7. Sinapses

100 16 8
                                    

O corpo de Katsuki Bakugou se contorcia no chão com o choque de milhões de volts.

Mas, enquanto eu me divertia dando o golpe final, senti todo o poder do meu corpo se esvair subitamente.

— JÁ CHEGA. — era o sr. Aizawa. Seus olhos vermelhos anulavam minha individualidade. — Você ganhou. Se afaste.

Cambaleei para trás, exausta, sangrando, queimada e com uma puta dor de cabeça, mas incrivelmente satisfeita com a luta. Bakugou tossia muito enquanto recuperava o ar de seus pulmões.

— Sr. Bakugou? Consegue levantar? — perguntou Aizawa, entrando no ringue de luta.

— SAI! Eu to legal!!! — respondeu ele com ódio, enquanto me direcionava um olhar mortal.

Ok, eu me sentia mal por ele. Só um pouquinho.

— Ei, cara. Foi uma boa luta. — eu disse, e estendi a mão para ajudá-lo a se levantar. Estava tentando aliviar a tensão.

— Vai à merda. — disse dando um tapa na minha mão e se levantando sozinho.

Bakugou era um péssimo perdedor.

— UAAU! ISSO FOI INCRÍVEL! — dizia Izuku Midorya, enquanto fazia anotações freneticamente no caderninho em sua mão. — Eu não entendi nada, mas foi incrível!!! Mas afinal, qual é a sua individualidade? Descarga elétrica como a do Kaminari??? Ou lavagem cerebral como o Shinsou??? Ilusões? Cara, ilusões são tão legais...

Izuku continuou murmurando algo inaudivelmente, enquanto Bakugou gritava "URGH, CALA A BOCA, DEKU MALDITO!"

— Você quer explicar pra eles, S/N? Acho que você deixou todos curiosos... — Aizawa fez um sinal para eu tomar a frente.

Odeio ter que explicar minha individualidade, porque aqui vai um papo científico bem chato de se entender. Mas acho que é preciso.

— Bem... sim, minha individualidade, originalmente, é a capacidade de produzir, identificar e controlar energia elétrica. Qualquer energia elétrica... — eu falava devagar, para ter certeza de que todos acompanhavam. — Foi então que com muito estudo e uma quantidade absurda de paciência, eu aprendi a controlar as sinapses elétricas do cérebro humano.

Izuku Midorya deixou sua caneta cair. Todos olhavam boquiabertos para mim.

— A minha hiperminésia me permitiu decorar a função de milhões de neurônios, além dos impulsos elétricos que preciso controlar para atingir cada área do cérebro e do corpo. Aprendi a manipular os sentidos, a brincar com o cérebro, a interpretar suas sinapses e ler os pensamentos...

— OU, OU, OU, Calma aí... Você disse LER PENSAMENTOS? — perguntou Izuku, espantado.

— É... Não é tão simples, mas se eu me concentrar bem, consigo interpretar suas sinapses neurais. "Ler pensamentos" é apenas o termo que eu uso para explicar. Na prática, eu apenas interpreto as conexões neuronais. Sabe, os impulsos elétricos entre os neurônios.... É claro, eu nunca conseguiria fazer isso sem a hiperminésia, que me possibilitou decorar todo o estudo sobre sinapses. Nesse caso, ela pode ser bem útil.

-- Então você, tipo, não ouve os pensamentos de todo mundo o tempo todo, né?

-- Não, claro que não. Seria insuportável. Eu apenas "sinto" a energia elétrica. -- falei, fazendo aspas com as mãos. Eu não sabia nenhuma palavra melhor para explicar meu sexto sentido. -- Pense nisso como... ouvir uma música em uma língua estrangeira. Se eu quiser saber o que ela diz, vou ter que prestar atenção, interpretá-la. É isso com a energia. Eu a sinto o tempo todo, todos os segundos, mas apenas se eu prestar atenção nas sinapses e interpretá-las, conseguirei "ler" os pensamentos de alguém.

Izuku estava imerso em suas anotações. Vi que ele tinha aproximadamente um milhão de perguntas.

— Tá, tá, espera, deixa eu ver se eu entendi direito. — Midorya estava elétrico, e dava pulinhos enquanto falava rápido. Finalmente compreendi o que ele queria dizer com "analisar individualidades é o meu hobby"   Você consegue atirar raios, produzindo e controlando energia, além de manipular o cérebro humano, provocando ilusões, alterando os sentidos e AINDA consegue ler pensamentos, tudo graças a uma única individualidade e a sua hiperminésia???? Caramba... Eu nem devia perguntar, mas tem mais alguma coisa? 

Eu ri baixinho. Izuku Midorya era uma graça.

— Não, não... Isso é tudo. A não ser que... bom, eu sou muito boa atirando adagas. Mas isso não tem nada a ver com minha individualidade não.

Isso fez alguns rirem, mas quando olhei para o meu lado, Bakugou estava simplesmente furioso.

— Ah, pelo o amor de Deus! — esbravejou ele, revirando os olhos. Então ele deu as costas para mim e marchou em direção à saída.

Bem, finalizado meu pequeno show, os alunos começaram a se dispersar para treinar. Izuku murmurava baixinho para si mesmo, pensando alto (o que eu percebi que ele costumava fazer com frequência), e refazia algumas anotações. O professor Aizawa se aproximou de mim.

— Foi uma boa luta, S/N. Você está bem? — perguntou ele.

— Estou, está tudo bem. É só que...

— O que foi?

— Bem, é que todos tem a tendência de se afastar de mim uma vez que descobrem o que eu sou capaz de fazer... — disse eu, pensativa. — Você acha que isso vai acontecer aqui?

— Não. Acho que não. Não no caso desses alunos...—- explicou ele. — Olha, eu sei que posso me arrepender disso, mas... Ali na frente, atrás daquela porta. — apontou para uma porta metálica no final do pavilhão. — Lá fica um depósito. Você vai encontrar tudo que precisa para o treinamento de herói. Por que não vai lá arranjar algumas adagas? Use-as no treinamento de hoje. Tem alguns alvos ali para atirá-las.

Ele me entregou a chave do depósito. Eu abri um sorriso.

— Sério?!

— Vá logo antes que eu mude de ideia. — disse, com a voz cansada.

Comemorei a minha vitória daquele dia treinando arremesso de adagas no pavilhão de treinamento de heróis. Não lutei com mas ninguém... Mas acho que, depois de hoje, ninguém mais vai querer lutar comigo de qualquer forma.

Sentimentos Explosivos - UA de BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora