Depois de procurar um pouco pelo campus de treinamento, sinto com a minha percepção elétrica que as sinapses de Bakugou, agitadas, estão no vestiário masculino. Vou até lá e bato três vezes na porta.
— Bakugou...?
Sem resposta, apesar de ter certeza de que ele está ali. Eu estou sentindo a presença de suas sinapses. Poderia ler seus pensamentos daqui se eu me esforçasse.
— Bakugou, se você não me responder, eu vou entrar aí.
— Cacete! Vai embora. — diz aquela voz que eu já conheço tão bem.
— Eu não vou. Você tá machucado! Eu vou entrar.
Ouço ele respirar fundo. Alguns segundos depois, vem uma resposta desanimada:
— S/N, a graça de se esconder no vestiário masculino é justamente você não poder entrar aqui.
— Tem algum outro menino aí?
— ... Não.
— Por acaso você tá pelado?
Ouço ele engasgar.
— Err... Não!
— Então eu tô entrando. — eu digo, já adentrando aquele ambiente imundo.
— Ai, caralho... — ouço ele resmungar.
O vestiário masculino da UA é exatamente como o feminino, só que mais escuro. E quente. E fedido. Meu Deus, esse lugar fede a homem. O Kirishima que deve adorar, dá pra praticamente sentir a masculinidade no ar...
Pera aí, aquilo é um furinho na parede?! Filhos da puta! Eles estão bisbilhotando o vestiário das meninas?! Isso é obra do desgraçado do Mineta, com certeza. Aquele virgemzinho tem que ser internado, essa fixação com o sexo feminino deve ser doença. Preciso me lembrar de dar uma surra nele mais tarde por isso.
— Relaxa. As meninas já tamparam do outro lado. — diz Bakugou, se aproximando de mim com uma cara péssima. Ele viu para o que eu estava olhando.
— E como você sabe?! Tava bisbilhotando também?!
— Putz, até parece. Mas isso aí já tava aí desde o primeiro ano da UA... Você perdeu muita coisa chegando só no terceiro, sabia?
— É? Tipo o quê?
Ele pisca, acho que surpreso pela minha pergunta.
— Tipo... No primeiro ano, vilões barra-pesada invadiram a escola, bem no meio do nossa área de treinamento. Não tínhamos nem a licença provisória na época, e mesmo assim descemos o cacete neles. Foi uma vitória foda.
Eu apenas assinto. Pra mim, ainda é muito estranho falar de "vilões". Demorei pra caramba para aceitar o título de heroína.
— Foi... Foi uma vitória muito foda. — ele repete, com a voz firme em um tom baixo, e acho que ele diz isso mais para si mesmo do que para mim.
Não preciso ler seu pensamentos para saber o que ele estava pensando. Por baixo de toda essa máscara de superioridade, Bakugou era um tanto inseguro. Como se ele precisasse provar para si mesmo a todo tempo que ele é o melhor, apesar de duvidar disso o tempo todo.
Eu me identificava demais com ele. Eu era exatamente assim também...
— Você ia ganhar. — acabo cedendo, as palavras voando da minha boca antes que eu pudesse impedir. — Se não fosse o que aconteceu com a sua mão, você teria ganhado a luta.
— Não diga isso. Não quero sua pena, S/N.
— Não é pena, Katsuki, é a verdade! Você tava perto demais do meu botão e tinha me imobilizado! Mesmo que me soltasse, eu não ia conseguir fazer nada naquele estado.
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Sentimentos Explosivos - UA de BNHA
Fanfiction* Nesse universo de Boku No Hero Academia, S/N consegue refúgio no Japão após passar por coisas obscuras de seu passado. Ela recebe uma bolsa de estudos na U.A., onde faz novos amigos ao mesmo tempo que precisa esconder as suas origens. S/N não sab...