seria  o  jeito  mais  rápido  de fazer  Anahi se  unir com  sua família  e  começar  a se  sentir  uma  verdadeira herrera. Agora,  todavia...  Começava  a  pensar  que  tomara  muitas  decisões  erradas enquanto  eles  estavam  juntos. Depois  de  bater  nas  costas  do  bebê  por  uns  cinco  minutos  -  para  fazê-lo  arrotar, poncho  supunha  -  Anahi  andou  até  o  berço  e  começou  a  inclinar-se,  presumivelmente para acomodar  Alan para o  resto  de  sua soneca.
-  Espere  -  disse  poncho,  estendendo  uma  das  mãos  e  dando  um  passo  à  frente. 
- Posso  segurá-lo? Ela olhou para a  criança adormecida em  seus  braços,  a fisionomia  indecisa.-  Se  isso  não  for  acordá-lo  -  acrescentou  ele. Levantando  a cabeça,  Anahi encontrou-lhe  o  olhar. Não  era  medo  de  acordar  o  bebê  que  lhe  causava  hesitação,  Alfonso percebeu  - era  medo  de  tê-lo  perto  do  filho  deles,  de  compartilhar  uma  criança  que  tinha  sido  só sua  até  agora.  Sem  mencionar  um  segredo  que  ela  não  tivera  intenção  de  compartilhar, mas  que  fora inesperadamente revelado,  de  qualquer  forma. Finalmente,  com  um  suspiro,  Anahi pareceu tomar  uma decisão.
-  É  claro  -  respondeu  ela,  as  palavras  soando  muito  mais  cordatas  do  que  ela  se sentia,  ele  tinha  certeza.  Cuidadosamente,  transferiu  o  bebê  de  seus  braços  para  os de  poncho. A  última criança que poncho  segurara  daquele  tamanho  devia  ter  sido  sua  sobrinha, que  agora  estava  com  três  anos.  Porém,  por  mais  adoráveis  que  os  filhos  de  seu  irmão fossem,  por  mais  que  ele  os  amasse  nada  se  comparava  à  sensação  de  aninhar  seu próprio  filho  contra o  peito. Ele  era  tão  pequenino,  tão  lindo,  e  dormia  tão  pacificamente.  Poncho  estudou  cada feição  minúscula,  desde  os poucos cabelinhos levemente dourados  até  a  pele  sedosa  e  os  pequenos dedos  que  se  abriam  e  fechavam sobre o  queixinho. Tentou  imaginar  a  aparência  de  Alan  no  dia  de  seu  nascimento...  Seu  primeiro dia em  casa chegando  do  hospital...  Como  Anahi tinha ficado  com  uma grande  barriga e  iluminada pela  gravidez. Tentou e  fracassou,  porque não estivera lá.   Uma  onda  de  irritação  o  fez  unir  as  sobrancelhas,  e  ele  soube  que  não  poderia  ir embora  de  Summerville  sem  seu  filho,  sem  passar  mais  tempo  com  ele  e  ouvir  cada detalhe  dos  meses  que  perdera  da vida de  seu bebê. Voltando  sua atenção para Anahi, murmurou:
-  Parece  que  temos  um  problema  aqui.  Eu  fui  deixado  de  fora,  e  agora  preciso recuperar  o  que  perdi. Então,  eu lhe  darei duas escolhas.

bebê secreto (adptada) ayaOnde histórias criam vida. Descubra agora