capítulo 24

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Descruzando  os  braços,  Anahi cobriu  o  rosto  com  as  mãos  por  um  minuto, tentando  controlar  seus  nervos.  Quando  as  abaixou,  seu tom  de  voz  era mais  calmo.
-  Não  me  entenda  errado,  gostei  disso  por  um  tempo.  Apreciei  o  estilo  de  vida que  você  me  deu  quando  éramos  casados.  As  festas,  as  roupas,  nunca  tendo  de  me preocupar  em  pagar  contas. Oh,  sim,  depois  de  uma  vida  de  trabalho  árduo  para  sobreviver,  casar-se  com  um homem  rico  tinha sido  um  alívio  bem-vindo. Mas  você  não  tem  idéia  de  como  era  ser  sua  esposa  e  viver  sob  aquele  teto  sem ser uma verdadeira herrera. Os  olhos  verdes  de Poncho  se  estreitaram  numa  expressão genuinamente confusa.
-  Do  que  está  falando?  É  claro  que  você  era  uma  verdadeira  herrera. Era  minha esposa.
-  Não  era  assim  que  eu  me  sentia  -  admitiu  Anahi,  lembrando-se  de  todas  as vezes  que  a  mãe  dele  fizera  questão  de  apontar  que  ela  era  uma  herrera  somente  pelo casamento,  fazendo-a  se  sentir  sem  o  direito  de  atravessar  a  soleira  da  Mansão herrera sem  um  espanador  de  pó  nas  mãos.
-  Sinto  muito.  -  Poncho estendeu  os  braços  como  se  fosse  tocá-la,  então  pareceu pensar  melhor,  e  abaixou  as  mãos. Eu  nunca  pretendi  fazer  você  se  sentir  uma intrusa. Culpa  a  assolou  diante  da  expressão  magoada  no  rosto  dele.  Anahi abriu  a  boca para  dizer  que  ele  não  fora  tão  ofensivo  quanto  à  mãe,  mas  uma  batida  no  vidro assustou ambos. O  mesmo  trabalhador  de  antes,  aparentemente  o  homem  no  comando  do  resto  da equipe,  fez  uma  careta  impaciente  e  bateu  em  seu  relógio.  Tempo,  como  diziam,  era dinheiro,  e  ele  obviamente  não  estava  contente  parado  na  calçada.  É  claro  que  Anahi sabia  que  Alfonso os  estava  pagando  bem,  e  provavelmente  por  hora,  eles  estivessem trabalhando  ou não. Poncho ergueu  uma  mão,  sinalizando  para  que  ele  esperasse  mais  um  segundo,  antes de  voltar-se  para ela.
-  Precisarei  dessa  chave  antes  que  esses  homens  decidam  usar  uma  marreta  para entrar aqui. Anahi  umedeceu  os  lábios,  relutante  em  ceder.  Ela  e  poncho  tinham  chegado perto  de  uma  conversa  adulta,  honesta.  Anahi quase  reunira  coragem  para  lhe contar  a  verdade  sobre  o  motivo  pelo  qual  o  deixara  em  primeiro  lugar.  Tentara  tantas vezes  no  passado  informá-lo  de  como  era  tratada,  o  quanto  se  sentia  excomungada dentro  de  onde  supostamente  era  sua  casa,  mas  nunca  tivera  coragem  o  bastante  para falar. Uma  parte  sua  acreditara  que,  se  Poncho a  amasse  o  bastante,  se  a  entendesse como  um  marido  deveria  entender  a  esposa,  então  saberia  o  que  ela  estava  tentando dizer  todas  as  vezes  que  Anahi dava  indiretas  sobre  sua  infelicidade  crescente. Agora, percebia  que  não podia esperar que  as pessoas lessem  mentes. Se  ao  menos  ela  tivesse  lhe  contado  o  que  estava  acontecendo  na  época,  talvez  a situação fosse  diferente hoje. Mas  a  chance  de  esclarecer  o  passado  nessa  manhã  havia  desaparecido  com  a interrupção fora de  hora  do  marceneiro. Engolindo  em  seco,  Anahi inclinou a cabeça.
-  Vou buscar  a chave  -  disse  ela,  virando-se  e  voltando  para a  padaria. -  Eu  juro  essa barulheira é  o  bastante para me  fazer  pular  para  dentro  do  forno. Anahi ergueu  a  cabeça  dos  círculos  perfeitos  de  massa,  que  estava  atualmente cobrindo  com  recheio  de  passas,  para  ver  tia  Helen  colocar  uma  assadeira  de  baklava num  dos  fornos  industriais,  e  fechar  a  porta  com  um  estrondo  que  apenas  pontuava  os sons  altos  de  estacas  vindos  do  outro  lado  das paredes  da padaria. Não  era  fácil  agüentar  o  barulho  dos  trabalhadores.  Anah pedira  dezenas  de desculpas  para  os  clientes,  além  de  criar  placas  que  diziam :  Por  favor,  perdoem  nossa poeira e  desculpem  pelo barulho  excessivo. Felizmente,  a  poeira  não  entrava  na  parte  da  frente  da  padaria,  mas  ter  a  equipe de  homens  na  porta  ao  lado  não  facilitava  para  que  os  clientes  apreciassem  uma  xícara de  chá e  pães  doces  com  tranqüilidade.
-  Eles  terminarão  logo  -  ela  falou  para  sua  tia,  repetindo  a  frase  que  o  chefe  dos marceneiros  lhe  falara  na  última  semana.  Anahi tinha  familiaridade  suficiente  com esse  tipo  de  coisa  para  saber  que  "logo" era  um  termo  muito  relativo,  mas considerando  o  fato  que  eles  estavam  realmente  fazendo  incrível  progresso,  talvez  o trabalho  acabasse  em  uma ou duas  semanas.
-  E  você  precisa admitir  que,  tem  sido  gentileza de  Alfonso  fazer  tudo  isso  por  nós. Tia Helen bufou. -  Não  se  engane  querida.  Ele  não  está  fazendo  isso  para  ser  gentil,  mas  por  si mesmo,  e  para mantê-la na palma da mão,  você  sabe  disso. Anahi não  respondeu,  principalmente  porque  sua  tia  estava  certa.  Sem  dúvida, Poncho não  estaria na cidade  até agora se  não  houvesse  algo  ali para ele. Poncho queria  estar  perto  de  Alan,  e  passava  quase  todas  as  noites  na  casa  de Helen  com  eles.  Eles  jantavam  juntos.  Ele  ajudava  a  alimentar  Alan,  dava-lhe  banhos e  o  colocava  para  dormir.  Tinha  aprendido  a  trocar  fralda,  e,  incrivelmente,  fazia  isso agora  com  a  mesma  freqüência  que Anahi.  Eles  brincavam  em  cobertores  no  chão, faziam  caminhadas,  iam  ao  parque,  mesmo  que  Alan fosse  muito  pequeno  para apreciar  tais coisas.

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