13. Diga não ao chá da Sra. Kobayashi

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Os dias que se seguiram não foram fáceis. Tinha uma desconfiança suspensa no ar, como se todos me vissem como um enigma que a resposta ainda estava pra ser revelada.

Contar sobre meu passado não tinha sido uma experiência prazerosa. E ainda havia muito mais...

Mas certas coisas eu nunca me sentiria bem em contar. Essas sombras do meu passado que me acompanham até hoje, e tenho muito medo de nunca conseguir superar.

Depois de uns dias, fui chamada na ala dos professores por Aizawa. O sr. Aizawa tinha sido designado pela ONU para ser meu tutor enquanto eu fosse refugiada no Japão, então não estranhei que ele quisesse falar comigo.

Mesmo assim... Fiquei com medo do que poderia se tratar. Será que ele queria falar sobre a adaga que eu tinha roubado do depósito? Ai meu Deus, eu sou muito burra.

Se eu quebrasse as regras eu poderia ser exportada. O que, para mim, significava ser morta.

Não posso voltar para o Brasil. Simplesmente não posso.

Bati na porta do escritório do Sr. Aizawa já temendo pelo pior. Parei quando eu percebi que ele estava em reunião com outra pessoa.

— Bakugou, eu entendo, mas não pode continuar assim. Você é o melhor nas aulas práticas, e os civis se sentem muito seguros com você nas patrulhas, mas, se continuar faltando as aulas teóricas, vamos ter problemas.

— Não há nada que precisem me ensinar nessas aulas estúpidas que eu já não saiba. Estou treinando para ser o melhor herói, caramba, não vou gastar meu tempo com essas besteiras! — respondeu Katsuki Bakugou, o menino explosivo. Ele estava com raiva, como de costume.

— Bakugou, não vou discutir. Você pode ser o melhor da sala e do curso de heróis da UA, mas ainda precisa passar em química. Estude para prova essa semana, porque, dependendo do resultado, terei que suspender suas patrulhas.

— O que?! Não pode fazer isso!

— É claro que eu posso, e é o que eu vou fazer. - responde Aizawa, irredutível.

Bakugou bufou de raiva. Ouvi seus passos marcharem até a porta, e me afastei no último segundo, o que não impediu de trombar comigo no meio do corredor.

— Argh! Sai da frente, perneta.

— Não me chame de perneta, seu imbecil.

— Que seja. — ele disse, e foi embora, antes que eu pudesse lhe dar um soco.

Revirei os olhos. Decidi que não ia mais perder a paciência com aquele garoto mimado.

Bati na porta.

— Você queria falar comigo? — entrei, já perguntando.

— Sente-se, S/N. — ele disse. — Precisamos conversar.

Quando começa assim, sei que estou fudida.

— Olha, por favor, se isso for sobre a adaga que eu roubei do depósito semana passada... Me perdoe, não sei o que deu em mim. Eu só achei que não faria pegar uma entre as centenas que vocês tinham no estoque, e você sabe que uma adaga já salvou minha vida uma vez, então eu achei que...

— S/N, para de falar. — ele me interrompeu — Não é sobre isso.

— Não? Ah...

Bem feito por falar demais.

— Não ligo pra adaga. Aliás, se quiser mesmo... — disse ele, se virando para trás e pegando um envelope da gaveta. — pode ficar com ela. Como você disse, temos centenas. Só me prometa que não vai matar ninguém.

Sentimentos Explosivos - UA de BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora