Capítulo 30

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~Fogueta on~

Eu tava puto, muito puto mermo.

Como a Lorrane fala uma coisa assim pra ela? Caralho, não consigo entender o que aquela porra tem pra falar aquilo pra Lua, ainda mais depois de tudo que aconteceu.

A Lua desenvolveu ansiedade com 14 anos, era de fuder mermo.

Foi uma fase difícil, ela ficou mal, muito mal.

Ela quase não comia, chorava por qualquer coisa, tinha crises, insegurança e quase não saia do quarto.

Eu ficava uma boa parte na casa dela com ela, porque tirando o pai dela tinha que trabalhar, o padrinho e a madrinha também, e a gente era os únicos que ela chegava a conversar.

Eu cheguei a pesquisar na época sobre isso, perguntei até o médico meu de rotina, só pra saber o que eu deveria fazer pra ajudar.

Com isso ela acabou perdendo um ano de estudo, tava muito forte as crises, e ela sempre odiou chorar na frente das pessoas, e nunca queria sair de casa também.

E a Lorrane sabe que a Lua ainda lidava com várias inseguranças desde aquela época, então não entendi a necessidade dela de fazer isso.

Lua: Thiago- olho pra ela que tava deitado no meu peito- nunca me contou o que aconteceu antes de você antes de ser adotado- paro de fazer carinho no cabelo dela.

Fogueta: Não quero falar sobre isso- ela assente.

Lua: Tudo bem- ela olha as horas no celular e eu me assusto assim que percebo que já era pra mim tá trabalhando.

Fogueta: Eu tenho que ir pô- ela levanta do meu peito e eu me levanto logo depois- mais tarde passo aqui, tenho que ir se não o Morte coloca eu pra plantão, e te falar viu, bagulho é ruim demais- ela rir assentindo.

Lua: Vai lá- dou um selinho nela me levantado e sinto ela apertar minha bunda.

Fogueta: Que isso pô, se fizer de novo eu me caso com você- ela rir e aperta de novo- agora não tem pra onde correr, ou casa comigo, ou casa comigo- falo indo beijar ela.

Lua: Vai logo seu corno- fala me empurrando.

Fogueta: Pelo o menos não fui trocado por homem- ela faz cara feia pra mim.

Tiro minha blusa jogando pra ela que manda beijo, e saio.

Lua é tem um amor com as minha blusas, todo mês tenho que comprar novas já que ela tá sempre pegando as minhas.

Folgada pô.

Bato de frente com meu pai Yan e o Rhian.

Fogueta: Oi pai, bença- ele sorri me abençoando- fala cara- faço um toque com o Rhian que me olha com um sorriso.

Rhian: Eu vim ver a Lua, ela me disse que iria me levar hoje pra ver ela lá no céu- sorrio pra ele- bora também tio, aí fica nós três lá- fala animado.

Fogueta: O tio vai ver tá?- ele assente- cadê o Luís?- pergunto pro meu pai.

Yan: Foi consultar- assinto.

Fogueta: Depois vai lá em casa, faz tempo que não vão lá- ele assente sorrindo- tenho que ir, tô atrasado já- fala me abaixando fazendo um toque com o Rhian que nem bate na porta, só entra.

Abraço meu pai que entra gritando a Lua.

Subo na minha moto indo pra boca principal.

Chego vendo meu padrinho na laje.

Subo puxando um caixote me sentando ao lado dele.

Morte: Lindo pra tua cara né?- dou risada- Thiago, por que não sai do crime? Tenta uma faculdade, um emprego de verdade, aqui não vai te levar pra lugar nenhum não Thiago- fala depois de um tempo e eu fico calado olhando pra frente- tu tá ligado que dá pra tu viver de boa pô, não tem ficha suja nem nada, só basta você decidir.

Fico apenas calado e olho pra ele que olhava pra frente.

Fogueta: Por que tá trabalhando até hoje? O Gustavo não vai assumir então não tem o porque esperar até ele fazer 18- ele suspira me olhando.

Morte: Tô esperando você desistir Thiago, nenhum dono deixa sair do crime assim não, e eu tô só esperando você perceber que esse mundo não é pra você. Eu te aceitei trabalhar comigo porque eu sabia que se eu não aceitava, você ia atrás de outro, e iria ser pior. Por que não tenta outra coisa? Olha o mundo cheio de oportunidades pra você pô, sei que é difícil por causa desse bagulho de preconceito com povo da favela, mas não é impossível.

Fico calado apenas pensando no que ele me fala.

Morte: Você fez anos de escolinha de futebol, ficava toda alegre quando seu time ganhava, você me disse uma vez que era seu sonho ser um grande jogador pô. Já tá anos aqui no crime, e tu não mexe com quase nada de errado, te mandei em várias missões pra tu perceber que isso aqui não leva você pra um lugar bom, mas tu ainda não percebeu. O Gustavo não quer porque eu conversei muito com ele, eu expliquei como isso funcionava, e ele disse não, que não iria assumir isso aqui. Te falar, fiquei feliz pô, desejo essa vida pra ninguém não.

Farofa: Pô patrão, tem uma garota aí falando que não tão querendo vender pra ela- continuo com meu olhar pra frente pensando.

Morte: Agorinha eu vou- escuto seus passos se distanciarem- eu tô te passando a visão Thiago, porque eu já conversei com o Capetinha, nós vai sair, já passou da hora. Eu quero tá lá com a minha família, sem me preocupar em ser o dono do morro, já escolhi até o substituto. Agora você decide se vai mesmo continuar no tráfico, ou vai sair. Pensa muito pô, é seu futuro- assinto suspirando.

Fogueta: Vou pensar padrinho, obrigado, de verdade- ele sorri.

Tubarão: Eu acho que a Sofia não merecia um marido desse não pô, sabe bem comandar nada- resmunga subindo e meu padrinho revira os olhos.

Seguro a risada e meu vô sorri pro Morte.

Tubarão: Olá meu grande amigo Morte, que bom trabalho você faz- dou risada e meu padrinho faz cara de nojo pra ele.

Morte: Essa porra é insuportável- murmura- ih, alá, tá nascendo cabelo branco- fala apontando pro cabelo do meu avô que soca o braço dele.

Tubarão: Quero ver quando começar a nascer em você, otário- fala bolado.

Esses dois tem uma implicância maluca, mas sei que os dois se amam.

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Sempre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora