27. Heroína?

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— Tá zoando, né? Por favor, fala que é zoeira. — Kaminari estava pálido. Mais do que ele já é.

— Não tô zoando. — respondi.

Todos pareciam em choque naquela caverna do lago. Enquanto eu contava minha história, ninguém ousou dizer nada. Acho que estavam espantados. Ou não imaginavam que eu fosse capaz de coisas tão atrozes.

— Então... Você cortou mesmo a própria perna pra conseguir sair dos destroços e desativar as bombas? E aí? O que aconteceu depois?

— Eu consegui desativar os explosivos. Depois... Bem, alguns minutos depois que eu cortei os fios das bombas, o exército chegou no local. Eu tinha desmaiado pela perda de sangue. Eu só sei que, quando eu acordei, eu estava algemada a uma maca de hospital com uma equipe de operações especiais em volta de mim.

— Isso é muito louco. Eles te prenderam? Mesmo depois de ter salvado todos os funcionários do Palácio, incluindo o ditador? — Mina perguntou, com a voz um pouco arrastada.

— É... Foi isso que dividiu opiniões no meu julgamento. Eu era procurada a anos por trabalhar com os cascavéis, mas em contrapartida eu tinha traído os Cascavéis naquela noite, salvando mais de 200 pessoas da explosão.

Eu conseguia ouvir o eco da minha voz nas paredes daquela caverna. Eu sabia que o silêncio a minha volta representava o espanto dos meus colegas, mas tinha algo mais... Algum sentimento que eu não conseguia distinguir.

Ao meu lado, Bakugou bufou.

— Caralho...

— "Caralho" o que, garoto? — eu perguntei. Não sei porque eu estava tão na defensiva.

— Não, é que... Mais de duzentas pessoas, S/N... É muita gente. Eu estou no curso de heróis a muito mais tempo do que você e ainda não bati essa marca. Nenhum de nós, aliás.

— O que você quer dizer com isso?

— Nada. Só que, pode negar o quanto quiser, mas você é sim uma heroína. — ele disse, me dando um soquinho no ombro. Aquilo que eu via nos olhos de Bakugou... seria inveja?

Não. Era... admiração.

— Uma heroína perneta, mas ainda assim uma heroína. — ele completou, o que me fez dar um soco de volta nele.

Vi que todos continuavam introspectivos, e eu já estava desconfortável com toda aquela atenção, então dei um jeito de finalizar aquele interrogatório:

— Bom, é isso. Foi assim que... aconteceu. Não é com se eu tivesse outra escolha. E acho que deu de verdade ou consequência pra mim por hoje.

Fiz menção de me afastar da roda, mas algumas pessoas se recuperaram do choque inicial e me chamaram.

— Espera, S/N! O que aconteceu com o chefe do seu grupo... Esse tal de Gaspar? — Hagakure perguntou.

Meu sangue gelou, mas eu sabia que alguém ia fazer essa pergunta.

— Eu... nunca mais vi ele. — respondi em um sussurro.

— Mas ele não foi preso?

— Não. Tudo que eu sei é que a antiga base de operações no Rio foi desativada. Não sei onde ele está... e nem quero saber, pra ser sincera.

Tenho medo que algum dia ele venha atrás de mim pra se vingar de eu ter destruído seu plano. Por mais que o Sr. Aizawa repita que eu estou segura na U.A., eu não posso deixar de ter esse sentimento de que algo ruim pode acontecer a qualquer instante.

— E S/N... Essa história é muito louca e tal... Mas como diabos depois de tudo isso você veio parar no Japão? — perguntou Kirishima, que também não estava muito bem depois de tanto álcool.

Sentimentos Explosivos - UA de BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora