Vislumbre Angelical

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Direcionei meus olhos para dentro da sala e não pude acreditar em que estava diante dos meus olhos, ali diante de mim um anjo todo de branco, cabelos loiros esvoaçantes, ele dançava enquanto cantava de olhos fechados, o vai e vem do seu corpo perfeito e a melodia se encaixava tão bem com cada passo que seu corpo dava.

Sorri com o pensamento de como essa droga é incrível, me fez enxergar o paraíso e encontrei meu anjo.

Como era possível?

Seus movimentos eram lentos e ritmados com a melodia transcendendo cada centímetro de seu corpo curvilíneo e exuberante e a melodia que reverberava daqueles lábios vermelhos e carnudos faziam meu coração acelerar, achava que a qualquer instante infartaria, nunca senti isso antes.

Ele era magnífico e nunca quis algo nessa minha miserável vida até o ver, estava hipnotizado e encantado, então resolvi sentar atrás das caixas de som para apreciar aquele som celestial que saia de seus lábios perfeitos, ouvindo aquela voz surreal me deixei levar e relaxei todo meu corpo até pegar no sono.

Nunca tinha dormido tão bem, todavia ao acordar constatei que foi uma alucinação pois não tinha mais ninguém e tudo estava intacto como se só houvesse uma pessoa naquele recinto, bufei frustrado queria tanto acordar e vê-lo, queria tanto que fosse real, mas claro que não seria, um anjo como aquele não tem como ser real.

Porém mesmo sendo só uma viagem de ácido de minha mente foi a primeira vez na minha vida que me senti em paz e era uma sensação maravilhosa e a queria para sempre, então estava bem claro em meus pensamentos o que deveria fazer e a partir daquela noite tomei uma decisão um tanto quanto radical mas não tinha nada a perder, eu o queria de uma maneira totalmente insana que nunca imaginei ser possível.

Minha rotina a partir dali se baseava em acordar, tomar o café que o senhor Kim me deixava, as vezes ele me deixava frutas e agradecia pois era só o que comia pois meu salário ficava todo na mão daqueles garotos, eu não me importava mais de passar fome ou dormir no chão contanto que continuasse a ve-lo.

Não ligava eu faria qualquer coisa para ve-lo, aquele anjo era meu oásis em meio ao inferno desertico que era minha alma quebrada.

E foi o que fiz em todas as noites enquanto estava drogado o via e ouvia, o anjo da minha vida, a paz que apaziguava o inferno que era dentro de mim.

E assim se passou 3 meses e no 4 mês o meu salário não era mais o suficiente pois cada vez usava mais, tentei barganhar com o senhor Kim alguns extras mas o mesmo me informou que já me paga salário e mais adicionais, perguntou se estava doente ou precisava de algo e me abstive pois se soubesse para o que usaria seria demitido e não podia correr o risco de perder meu pequeno pedaço do paraíso.

Afinal não iria aceitar um viciado, que carrega ecstasy na mochila, dentro de um ambiente onde dezenas de crianças frequentam.

Então precisava manter escondido os meus vícios para evitar ser despejado.

Era a primeira vez que experimentava felicidade e não perderia não importa o preço que precisasse pagar.

Resultado acabei sem grana e consequentemente sem a droga o que me causou frustração e descontentamento, tentei apelar sentando no mesmo local a noite e rezando para que meu anjo aparecesse, passei a noite em claro e era obvio que ele não apareceu, minha luz em meio ao caos, o sol na minha escuridão tinha desaparecido, não aguentava mais, não queria passar mais noites em completa solidão e desespero então corri aos garotos e implorei que me fornecessem as drogas e que pagaria depois.

Me informaram que daquela não tinham mais porem tinham algo bem melhor e com certeza bem mais cara, mas que podiam por na conta e prontamente aceitei, mas diferente da outra não era comprimido e sim injetável, e então conheci meu 4° vício, o mais potente e destrutível e consequentemente o último a heroína.

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