02 - Perdida no tempo.

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[25 de...]

Primeiro Dandara sentiu um arrepio, como se uma carga elétrica tivesse passado por todo seu corpo, e então começou a tremer freneticamente. Não via nada, tudo estava escuro, mas mal teve tempo de pensar sobre isso quando uma dor forte alcançou sua cabeça, eram fincadas que ficavam cada vez mais intensas. Gritou de dor enquanto passava as mãos por sua cabeça, mas nada era ouvido a não ser aquele pequeno chiado de fundo.

A dor cessou quando um feixe de luz atingiu suas vistas. Tampou os olhos para que não se cegasse com tamanho brilho. Os barulhos começaram a serem audíveis e ela teve coragem para abrir os olhos.

A menina loira estava na sua frente, a olhando com um olhar curioso, ela vestia um macacão jeans, uma blusa rosa e meias com as cores do arco-íris. Seu cabelo era liso e vinha até um pouco depois do ombro, ela estava com óculos estranhos no cabelo e seu relógio no pulso.

— Tira esse negócio de mim! TIRA! – Dandara exasperava tentando tirar o relógio do seu pulso, mas não tendo sucesso.

— Assim você não vai conseguir retirar. – A loira disse calmamente. – Precisa apertar o botão quadrado que fica perto da interface do relógio. – Ela informou, mas Dandara insistia em tentar tira-lo do modo convencional. – Sempre gostei dessa sua teimosia. – Ela confessou segurando a mão de Dandara delicadamente e tirando o relógio.

— O-o que você fez comigo? – Dandara indagou olhando em volta e percebendo que já não mais estava no beco, e sim num quarto feminino que não era o seu. – Onde eu estou?

— Bom...acho que você quis dizer, quando eu estou? Se essa foi sua pergunta, seja bem vinda ao fim do regime militar, você está em 1985!

Tão rápido quanto havia sumido, a dor na cabeça retornou, fazendo seu corpo amolecer e cair para trás. Com sorte, uma cama se encontrava bem ali, amortecendo a queda.

— A dor vai passar rápido. – A moça disse na tentativa de a tranquilizar.

— Que tipo de pegadinha é essa? O que você me deu?

— Eu não te dei nada, só fiz com que viajasse no tempo.

— Okay, você sabe que a gente está no meio de uma pandemia, você não deveria ficar fazendo pegadinhas, ainda mais se está sem máscara, eu tenho asma, e muito medo de contrair o vírus.

— Fique tranquila, você não pegou o vírus, nem eu, me certifiquei disso tudo antes de te trazer aqui. Imagina se eu levasse o corona para os anos 80, não quero nem pensar nisso. Ah e aqui está sua bombinha. – A moça disse pegando uma bombinha de ar em seu bolso, exatamente a mesma marca que Dandara usava.

— Para! – Dandara gritou. – Eu não sou uma piada! – Exasperou passando a mão na sua testa, na tentativa de aliviar a dor.

— Deve ser difícil de entender, mas é a verdade, eu vou te mostrar. – A loira segurou sua mão, a puxando, e de repente a dor sumiu novamente. – A propósito, meu nome é Celine, Dandara.

— Como sabe meu nome? – Ela perguntou, mas não obteve resposta. Celine, se aquele mesmo fosse seu nome, a puxou para o que era uma janela. Dandara conseguiu ver uma rua lotada de fuscas e outros carros antigos, jovens andavam de skates com roupas coloridas demais, e nenhum deles estava usando uma máscara. No final da rua, a praia que tanto gostava, lotada de turistas.

— E então? – Celine a perguntou curiosa.

— Por que você está fazendo isso comigo? O que quer de mim? Por que está brincando comigo?

— Eu não estou brincando com você.

— Por que me trouxe aqui?! – Dandara perguntou, mas não estava pensando nos anos oitenta, se recusava a acreditar naquilo, estava pensando na casa estranha que se encontrava.

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