Demorou um pouco, mas finalmente eu e as meninas conseguimos resolver tudo o que eu precisava.
Foi uma tarde agradável. Comprei itens de necessidade básica, como shampoo, escovas de dente, desodorante... Mas depois das compras essenciais, Mina insistiu que eu provasse algumas roupas, o que eu concordei prontamente, porque também estava precisando. As meninas quiseram julgar todos os meus looks, mesmo eu repetindo que não queria nada que não fosse um jeans largo e uma blusa de moletom.
Acabou sendo divertido. Me senti uma adolescente como qualquer outra provando as várias combinações de roupas numa loja de departamento com as amigas, apesar de, é claro, eu não ser. Adolescentes normais não deveriam saber qual é a melhor forma de se asfixiar uma pessoa, ou como atirar adagas a uma distância de 15 metros. Minha cabeça vivia repetindo para mim que tudo aquilo era uma farsa, e que essa pessoa que eu estava tentando ser no Japão não existia.
Mas eu só queria um recomeço, e aquilo era uma boa forma de esquecer o passado.
Voltando para os dormitório já era quase noite, e eu estava morrendo de fome. Mina, que não perdia a animação nem por um segundo, disse:
– Gente! E se a gente fizesse uma festa do pijama? S/N, só nessa primeira noite, vaiii... A gente leva salgadinhos, filmes, música, espalhamos os travesseiros no chão, jogamos... Ia ser tão legal!!! Vamos???
– Mina, S/N deve estar cansada por causa da viagem... – começou Momo.
– Na verdade, eu topo. – eu disse. Mina me convenceu na parte dos salgadinhos. – Inclusive se quiserem estreiar meu quarto...
Mina só faltava explodir de emoção.
– Sério??? Uhuuu!!! Você é demais! – comemorou ela.
E assim fomos para o meu quarto, depois de reunirmos uma boa quantidade de travesseiros, jogos, salgadinhos e bebidas. Jirou até trouxe seu violão e uma caixinha de música, o que eu achei o máximo. Ela tocava muito bem, e adorei ver a Mina tentar cantar as músicas em alto volume, sem se importar se estava desafinando... Ela até arriscou dançar um pouco, e me surpreendi ao constatar que ela tinha ritmo! Aquelas meninas eram todas talentosas assim?
– S/N, coloca alguma música brasileira para tocar... – pediu Tsuyu – Nos mostre um pouquinho de sua cultura.
Músicas brasileiras? As melhores que eu conhecia eram de décadas passadas, antes da censura do ditador Graecus... Fiz o meu melhor para selecionar uma boa playlist que eu sabia que elas iam gostar. Eu particularmente gostava do MPB antigo, mas para Jirou coloquei as melhores do Rock nacional e para Mina, umas músicas mais populares que eu sabia que ela iria curtir...
– O que é isso? – logo perguntou ela, assim que a batida começou a tocar na caixinha de som a todo volume.
– Isso, minha querida, se chama funk! – respondi, rindo, adorando o jeito que ela misturava seus passos de break dance com aquele batidão.
– Eu gostei desse funk!!! – gritou Mina, por cima da música.
Rimos e dançamos mais um pouco, mas enquanto Ochaco fazia os travesseiros flutuarem para uma guerra, a música subitamente parou.
– MAS QUE PORRA QUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO???
Um garoto loiro estava na minha porta, segurando a tomada da caixa de som que ele havia arrancado. Seus olhos vermelhos brilharam de fúria enquanto ele entrava no meu quarto sem permissão.
– Como é que é? – perguntei, dando um passo a frente.
-- Não consigo nem ouvir meus pensamentos com essas músicas de merda e esses gritinhos femininos! Urgh! Puta que pariu, olha a hora, temos aula amanhã, caralho! Mas que...
Eu juro que, enquanto ele falava, aprendi pelo menos dez novos palavrões em japonês.
Momo, como uma boa vice representante, foi a primeira a se pronunciar depois daquela explosão de raiva.
– Bakugou, essa é a S/N, a nova aluna da 3A. Você saberia se estivesse presente hoje na sala de estar no horário solicitado... Estamos apenas fazendo uma pequena festa de boas-vindas.
Ele revirou os olhos e andou até a mim. Me olhou de cima em baixo e, chegando muito perto, disse:
– Estou pouco me fudendo pra quem você é ou o que veio fazer nesse país, perneta. Saiba que eu sou o melhor aqui e não vou deixar ninguém atrapalhar meus objetivos. Agora, acabe com essa palhaçada ou eu acabarei. Preciso dormir.
Perneta? PERNETA?!
Ele estava realmente tirando sarro da minha prótese??? Mas quem ele pensa que é?
– Escuta aqui, cara. – disse eu, com um sorriso sarcástico e empurrando ele para fora do meu quarto – Ainda não tive o desprazer de te conhecer, então, por favor, não entre no meu quarto sem ser chamado. Quando quiser falar comigo sem parecer uma criança histérica, será bem vindo. Mas se for pra agir assim, dá o fora, porra. Tenha uma boa noite. Ah, e vai se fuder.
Bati a porta na cara dele. As meninas me olhavam boquiabertas.
– Garota, você acabou de assinar sua sentença de morte... – disse Hagakure.
Do outro lado do corredor, alguma coisa explodia.
– Ah, que se dane. – eu disse.
Liguei de volta a caixa de som na tomada e coloquei a música.
– Agora... – comecei – Quem está pronta pra uma guerra de travesseiros?!
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Sentimentos Explosivos - UA de BNHA
Fanfiction* Nesse universo de Boku No Hero Academia, S/N consegue refúgio no Japão após passar por coisas obscuras de seu passado. Ela recebe uma bolsa de estudos na U.A., onde faz novos amigos ao mesmo tempo que precisa esconder as suas origens. S/N não sab...