capítulo 22

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de encontrá-la  às  8h,  e,  francamente,  podia  usar  o  curto  tempo  de  folga  da  presença dele.  Depois  da noite  anterior,  precisava desse  tempo. Desesperadamente. Enquanto  ela  e  tia  Helen  preparavam  a  padaria,  a  fim  de  abrirem  para  o  café  da manhã,  Anahi  não  tentou  tirar  da  cabeça  os  diversos  problemas  que  estava enfrentando  com Poncho.  Pela  milésima  vez,  perguntou-se  como  conseguira  se  envolver naquela incrível confusão. Sua  vida  parecia  ter  se  transformado  numa  novela,  e  a  pior  parte  era  que  ela sabia  que  essas  coisas  nunca  tinham  fim.  Continuavam  para  sempre,  com  os personagens sofrendo  cada vez  mais situações  de  suspense  e  dramas. Bem,  ela  não  precisava de  mais drama. Infelizmente,  aquelas  poucas  horas  de  liberdade  abençoada  passaram  muito depressa.  Logo,  os  madrugadores  de  Summerville  estavam  entrando  para  comprar  um café  e  um  croissant  a  caminho  do  trabalho,  ou  para  se  sentarem  e  apreciarem preguiçosamente  um  pão  doce  com  uma  xícara  de  chá.  Mesmo  antes  das  8h,  os  olhos de  Anahi já estavam  fixos  na  porta  da frente,  esperando  que  Poncho chegasse. Mas  o  relógio  marcou  8h,  e  ele  não  apareceu.  Mais  dez  minutos  se  passaram, então  vinte,  e  às 8h45,  Poncho ainda não  tinha aparecido. Anahi devia  estar  aliviada,  mas  em  vez  disso  começou  a  se  preocupar.  Poncho  não costumava  se  atrasar  para  nada,  especialmente  depois  de  tê-la  avisado  que  a encontraria às  8h,  com  tanta  veemência. Ela  trabalhou  com  um  olho  no  relógio,  tentando  decidir  se  deveria  ligar  para  a Hospedaria do  Porto,  a fim  de  saber  sobre  ele. Por  volta  das  9h30,  tinha  decidido  não  somente  ligar  para  o  hotel,  mas  se  ele  não estivesse  lá,  pretendia  dirigir  até  o  hotel  e  procurar  no  quarto  de  poncho,  e  chamar  a polícia,  se  necessário.  Mas  antes  que  pudesse  tirar  o  avental  e  pedir  que  tia  Helen cobrisse  o  balcão  da  frente,  a  campainha  acima  da  porta  soou,  e  Poncho entrou  um sorriso  charmoso  no  rosto. Por  mais  que  ela  tentasse  não  notar,  ele  estava  magnífico.  No  lugar  do  terno usual,  usava  calça  cáqui  e  uma  camisa  azul-clara.  O  colarinho  estava  aberto,  as  mangas enroladas acima dos  cotovelos.   Ele  andou  através  do  labirinto  de  pequenas  mesas  redondas  como  se  possuísse  o lugar,  o  sorriso  se  tornando  mais  predatório  quanto  mais  ele  se  aproximava  da  vitrine alta  que  os  separava.
-  Bom  dia  -  cumprimentou  ele,  o  tom  de  voz  muito  animado  para  a  paz  mental  de Anahi.
-  Bom  dia  -  retornou  ela  com  menos  entusiasmo. 
-  Pensei  que  você  tivesse  dito que estaria aqui às  8h. Poncho deu de  ombros.
-  Precisei  fazer  algumas tarefas  pela  manhã. Ela  arqueou  uma  sobrancelha,  mas  não  perguntou  que  tarefas,  porque  não  tinha certeza se  queria saber.
-  Você  tem  um  minuto?  -  perguntou ele. Anahi olhou  ao  redor,  julgando  o  número  de  pessoas  às  mesas,  e  os  poucos clientes  diante da vitrine,  tentando  decidir com  que  doce  arruinariam suas  dietas. Assentindo,  ela  foi  em  direção  à  cozinha  e  enfiou  a  cabeça  através  das  portas vaivém.
-  Tia  Helen,  pode  trabalhar  na  caixa  registradora  por  um  momento?  Preciso  falar com poncho. Tia  Helen  terminou  o  que  estava  fazendo  e  saiu,  enxugando  as  mãos  na  frente  do avental,  enquanto  Anahi removia  o  seu  e  pendurava-o  no  pequeno  gancho  na  parede dos  fundos.  Helen  lançou  um  olhar  cauteloso,  quase  depreciativo  para  Alfonso,  mas segurou a língua,  graças a Deus. Anahi não  contara  para  sua  tia  o  que  havia  acontecido  com  Poncho na  noite anterior.   Ela  dera  um  breve  resumo  sobre  o  jantar,  agindo  como  se  a  conversa  deles tivesse  girado  sobre  a  padaria  e  a  possibilidade  de  uma  parceria,  e  tudo  tivesse permanecido  muito  profissional.  Mas  não  mencionara  que  tinha  acompanhado  poncho ao hotel,  e  deixado  a  situação  sair  de  controle,  esquecendo-se  até  mesmo  de  tomar precauções  para controle  de  natalidade. Saber  da  história  toda  iria  apenas  aumentar  a  animosidade  de  tia  Helen  em relação  a Poncho.  Houvera  uma  época,  não  muito  tempo  atrás,  quando Anahi dava  as boas  vindas  ao  jeito  super  protetor  de  sua  tia,  e  apreciava  ter  com  quem  conversar sobre tudo  que  passara antes  e  durante o  divórcio. Mas  as  coisas  haviam  mudado  agora.  Não  necessariamente  para  melhor,  mas  de maneira  que  ela  não  pudera  evitar.  Alfonso sabia  sobre  Alan,  estava  determinado  a  ser parte  da  vida  do  filho,  e  isso  significava  que  seria  parte  de  sua  vida  também.  Anahi precisava  encontrar  um  meio  de  ficar  em  paz  com  seu  ex-marido,  no  mínimo  para impedir  que  os  próximos  18 anos  de  sua vida não  se  transformassem  num inferno. Para  fazer  isso,  e  também  manter  a  paz  com  a  tia,  ela  devia  evitar  falar  mal  de Alfonso.   Provavelmente  nunca  devia  ter  feito  isso,  mas  estivera  tão  ferida,  tão  triste  que precisara  desabafar  com  alguém,  e  chorar no  ombro  de  tia Helen  fora perfeito. Poncho parou  atrás  dela,  tocando-lhe  o  cotovelo  gentilmente.  Assim  que  Helen posicionou-se  atrás  do  balcão,  Anahi  deixou-o  liderar  o  caminho  pela  padaria  e através  da entrada compartilhada que  levava ao  espaço  vazio  na  porta  ao  lado. Ela  pensou  que  eles  fossem  usar  a  área  apenas  para  conversar  em  particular,  e um  nó  de  apreensão se  formou  em  seu  estômago  enquanto  imaginava  que  tipo  de  bomba ele  jogaria  desta  vez.  Mas  em  vez  de  parar  no  centro  do  espaço  vazio,  Poncho  continuou andando,  puxando-a  consigo  para  frente  do  prédio  e  para  a  porta  de  vidro  que  se  abria para a  calçada.
-  Você  tem  uma  chave  para  esta?  -  perguntou  ele,  apontando  para  a  porta trancada.

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