Gastou-se pouco mais de uma hora até que o coche, seguido pela charrete, alcançasse os portões da mansão. Jeremy saltou do assento e desenrolou as correntes enferrujadas, abrindo os portões de canto a canto. Os veículos atravessaram a entrada e seguiram por cima da grama alta, talvez mais crescida do que Jeremy vira antes, e pararam bem em frente à porta principal. Todos os passageiros desceram da carruagem, esticando-se em seguida após mais de uma hora sem movimentar as pernas. Todos os olhares fixaram-se à gigantesca casa, os pilares colossais tornando-os pequenos se postos lado a lado. Talvez pela ação das chuvas, as vidraças exibiam-se mais reluzentes, a grama parecia mais verde e até a fonte comportava razoável quantia de água esverdeada.
— E então - Jeremy falou a Albertine. – o que diz sobre nossa nova casa?
Albertine pareceu surpresa ao ouvir aquela pergunta; "nossa casa" repetiu-se automaticamente nos ouvidos dela como o eco dos sinos de uma igreja.
— É-é muito mais do que eu esperava, q-quero dizer... é magnífica! – ela respondeu enquanto seus olhos vagueavam acima e abaixo, vislumbrando cada vidraça, cada detalhe nos beirais. – Tem até uma capela!
— Sim, mas não parei para verificá-la quando vim aqui pela primeira vez.
— E esta fonte, veja, que maravilha! – exclamou a moça esticando-se para ver o que havia na parte mais alta, o que notou serem apenas muitas lesmas gosmentas largadas umas sobre as outras. – Bem, só precisa de uma limpeza.
Os dois riram enquanto caminharam na direção da lateral esquerda da mansão. Jeremy já havia dito que não possuía nenhuma chave de qualquer porta que fosse, mas que a entrada dos fundos estava aberta. Tinha esperança de encontrar as chaves perdidas em algum lugar, ou teria de pagar um profissional para substituir todas as trancas. Isto era algo que ele definitivamente não gostaria de fazer: sentia que quanto menos soubessem da localização da mansão, melhor.
Seguiram pelo largo que se estendia ao lado da casa, exclamando e apontando, ainda incrédulos do tamanho da construção. Chegando aos fundos, logo seguiram até a porta; ela estava apenas recostada, da mesma maneira que Jeremy a tinha deixado. Os outros não perceberam, mas ele expeliu um suspiro de alívio. Adentraram pela cozinha, seguiram pela sala de jantar, sempre exprimindo palavras de ânimo a cada cômodo que passavam. Já na sala, Jeremy apontou para cima e mostrou que lá estendia-se talvez a parte mais interessante da casa, que eram, juntas, a biblioteca, a galeria, o salão de jogos e alguns quartos. Já a parte de baixo ainda teria de ser explorada, por isso cada um seguiu para um lado na intenção de conhecer cada metro da mansão. Jeremy encontrou um salão de festas, Rosa e as criadas encontraram uma magnífica adega repleta de barris e garrafas, os dois criados chegaram até um alçapão, num recanto da cozinha, que levava a um porão que se estendia por quase toda a extensão da parte de cima, e Albertine, para sua extrema felicidade, descobriu uma sala de música muito ampla, com um piano em um dos cantos e alguns instrumentos de banda marcial guardados em um grande armário de portas de vidro. Após reunirem-se novamente na sala, partiram para o andar de cima enquanto os dois empregados descarregavam a charrete e as poucas malas que sobraram no interior do coche.
Já no primeiro andar, vasculharam cada canto e descobriram os quartos, a entrada para o sótão, e visitaram a biblioteca e a galeria, os dois recintos já conhecidos por Jeremy. As quatro mulheres não entenderam, porém não questionaram quando Jeremy recusou-se a entrar na galeria dos Ridell, subindo ao sótão ao invés disso. Lá ele encontrou apenas muitas caixas, urnas e objetos largados em pilhas. O sótão estava completamente tomado pela poeira e por gigantescas teias de aranha que se estendiam de um canto a outro do telhado, e era silencioso como um túmulo de um cemitério abandonado. A luz do sol entrava de maneira discreta por uma pequena janela na parede frontal, tornando possível andar-se sem tropeçar em toda aquela aglomeração de itens espalhados pelo chão. Ao aproximar-se desta janela, Jeremy percebeu que dava vista à área frontal de maneira completa, de ponta a ponta do grandioso muro coberto de hera; a capela, a fonte e os portões exibiam-se à vista. À frente do muro, a floresta impossibilitava avistar-se qualquer outra coisa além das copas das árvores, como um mar tingido de verde que seguia até onde a vista podia alcançar.
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Albertine | Por onde seguir quando o amor e a morte cruzam o mesmo caminho?
TerrorAlbertine e Jeremy cresceram juntos, e com eles cresceu também o amor. Após tragédias familiares, separações e infortúnios do destino, os dois jovens realizam o tão sonhado casamento. Uma cerimônia simples, proferida naquela que seria sua nova morad...