Os crimes do futuro

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Caralho, é a primeira vez que eu tô encontrando o Matheus na vida real, nossa relação era parecida para com a dos amapaenses, online. Olha, vou confessar que minha relação com o paulista não era das melhores... de início nossos ideais políticos não se bateram e isso me deixou um pouco receoso sobre ele, além de que se dependesse de mim, eu nunca teria me aproximado do Matheus. Foi graças a Camille e o pessoal do Amapá que enfiou o Matheus no nosso círculo social, em 2020. No início eu não curti, não é muito fácil conquistar a minha confiança, por isso que muita gente que eu conheço há mais de 2 anos ainda não tem muita liberdade comigo, se quiser chamar de cu doce, tá tudo bem.

POV CAUÃ

Após ser libertado por Matheus, sou acompanhado por ele até a saída, onde, depois de muito tempo, eu finalmente vejo o sol. Eu..., eu to chorando? Sinto que meus olhos vão transbordar com lagrimas depois de sair, era como se o tempo que eu fiquei preso fosse muito maior e toda abstinência de liberdade que estava guardada em mim jorrasse em forma de lagrimas pra fora através dos meus olhos. Matheus estava olhando, enquanto eu me esparramo em meu próprio liquido lacrimal, já com os braços abertos em um abraço que ele já sabia que eu precisava.

Após me acomodar no abraço de Matheus, eu me recomponho, nossas circunstancias não eram favoráveis pra tanta melosidade. Afinal, por que motivo o Matheus em pessoa teria que vir de Barueri pra Fortaleza me libertar???

Matheus: Eu sei exatamente o que você está se perguntando, a história é longa, então espero que você seja todo ouvidos a partir de agora.

A cada palavra que eu escutava acerca da procedência dos fatos após meu cárcere minha respiração ficava cada vez mais ofegante. O meu coração não ia sair pela minha boca, pelo contrário, ele ia dar ré e ia sair pelo buraco da minha bunda. Cada fato obscuro que Matheus falava era uma pontada no meu peito. A Wayne realmente existe e era a Amanda???? O Gustavo foi esfaqueado no pescoço e agora ta todo mundo, incluindo os pais da Camille, desaparecido??? Pelo jeito tudo que eu fiz pelo Gustavo no edifício Santos Amarildo não valeu de nada, foi tudo jogado à moda caralha aos ventos de Fortaleza. E... sabe do pior? Nem Matheus e muito menos eu tenho alguma informação importante que nos ponha o mínimo de noção do que fazer a partir de agora.

A caminhada da delegacia até o prédio da Camille foi longa, mas toda história que Matheus estava contando preencheu esse tempo perfeitamente, tanto que já estávamos chegando na rua do edifício. Com isso, um pensamento chegou ao meu cerne: por que a rua e o prédio estão perfeitamente normais? Literalmente houve desaparecimentos e possivelmente mortes dentro daquele lugar, não faz nenhum sentido tudo estar como se nada tivesse acontecido. A essa altura os pais dos amapaenses já teriam vindo pra Fortaleza pra ajudar nas buscas, principalmente a Neuza, acho que essa aí já estaria aqui no momento que a reportagem aparecesse na TV.

Cauã: Oxe??? Mancho, não devia ter tipo um monte de viatura aqui?? E esse prédio não devia estar interditado??

Matheus: Anda, eu vou te levar até o apartamento dela.

Cauã: A... ok, então, né.

Isso foi muito estranho, muito mais estranho do que o fato de ser mais um dia normal em Fortaleza, o Matheus simplesmente ignorou minhas duvidas e seguiu o caminho até o prédio. Será que depois de todo o absurdo que ele me contou, ainda tem mais coisa pra eu saber? Será que o Matheus já recebeu tanta informação que mais um absurdo não faz diferença? Enfim, não importa agora, chegamos, finalmente.

O prédio de Camille era como uma segunda casa pra mim, afinal, nós nos conhecemos desde o primário, muita história aconteceu aqui nesse lugar. Só sinto algo estranho, algo diferente quando analiso mais calmamente o ambiente. Eles reformaram a entrada? Quem é esse porteiro? Tipo, eu estava aqui há menos de uma semana quando tivemos que levar o Danilo (que Deus o tenha) pro carro dos pais da Camille e esse lugar era claramente diferente. Enquanto tenho meus devaneios, Matheus, que estava muito afrente de mim por causa da minha paranoia, me chama para subir no elevador, antes mesmo de que eu possa questionar alguém sobre a reforma rápida.

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