Capítulo 6

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~Fogueta on~

Eu nunca liguei pelo fato de ser adotado, eu sempre recebi amor de todos da minha família como se eu tivesse o sangue deles. E eu agradeço muito por isso.

Desde que eu fui adotado, eu soube o que é ter uma família, como é bom ser amado por uma família. Eu não precisava mas ficar triste por ver várias crianças sendo adotada, e eu apenas no canto por ser velho de mais, de acordo com pessoas que iam lá.

Eu tinha sim alguns traumas considerando tudo que eu passei com as pessoas que eram meus pais, mas eu consegui superar rápido graças a família que Deus me deu.

Conhecer cada um deles, ser acolhido por eles, e saber que posso confiar neles é uma sensação incrível.

A história dos meus pais foi bem, diferente, eu diria.

Meu pai Gaspar, triste com a minha madrinha em coma, decidiu ir beber em um barzinho na zona sul.

Ele tava passando por uma rua, até escutar um gemido de dor e um cara rir.

E então ele entrou no beco vendo um cara batendo em outro.

Ele empurrou o cara que batia no outro, e foi até ao que estava no chão sangrando.

O motivo do meu pai Yan estar apanhado foi pelo simples fato de ele ser ele, simples assim.

Um cara homofóbico, decidiu que iria bater no meu pai Yan só pelo fato dele ser gay. Acredita nisso? Fico puto só de imaginar.

Meu pai Gaspar ajudou o meu pai Yan, e depois disso se aproximaram como amigos.

Meu pai Gaspar nunca tinha ficado com alguém do mesmo sexo, até que o pai Yan beijou ele em um dia que eles tinham saído pra conversar atoa.

Gaspar negou de primeira, mas logo se rendeu retribuindo o beijo, bom, e hoje estamos aqui.

O meu maior orgulho são os meus pais, são as pessoas mais fortes que eu conheço.

Lua: Eu até hoje não sei isso de fórmula de Bhaskara, e olha que venho estudando a uns quatro anos- dou risada- me explica por favor?- ela coloca a câmera do celular no caderno dela me mostrando a atividade.

Começo a explicar pra ela que me olha atenta, e faz algumas anotações as vezes.

Eu sempre ajudo a Lua com as matérias da escola dela, sempre fui bom na escola.

A minha relação com a Lua, bom, é perfeita.

Nós sempre fomos muito próximos, e nos aproximamos ainda mais depois que eu voltei de São Paulo.

Sempre tratei ela como uma irmã, porque ela era praticamente uma.

Mas tudo mudou um tempo antes do meu aniversário de 18, quando pela primeira vez eu olhei pra ela diferente.

Ela tinha doze anos na época, e eu lembro de sentir algumas coisas estranhas olhando pra ela, então eu fui ao médico. Eu contei pra ele os sintomas, e ele só riu.

E eu confuso com aquilo que eu tava sentindo toda vez que olhava pra ela, comentei pro Gustavo me esquecendo totalmente que eu tava contando pra ele.

E desde então ele tenta me provocar, e eu tenho um puta medo dele comentar alguma coisa com ela, porque todo mundo sabe, aquele garoto é um fofoqueiro.

Eu não aceito estar sentindo alguma coisa assim pela Lua, porra, é a Lua caralho.

A garota pra quem eu contava historinhas para dormir quando era pequena.

Que eu abraça quando ela dizia estar com medo.

Que deixava ela grudar em mim com medo do escuro antes de dormir.

Ela é a porra da garota que eu daria minha vida, mas não aceito olhar pra ela de outro jeito.

É errado isso, e eu sei o quanto é, eu tenho noção do quanto essa porra é errada, mas eu não consigo parar de sentir.

Não consigo não me arrepiar quando ela encosta em mim, sentir meu coração acelerar quando ela chega perto, e é isso que fode tudo.

Eu conheço ela mais do que a mim mesmo, e eu sei que tem alguma coisa acontecendo com ela, e isso me faz ficar com uma puta agonia.

Ela acha que eu não percebo que tem alguma coisa de errado, mas tem. Eu queria perguntar pra ela o que tá rolando, mas eu não quero forçar. Se eu tô perguntando se ela tá bem, e ela diz que sim, é porque ela não quer contar.

E eu sinto a obrigação de demonstrar pra ela que ela pode confiar em mim, pra tudo.

~:~

Fogueta: Cadê o neném do irmão? Cadê?- brinco com o Luís que solta uma gargalhada mexendo os bracinhos.

Yan: Bate na cara desse seu irmão amor, bate- fala com o Luís que continua rindo.

Fogueta: Para de ensinar coisa errada pra ele pai- falo pra ele que me olha todo bobo assim como faz toda vez que eu chamo ele de pai, apesar disso acontecer a anos já- só eu que posso, não é neném?- o Luís para de rir olhando pra mim em silêncio.

Gaspar: Não, nenhum de vocês dois pode, me dá meu garoto aqui- ele pega o Luís do meu colo sentando ao lado, e coloca a mamadeira na boca dele- e tu seu arrombado? Lindo pra tua cara né Thiago? Cresceu e esqueceu dos pais- dou risada.

Fogueta: Nunca pai, só ando ocupado com algumas coisas- abraço ele de lado olhando pro Luís.

Yan: Vou ir ver umas coisas do meu trabalho ali- fala levantando- vem mais vezes visitar a gente viu- fala apontando o dedo pra mim, e eu assinto levantando as mãos em rendição, e ele dá um beijo na minha testa.

Observo ele ir pro quarto, mas logo volto meu olhar pro Luís.

Escuto o celular do meu pai Gaspar tocar e olho pra ele que nega.

Gaspar: É a princesinha Sofia, não atende- olho pra ele confuso- ela tá muito chata desde que ficou grávida- murmura e eu dou risada- acredita que esses dias duas horas da manhã tava me ligando pedindo sorvete? Por que não pede pro Morte?- nega com a cabeça- é cada uma.

Fogueta: E ela vai ter aquela garota mais não? Já faz dez anos que ela tá grávida- ele rir.

Gaspar: Deve tá quase pra ganhar já, vai vir a cara do Morte, todo dia ela fala que tá com ranço da cara dele- dou risada assentindo.

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