Sétimo Capítulo
Como consegue fazer isso?
Sirius passou os dedos ao longo do rosto de Harry, o garoto o olhou, os olhos cinzas encararam os olhos do garoto, ele sorriu, fazendo o rosto de Harry ficar vermelho, ficando constrangido tanto pela proximidade, quanto pelo sorriso.
Por dentro, tudo que Harry queria era que Sirius se afastasse. Ele confiava em Sirius, mas o turbilhão de sentimentos ruins que aquelas carícias estavam trazendo, o deixava mal.
- Sirius...
Sirius se afastou ao ouvir as batidas na porta. Ele se levantou e Harry se cobriu, olhando para a direção onde o Black foi.
- Precisamos ir. - Harry se sentou ao ouvir a voz do lobisomem.
- Remus? – Falou baixo, ele sorriu ao ver o ex-professor.
- Olá Harry, como você está? – Perguntou se aproximando.
- Eu vou no banheiro. – Sirius disse e entrou pela porta no canto do quarto.
- Indo, e como estão as coisas na ordem? – O Lupin sorriu.
- Tudo bem por enquanto, mas as coisas estão um pouco difíceis, agora que não temos mais um espião.
- Nunca parei para pensar no quanto Severus era importante para ganhar a guerra. – Harry sussurrou e tirou a coberta, ele colocou as pernas para fora, Remus estreitou os olhos sentindo o cheiro forte que veio dele.
- Por que está você está coberto com o cheiro do...
- Vamos Remus. – Ele parou de falar quando Sirius saiu do banheiro, enquanto arrumava as roupas. Ele parou ao ver os dois olhando para ele. – Atrapalhei algo?
- Não. – Remus falou e Harry olhou para o Lupin que sorriu para ele. – Nós vemos nas férias Harry.
- Até lá, Remus.
...
Dia seguinte
Severus entrou no salão principal e suas pernas travaram, Sirius já estava na mesa dos professores, ele estava sentado em ao lado do lugar que ele sempre ocupava. Em passos pesados ele seguiu até a mesa, todos sentiram a tensão assim que ele ficou perto o suficiente, Dumbledore olhou para Sirius, que parecia extremamente feliz e tomava seu café da manhã, enquanto conversava com Minerva, a felicidade dele pareceu aumentar ao ver Severus.
- Bom dia Severus. - Falou e Snape resmungou algo, tentando não abrir a boca e amaldiçoar o Black. Então era ele, pensou e apertou o garfo que estava em sua mão. Severus se sentiu enjoado. - Animado para as aulas de hoje?
- Não tanto quanto você, pelo visto. - Falou com desdém, Sirius tossiu, tentando ignorar o desdém e ficar feliz por ele ter respondido.
- Ah... Dumbledore falou então? Eu vou assistir suas aulas de hoje. - Sirius deu um sorriso e Severus apertou mais o garfo, a raiva aumentando, ele fechou os olhos, tentando se controlar, sem perceber que as coisas começavam a subir, todos olhavam surpresos para ele. - Sev...
- Como consegue? - Perguntou baixo, sem acreditar naquilo, Sirius o olhou confuso. - Me diz Black, como consegue fazer isso?
- Isso o que? Do que está falando, Severus? - Perguntou confuso, também baixo.
- Eles podem se parecer, mas não são a mesma pessoa... como consegue fazer isso? - Sirius se assustou quando o olhar de nojo de Severus caiu sobre ele. Antes do professor se levantar, derrubando a cadeira e sair de lá. As coisas voltaram a mesa assim que ele saiu do salão.
Severus pegou o caminho para os dormitórios da grifinoria, precisava perguntar a ele primeiro, precisava que Harry confessasse que era Sirius, para que ele pudesse matar o Black com as próprias mãos, mas se não fosse, ele poderia se sentir livre daquele sentimento angustiante. Mas se fosse, como Sirius tinha coragem de tocar no próprio afilhado? Harry não era como um filho para ele?
Talvez estivesse se precipitado. Pensou parando de uma vez, era normal achar o cabelo de Sirius lá, ele visitava o garoto e era o padrinho dele, não havia nada de mais nisso. Talvez estivesse exagerando, talvez Harry não estivesse sendo forçado a nada e apenas estava mal por causa dos pesadelos.
Sirius não é assim, uma voz gritou lá no fundo, ele riu.
Ele é um Black afinal de contas, nenhum deles é normal.
Severus tentou controlar a raiva, havia jurado proteger o garoto e agora... agora estava ali, não fazia ideia do que fazer e não conseguia se aproximar do mais novo. Ela ficaria decepcionado consigo se soubesse que não conseguia proteger Harry, pensou frustrado.
Ele voltou a andar em passos hesitantes.
Deveria ir até ele e perguntar, tentar novamente, sentar e conversar, nem que de forma sutil, tirar dele o que estava acontecendo. Harry estava agindo como se estivesse sendo obrigado a fazer aquelas coisas, o olhar dele, as marcas, Severus parou na escada, apertando o corrimão com força, sem conseguir conter sua raiva e nojo. Todos aqueles sinais de óbvios abusos, os mesmos sinais que ele apresentou quando era jovem, e ninguém prestou atenção.
Severus parou na entrada, quando pensou em pronunciar a senha, a passagem se abriu e por ela passou o garoto, ele parecia pior do que no dia anterior aquele, seus olhos se encontraram e Harry baixou a cabeça, ele deu alguns passos, se aproximando e Severus segurou a vontade de o abraçar e dizer que ficaria tudo bem. Mesmo ele não tendo tanta certeza sobre aquilo.
- Precisamos conversar, Harry. - O garoto assentiu, ele começou a andar e Severus o seguiu, logo estavam subindo para a torre de astronomia. Harry se encostou nas barras e ficou olhando lá de cima, Severus estava mais atrás, apenas esperando ele dar o primeiro passo.
Severus começou a observar ele, os cabelos estavam mais cumpridos e o lembrou do quarto ano, pareciam mais domados, seus olhos subiram para as duas belas orbes verdes, que estavam apagados. Estavam tristes e apareciam sem vida, ele se sentiu mal, naquele segundo, ele teve certeza que preferiria o ódio e a raiva que via nos olhos ele quando o olhava, do que aqueles olhos tão sem vida.
- Eu preciso de mais poção de...
- Quem fez isso? - Severus perguntou, interrompendo-o.
- Professor...
- Harry, quem tocou em você? O que está acontecendo? Me deixe te ajudar, por favor. Não importa quem for, eu prometo que vou te proteger. - Falou e Harry se encolheu, a vontade de falar, mas algo parecia que impedia que saísse, ele apertou mais a barra, ele havia percebido que não podia falar nada, quando tentou conversar com Sirius e só conseguiu chorar.
- Está tudo bem, professor. - Falou e se virou, Harry estava mais sério que o normal. - São os pesadelos que estão me deixando mal, não tem nada a ver com as marcas. - Falou e por dentro Harry gritava, sem entender por que não conseguia dizer a verdade.
- O que Sirius tanto faz em seus aposentos? - Perguntou Severus ficando irritado e Harry arregalou os olhos.
- Você acha que... Sirius... - Harry olhava sem acreditar para o professor. - Isso é sobre a rixa de vocês? Tá fazendo isso por que acha que Sirius me tocou? Qual seu problema?
- Harry...
- Ele é meu padrinho. - Falou como se a ideia fosse algo inconcebível. - Ele jamais faria isso.
- Ele é um Black. - Falou e Harry se sentiu mais irritado.
Harry saiu de lá, deixando-o sozinho, Severus encostou na parede e se xingou mentalmente, ele não podia abordar o garoto daquele jeito, deixou sua raiva pelo Black subir à cabeça. Ele se sentia mais leve, por saber que realmente não era o padrinho dele, Sirius realmente não sabia de nada. Ele teria então que contar ao Black.
Severus se ausentou das duas primeiras aulas. Ele se encaminhou para a onde o Black ficava quando estava ali em Hogwarts. Precisava ter uma conversa séria com ele.
....
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Malditas Mãos
RomanceCoisas estranhas começam a acontecer em seu sétimo ano em Hogwarts. Várias coisas boas acontecem com seus dezessete anos, como a maioridade magica, as heranças magicas, e um quarto só para você em Hogwarts. Talvez o ultimo não tenha sido tão bom...