21. Comemoração na caverna do lago - pt. 4

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Verdade ou consequência. Eu conhecia o jogo, mas nunca tinha jogado de fato. Sempre achei uma besteira infantil.

Bem, em poucos minutos, eu precisaria esquecer tudo o que eu achava que sabia sobre. Aqueles alunos realmente levavam as coisas a outro nível...

Depois que Kirishima nos chamou para jogar, Bakugou me ajudou a sair do lago. Eu ainda não acreditava que ele tinha me empurrado lá. Também ainda não acreditava que eu tinha nadado.

— Ei, idiota, me passa logo a minha prótese que eu não quero ficar pulando igual ao saci-pererê. — disse para Katsuki.

O garoto explosivo me olhou com expressão confusa enquanto buscava a minha prótese metálica na beira do lago.

— Que merda é um saci-pererê? — ele perguntou.

Eu ri. As vezes eu esquecia que estava falando com pessoas nascidas e criadas no Japão.

— Esquece. É uma lenda da cultura brasileira... — respondi, enquanto me apoiava em Bakugou para prender a prótese. 

Ele riu em deboche. Eu percebia como Bakugou sempre agia com superioridade quando eu citava a minha cultura, como se o fato de ser estrangeira me fizesse inferior a ele.

Nossa, ele me dava raiva.

Andamos em direção aos adolescentes que se juntavam em uma roda perto da pista improvisada de dança. Quando nos sentamos, Ochaco comentou conosco:

— Que bom que vocês dois estão se entendendo. A turma fica bem mais leve quando vocês não estão, tipo, tentando se matar.

— Não faz nem cinco minutos que ele tentou me matar, Uraraka. — respondi. — Esse idiota me empurrou no lago.

— Empurrei mesmo. Você estava agindo como uma criança medrosa, garota. — ele retrucou ao meu lado.

— Você age como uma criança literalmente o tempo todo, seu imbecil. E eu podia ter morrido! -- eu respondi.

— Nossa, quem me dera. — ele fez graça.

— Idiota.

— Por favor, não comecem vocês dois. — disse Uraraka docemente, que acompanhava aquela troca de farpas. — Acho que a caverna não iria aguentar as explosões.

Como se ele fosse explodir alguma coisa se lutássemos pra valer. Eu acabaria com Bakugou em segundos.

Mas não agora... Agora jogaríamos verdade e consequência. Tem como ganhar isso? Eu quero ganhar.

— Ei, alguém, me arranje uma garrafa, por favor. — Mina pediu, em pé no meio da roda quando todos estavam reunidos.

Shinsou a passou uma garrafa de vodca quase no fim, com dois dedos de bebida no fundo. Mina virou a garrafa na boca, esvaziando seu conteúdo com um gole.

— Pronto, agora sim. — ela disse.

— Uou, Pinky, pega leve na bebida, irmã. — brincou Kirishima. Como se ele soubesse do que estava falando... Ele mesmo estava alegrinho com aquele álcool que eu e Katsuki havíamos trazido.

— Ah, querido... Quem dera eu pudesse ficar bêbada tão facilmente. Substâncias tóxicas pra mim é suco. — ela brincou.

Ela tinha razão. Lembrei que a individualidade da Mina era o ácido. Talvez o corpo dela metabolizasse o álcool de maneira diferente, e usasse isso na composição química das substâncias que ela produzia... Por isso que ela tinha resistência maior a bebida.

Me perguntei quem mais tinha aquela característica por causa das individualidades. Talvez a Momo, mas acho que ela não bebia de qualquer forma.

Com certeza não eu. E que bom que não.

Sentimentos Explosivos - UA de BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora