Com aquela claridade pude constatar que tinha alguém em pé ao meu lado, uma mulher com uma prancheta em mãos.
Ela me olhou e sorriu.
-- Que bom que acordou menino. Sua voz serena demonstrava uma tranquilidade.
-- Eu estou no céu? Ela deu uma risada e negou.
-- Só se for um céu para terceira idade porque estou passada já, você não lembra de nada?
Neguei e vi o acesso em meu braço e vários fios ligados a aparelhos e então eram daí os barulhos irritantes e eu achando que estava morto e ouvindo coisas.
-- Bom meu nome é Hana estou cuidando de você, estamos trabalhando para limpar o máximo sua corrente sanguínea de toda a droga, não se preocupe você ficará bem.
Foi aí que o desespero bateu, estava em um hospital iriam me tratar aí sim nunca mais o veria.
-- Hana por favor tira isso de mim não quero que me tratem, não quero que tirem a droga do meu sangue é a única felicidade e paz que eu tenho. Quando fiz menção de arrancar o acesso ela segurou firme minha mão para uma senhora ou talvez eu só esteja fraco devido ao uso continuo de drogas.
-- Menino Jeon. Me chamou e segurou meu rosto com as mãos frias e um pouco enrugadas devido a idade, então voltou a falar enquanto olhava em meus olhos.
-- Não faça isso sei o quanto dói, lido a anos com pacientes assim, todos acabam numa cama de hospital perdem família, amigos, trabalho, sanidade então eu te peço tente lidar com as coisas ruins, sei que não é tão simples mas foque em quem ama você e sofreria se lhe perdesse.
Suspirei pesadamente, meu peito doía, ninguém sentiria minha falta, morreria aqui e seria enterrado como indigente pois não teria ninguém nem pra reconhecimento do corpo.
-- Mas eu não tenho ninguém Hana, eu nunca tive. Senti meus olhos marejarem, eu não ligava se morresse eu não tinha nada muito menos vontade de viver.
-- Não diga isso pois ele te ama muito.
-- Ele quem?
Perguntei meio desnorteado, não sabia de quem ela falava, a única pessoa que me conhecia era o Sr Kim, que me trouxe pra cá, afinal cai duro dentro do local de trabalho e pela sua cara de decepção quando enlouqueci e fiz uma baderna na sala de prática duvido que ele teria alguma empatia com meu estado, iria me deixar apodrecer aqui.
-- Não diga isso querido, olha só como ele se importa.
Foi aí que ela apontou para um canto do quarto e segui onde apontava e minha nossa senhora meu mundo parou naquele instante quando o vi todo de branco igual minhas alucinações encolhido naquela poltrona.
Totalmente em choque.
-- Ele estava desesperado trouxe seu corpo arrastado pois não queria esperar nem mais um minuto a ambulância, chorava abraçado ao seu corpo, lhe segurava como se você fosse o mundo dele, chorou todos esses dias desde que entrou pela porta, não saiu do seu lado, faz todas as refeições ao lado de sua cama esperando você acordar pois ele garantiu que acordaria, eu nunca vi alguém ter tanto amor e cuidado por outra pessoa, ele afirmava que logo acordaria ele lhe chamava a todo instante.
Não pode ser, ele é ilusório, nunca foi real.
-- Vo- você está vendo ele me-mesmo?
Perguntei com a voz falhando, não era possível isso ele estava na minha frente, ele era real, me socorreu, cuidou de mim, não podia ser, não conseguia acreditar.
Ainda estava alucinando?
-- Sim menino o senhor Park é bem conhecido.
Arregalei os olhos em total descrença.
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Safira
Romance(Concluido) Onde um jovem órfão se muda de cidade para fugir da violência que sofria e acaba entrando no mundo das drogas e quando viciado se vê apaixonado por uma alucinação.