Sentimento

36 4 0
                                    

POV GUSTAVO

Sinceramente, em 16 anos de vida (quase 17) nunca imaginei estar sendo perseguido pelo primo de uma garota que mora no Ceará e ainda por cima preso dentro de um banheiro junto com o Cauã Bastos. E além, eu vi o Danilo amassar um copo na própria mão como se fosse um pedaço de papel, o que ele pode fazer com meu corpinho frágil? Não quero pagar pra ver.

Nesse momento, Cauã procura completamente preocupado pelo banheiro algum jeito, alguma maneira de nos salvar.

Gustavo: Cauã, isso aqui é um banheiro de hotel, caralho! Não tem nada que vá nos ajudar aqui, não.

Cauã: Se talvez você não tivesse provocado a porra do Danilo, não estaríamos nessa situação.

Gustavo: Eu duvido! No momento que a gente desse as costas, ele ia amassar a gente igual fez com aquele copo.

As batidas de Danilo na porta estavam longe de parar, ele batia e gritava, ate que... parou? Ah, não! Agora ele está chutando, estamos cada vez mais no fundo do poço.

Danilo: Gente, vamo conversar. Af, me contem mais sobre a madrugada, eu não gosto quando vocês omitem as coisas de mim.

Cauã: Vai se fuder, Danilo. Vai se fuder, Gustavo! Seus dois macacos. Eu não devia estar passando por isso, não eu... Porra, eu tranquei a porra do MBL pra ficar sendo perseguido pelo Danilo e estar preso num lugar fechado junto com essa amapaense desgraçado.

Gustavo: Cauã, cala a boca na moral, tu é a ultima pessoa com quem alguém iria ficar preso no banheiro, seu merda. E outra, por que você escolheu justo a mim pra foder com você na sua fanfic???? Por que não escolheu a Camille????

Cauã: Do nada????? Maluco, o passado ta revirando a tua cabeça né, moleque??? Não, sério, por que tu ta emotivo desse jeito hoje, hein??? Isso não vai ajudar ninguém, porra! Se recompõe!

Cada palavra que o Cauã dizia ecoava na minha cabeça, eu fiquei estático. Todos os gritos e as batidas do Danilo eram quase inaudíveis em relação ao que meu companheiro de banheiro dizia. Chegou em um ponto em que eu surtei e comecei a balançar como uma cadeira de balanço. Nada podia me acalmar, tudo que eu passei pra chegar até aqui vai morrer aqui, vou ser morto por uma pessoa que eu confiei durante anos de forma fria, nada mudaria esse fato pra mim.

Até que... o Cauã veio pra perto de mim e... me abraçou. Eu gelei por uns instantes, mas logo depois eu retribuo. Aquele simples ato de amizade me acalmou de uma maneira que eu relaxo meus músculos e começo a respirar mais calmamente. Eu conseguia ver o brilho nos olhos do Cauã e ele conseguia ver as marcas de lagrimas que escorreram pelo meu rosto.

Cauã: Me desculpa, me desculpa por tudo que eu fiz, tudo que eu falei. Agora eu senti, eu senti que dessa vez... dessa vez chegou em mim. Aquela descarga de pensamentos, descarga de sentimentos. Se nós vamos de fato morrer nesse momento, que nós possamos morrer sem desavenças, você me fez feliz por um momento muito difícil pra mim. Quando a Camille não estava lá, você ficou comigo, mesmo que virtualmente.

Gustavo: Sabe, Cauã, não precisa responder à minha pergunta de antes, do mesmo modo que eu não preciso responder ela pra você também. Sabe, a minha vida anda chata, sem cor, eu não vejo nada além de um fardo pesado que eu vou ter que carregar até o dia da minha morte. Antes, a única coisa que eu pensava era em encurtar o tempo de carregar esse fardo, eu não queria mais nada além da morte. Tudo isso mudou hoje, agora. Eu não me importo em ser morto pelo Danilo. Acho que a única coisa que eu não queria mesmo era morrer triste, por isso eu não tinha culhão suficiente pra tentar fazer algo comigo.

Nós dois desabafamos em meio à iminência de um ataque do Danilo que ainda estava batendo violentamente contra a porta. Eu não me importava mais... se eu quisesse, eu levantaria e destrancaria a porta nesse exato momento pra que ele pudesse entrar de uma vez, mas eu não queria, eu quero estar aqui, com um verdadeiro amigo, nada mais importa.

Mas, do nada, o Danilo para de bater na porta. Ele começa a respirar de maneira descontrolada, ele estava perto de chorar. Nós não esperávamos, mas ele começou a falar:

Danilo: Gente. Eu não sei o que ta acontecendo comigo, eu... eu... não sinto mais que eu sou o Danilo ou que eu já fui o Danilo Maia alguma vez. Sinto que eu sou uma casca vazia, sem alma, sem espirito. E-e-eu sinto que todas as minhas memorias, todos os momentos felizes da minha vida junto de vocês estão passando diante dos meus olhos, como se eu estivesse morrendo..., mas eu não estou morrendo, eu já estou morto. *voz do Danilo fica tremida, quase como choro* Gente, eu quero que vocês saibam que eu sempre admirei vocês, todo esse tempo de amizade que a gente passou junto me ensinou muita coisa... Eu lembro... Eu lembro de tudo, gente... Lembro de sentir os ossos do pescoço da Jully se quebrando na minha mão; lembro de sentir o rosto do Saullo e do Júlio indo contra a minha mão. Eu lembro de tudo de horrível que eu fiz pra vocês. E sabe o que mais me impressiona sobre tudo isso? É que mesmo depois de eu ter feito tudo isso, vocês ainda tentaram me salvar. Eu lembro de cada segundo, cada sensação... E agora, eu quero retribuir esse amor que vocês me deram, quero esse seja meu pedido de agradecimento depois de tudo isso. Eu quero que vocês sejam felizes pois... pois vocês me fizeram feliz. Essa é a minha carta de despedida. Obrigado! Obrigado, Camille! Obrigado, Cauã! Obrigado, Gustavo! Obrigado, Saullo! Obrigado, Júlio! Esse será meu ato de amor verdadeiro.

Aquilo nos fez ficar estáticos por um tempo. Mas nós logo percebemos que aquilo se tratava de uma carta de suicídio. Nesse momento, nós nos levantamos subitamente do chão no qual estávamos abraçados e destrancamos a porta que estava sendo suportada somente pelo pino de tranca, o que fez ela cair no momento que nós giramos a chave.

Quando saímos do banheiro, podíamos ver Danilo, que estava na varanda, olhando pra cidade que ele viu por tantos anos como morador do Ceará.

Danilo: Não é lindo? Consigo ver a praia daqui, e junto dela, a imensidão azul que é interminável aos olhos. Me sinto honrado da ultima coisa a passar pelo meu olho antes da morte ser essa cidade, que me proporcionou momentos espetaculares. Tchau amigos, tenham uma ótima vida. Eu amo cada um de vocês!

Gustavo e Cauã: NÃOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!

Nós tentamos correr na direção do anilo mas já era tarde. Danilo havia se jogado de dez andares, não havia chance alguma de sobreviver a uma queda dessas. Vá em Paz Danilo, que todo nosso amor tenha sido essencial para que seu fim tenha sido feliz pra você, pois a sua perda não vai sarar tão fácil assim. A ultima visão que nós tivemos do Danilo, foi o seu sorriso, um sorriso que significava tudo, todo amor verdadeiro que ele realmente sentia por nós.

Ministério ÉtromOnde histórias criam vida. Descubra agora