20. Comemoração na caverna do lago - pt. 3

102 13 11
                                    

Puta. Que. Pariu.

Eu nunca dancei tanto na minha vida.

Pouco depois de ter chegado na festa, as meninas me puxaram para a pista de dança. Alguém tinha pendurado um globo de espelhos nas estalactites da caverna, e o brilho das luzinhas que piscavam deixava a caverna parecendo uma galáxia cheia de estrelas.

Só sei que, depois de muitas músicas internacionais que eu não conhecia (mas aprendi a gostar), eu já estava mais a vontade. Mina me ensinava alguns passos de dança, e quando eu achava que eu não podia me divertir mais, Ochaco me fez flutuar com sua individualidade. Você tem noção do que é sentir seu corpo inteiro sem peso, em gravidade zero? Foi uma das experiências mais incríveis de toda a minha vida.

Talvez eu estivesse um pouco bêbada também. Mas faz parte.

Depois de uns quinze minutos nessa euforia de começo de festa, Jirou e Kaminari aparecem. De mãos dadas. E é claro que isso provocou uma baita de reação por parte dos colegas.

- IHHHH JIROU!!! Isso no seu pescoço é um chupão??? - perguntou Toru Hagakure, que mesmo sendo invisível estava impossível de não se notar com aquele bíquini neon.

- Cala a boca, Hagakure... Agora eu é que queria ficar invisível, porque ta todo mundo olhando pra gente. - falou Jirou, vermelha como um tomate. Denki a abraçou por trás e isso gerou outra onda de "IIHHH" e "UUII".

Ok, admito: eles formam um casalzão. Fofos.

Depois do choque inicial de todos, Jirou e Denki finalmente se desgrudaram para que Jirou assumisse o controle do som. Enquanto mais músicas tocavam, dançamos mais um pouco, nos embebedamos mais um pouco... e curtimos a festa do jeito que jovens loucos e inconsequentes fazem.

Eu nunca me senti tão jovem. Por alguns minutos, pude esquecer as coisas que me afligiam, as dores que me perseguiam, e o passado que me condenava.

É claro que essa sensação não duraria para sempre.

***

- Não vai entrar no lago, S/N? - perguntou Todoroki, se aproximando de mim enquanto eu parei de dançar pra descansar o pé. - Melhor usar o tobogã de gelo antes que derreta...

- É, eu já estava pra te falar: você fez um ótimo trabalho nesse tobogã! Fiquei impressionada quando cheguei aqui. - elogiei, tentando mudar de assunto. Não queria entrar no lago, e eu tenho meus motivos.

- Obrigado, mas realmente foi um trabalho em equipe... - ele disse, modesto. - Mas e aí? Não vai subir?

- Eh... Sabe... Talvez mais tarde. - disse, sorrindo, mas deixando claro que aquela conversa acabava ali.

Shoto se afastou para pegar um drink, ao passo que Bakugou, que tinha ouvido aquela conversa, veio em minha direção.

- Você não sabe nadar, né? - Bakugou disse, e percebi que sua voz estava um pouco arrastada.

- Você tá bêbado. - observei.

- Provavelmente. Mas você não respondeu minha pergunta.

Respirei fundo. Esse garoto tinha tocado num ponto delicado.

- Lógico que sei nadar. Adoro nadar. Eu morava no Rio de Janeiro, caramba, praticamente morava na praia! Mas, bem... desde que eu perdi a perna, eu não consigo mais. Eu acabo afundando com o peso da prótese. E não dá pra nadar direito com uma perna só. - confessei.

Sentimentos Explosivos - UA de BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora