Uma noite a dois

12 3 0
                                    

Acabei mais um expediente, fui a cozinha e tomei os remédios, peguei uma tigela e fiz uma salada de frutas, meu destino era somente um.

A sala de prática.

Ouvi Jimin dizendo que teria que treinar um passo novo para uma apresentação importante, e quero ver de perto.

Então as últimas tardes eram somente nos dois na sala de treino.

Montei tudo, com as frutas favoritas do loirinho e fui até a sala.

Quando adentrei, lembranças dele dançando como um anjo quando o conheci, suspirei ao olhar o centro da sala onde meu branquinho dançava.

Ele girou, girou e seus olhos pararam em mim, cessando os movimentos na hora e vindo em minha direção.

-- Ao que devo a honra de sua visita?

Se aproximou, pegou minha mão e me guiou até o centro daquele palco de madeira.

-- Sabia que estaria ensaiando e trouxe suas frutas favoritas, afinal muito esforço e pouca alimentação você vai acabar desmaiando.

Estendi a tigela e ele sorriu até fechar os olhos.

-- Que amor você preocupado comigo, é a primeira vez que alguém faz isso por mim.

Ele pareceu todo desconcertado mas não diminuiu o sorriso.

-- Se depender de mim todo dia te acompanho nos ensaios e comemos juntos.

Ele balançou a cabeça, negando enquanto dava risada.

-- Vem senta aqui.

Me chamou e sentamos lado a lado, pos a tigela no colo e começamos a comer, volta e meia ele pegava um morango e enfiava na minha boca.

-- Esses ensaios todos é só pra essa apresentação?

Perguntei porque ele ensaiava todas as noites, quando achava que ele era fruto da heroína.

-- Como assim todos esses ensaios?

-- É a primeira vez que ensaio esses passos desde que nos conhecemos no hospital.

-- Pois é né. Cocei a nuca, vixi esqueci que ele não sabia que eu o espionava.

-- Você já me viu dançando antes?

-- Na verdade sim, quando estava alucinado eu te via dançar, achava que era fruto da minha imaginação. Senti minhas orelhas quentes que vergonha.

-- Então você é o maluco que derrubou tudo? Só assenti com receio de me achar um lunático.

-- Que bom, achei que era uma assombração ou pior um rato mutante, sai desesperado pro meu carro aquela noite.

-- Existe rato mutante?

-- Claro, tem uns grandões só falta ter a barriga marcada de músculos e luvas de boxe. Começamos a rir porque ele é um bobalhão.

-- E respondendo sua pergunta sim, estou treinando bastante a meses, estou tentando uma vaga em uma companhia.

-- E o estúdio?

-- Ele me dá lucro, mas está devagar e vou demorar pra chegar no patamar que eu quero, e será muito desgastante conseguir sem um auxílio financeiro.

-- E essa vaga paga muito bem e será um atalho então vou poder fazer tudo que quero e depois me dedicar só ao estúdio.

Falava e gesticulava, até eu reparar que tinha umas cicatrizes de cortes nos braços, bem pequenas mas de perto perceptíveis.

SafiraOnde histórias criam vida. Descubra agora