~Fogueta on~
Ando desesperado chamando o nome dela em meio ao barulho de tiro.
Olho pra minha arma que já tava acabando a bala, e nada da Agatha.
Minha mão começa a tremer, e eu tento ao máximo pensar positivo, mesmo sentindo uma angústia no peito.
Entro no beco vendo o corpo do Farofa no chão sangrando.
Fogueta: Merda- murmuro me aproximando dele que tava quase apagando- não fecha os olhos- falo alto pra ele pegando o radinho da cintura dele- no beco 2, agora- grito.
Mesmo doendo pra porra deixar meu irmão ali, eu levantei continuando a andar, mas sempre olhava pra trás só pra ter certeza de que ele ainda tá aqui.
Fico mais tranquilo quando vejo cinco homens e o Capetinha chegando perto do Farofa.
Saio correndo sentindo a adrenalina no meu sangue enquanto olho para todos os lados procurando a Agatha, e atirando em algumas pessoas que encontro no caminho.
Paro sentindo meu coração acelerado, e olho pra Agatha com as mãos pra cima chorando enquanto um cara ria na frente dela aponta a pistola na cabeça dela.
Destravo meu fuzil apontando pra ele, e ele me olha abrindo um sorriso.
Antes de apertar o gatilho meu corpo é empurrado com força pro chão, o que faz eu perder a mira e atirar no muro.
Tento pegar a arma, mas antes que eu faça isso escuto o barulho de disparo.
Meus olhos se enchem de lágrimas quando vejo que o tiro foi bem na barriga dela, e o cara logo depois atira na cabeça dela.
Grito tentando me levantar, mas sinto uma pancada forte na cabeça. E a última coisa que lembro, é meu rosto em contato com o chão gelado enquanto meus olhos se fecham automaticamente.
•Sonho off•
Sento na cama rápido com a respiração acelerada e os olhos arregalados olhando pra parede a minha frente.
Lua: O que foi?- tento controlar minha respiração quando percebo que foi só uma lembrança- meu amor, o que foi?- passo a mão no rosto sentindo o suor e olho pra ela que me olha preocupada.
Fogueta: Foi só um pesadelo- murmuro me levantando.
Lua: Quer conversar sobre?- pergunta se encostado na parede enquanto eu pego a escova de dente- sabe que tô aqui pra o que precisar né?
Fogueta: Eu sei- respiro fundo- não quero falar sobre isso- falo olhando pra ela pelo espelho, e ela assente me observando.
Lua: Vai trabalhar hoje?- nego escovando meus dentes e ela se aproxima pegando a escova dela.
Fogueta: Fui demitido- ela para passando a pasta na escova e me olha- não precisa se preocupar, vou conseguir um emprego logo- ela respira fundo se virando pra mim.
Lua: Não tô achando ruim o fato de você não ter emprego, só acho que trabalhar te deixa mais alegre, e eu gosto de te ver assim- fala dando de ombros.
Fogueta: Tô ligado, mais logo arrumo outro- ela assente e eu lavo minha boca esperando ela- a gente já pode escolher o nome da nossa garota né?- pergunto animado e ela enxagua a boca secando na toalha e se vira pra mim.
Lua: Eu escolho- nego fazendo careta.
Fogueta: Nada mais justo do que eu escolher- cruzo os braços olhando pra formiga que fecha a cara.
Lua: Mais justo é eu- fala bolada.
Fogueta: Foi eu que depositei esperma em você- ela me olha de cima a baixo com deboche cruzando os braços.
Lua: Mas quem vai carregar ela nove meses? E quem é que vai quase morrer pra colocar ela pra fora?- fico calado e ela rir toda feliz se achando.
Fogueta: Mas quem ela vai preferir?- sorrio todo convencido já.
Lua: Jurou né? É óbvio que é eu meu querido- dou risada.
Fogueta: Cada um se ilude da forma que quer- falo colocando leite pra criança- quer direto da fonte?- me viro pra ela que mexia no celular, e ela me olha abrindo um sorrisinho.
Lua: Quero da fonte dele- me mostra foto de um ator lá de não sei aonde.
Fogueta: Se enxerga garota, ele nunca vai te ver e nem saber quem você é na vida dele- ela faz careta- e aquilo lá é só personagem, ele não existe de verdade, então para de se iludir.
Lua: Não precisa dar um tapa na minha cara também- fala olhando pra foto do garoto lá- imagina um filho dele e outro meu? Caraca- faço cara feia pra ela que me ignora.
Esquento o leite dela colocando Toddy e coloco na frente dela que me conta toda animada sobre o garoto na série que ela assistiu.
Pego pão e manteiga e deixo na frente dela, ela ainda tem mão que eu saiba.
Abro a geladeira pegando o suco que eu tinha feito ontem.
Fogueta: Pela amor de Deus né Lua? Para de falar desse cara e aproveita o gostoso que tá do seu lado, vulgo eu- falo sorrindo todo convencido.
Lua: Aí ai viu, alguém avisa?- olho pra ela que me manda beijo- sabe o que eu tava pensando?
Fogueta: Não porque o pensamento é seu- falo antes dela continuar segurando a risada, e ela me olha com tédio.
Lua: A gente poderia se casar depois que nossa filha nascer, se você não morrer de infarto até lá, do jeito que tá velho- fala baixo rindo.
Fogueta: Toda engraçada tu né? Tá achando que tá no circo- ela rir mais quase cortando a mão com a faca- só tenho trinta anos Lua, me respeita por favor.
Lua: Certo, vou parar- fala mordendo um pedaço de pão.
Fogueta: Vou lá na favela hoje- ela me olha mastigando- mas logo tô lá no teu trabalho, tá perigoso tu ficar só- ela assente.
Lua: Voltou a falar normalmente com a nossa família?- pergunta de boca cheia e eu faço cara de nojo pra ela que me ignora.
Fogueta: Voltei ué, você já saiu de risco- sussurro a última parte.
Lua: Quê?- nego e ela dá de ombros- eu tô cansada, mas prefiro pegar férias quando tiver perto de parir, mais tempo de descanso.
Fogueta: Melhor pô, acho que vou deixar pra arrumar emprego só depois, te ajudo a pagar as coisas com uma reserva que eu tenho.
Lua: Se liga Thiago, isso é o de menos- nego ficando calado.
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