18 - Egoístas?

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[14 de Maio de 1985]

O bichano pulou no sofá e sentou-se no colo de Celine, que passou a mãos nos pelos macios de seu gato enquanto assistia a algo na tevê.

Dandara apareceu no cômodo, segundos depois, usando um vestido azul rodado, bordado com lantejoulas brilhantes do mesmo tom de azul do mar em dias de verão.

— É o vestido que você desenhou? – Celine perguntou, ficando de pé e segurando seu gato. Dandara assentiu timidamente com um sorriso bonito. – Está lindo!

— Dona Clara me ajudou a fazer.

Alguns dias haviam se passado desde a ida ao ferro-velho. Dandara havia aproveitado para se dedicar as roupas que havia desenhado, e parecia que o tempo havia simplesmente voado na frente de seus olhos.

— É o vestido mais lindo que já vi. – Celine afirmou.

— Não seja ridícula.

— Estou falando sério.

— Obrigada.

Dandara sorriu por um instante, dando uma rodadinha feliz em seu vestido. Quando parou, seus olhos instantaneamente se fixaram no calendário pregado na parede. 14 de maio, ela viu e respirou fundo, desmanchando sutilmente seu sorriso. Distraiu-se, franzindo as sobrancelhas, segundos depois, quando ouviu aquele som vindo da tevê, as vozes...Ficou um tempo parada até que eles começaram a cantar, e Dandara reconheceu a música.

— Eu não acredito! – Ela sorriu e Celine a olhou, confusa.

— O que foi? – Ela soltou uma risada tentando entender a animação repentina de Dandara.

Sou feliz, por isso estou aqui. – Ela começou a cantar, correndo em direção a tevê, onde viu as crianças a cantarem também. – Também quero viajar nesse balão!

Celine sorriu, entendendo finalmente os sorrisos de Dandara, porém não havia imaginado do conhecimento da futurista em Superfantástico.

— Vem, você tem que cantar isso também! – Dandara pediu, segurando os braços de Celine, e a fazendo se levantar.

— De jeito nenhum. – A loira disse e Dandara a desferiu um olhar de como quem implora algo. – Super Fantástico...No balão mágico, o mundo fica bem mais divertido. – Celine se rendeu, cantando sem jeito.

Em resposta, Dandara soltou um grito animado e continuou a cantar a música, enquanto Celine apenas ria.

— Dandara...

— Sim...

Celine sorriu pelo jeito distraído com que Dandara a respondeu.

— Temos que ir num lugar.

— É um parque de diversões? – Dandara sugeriu.

— Não, mas podemos ir lá depois.

— Certo. – Ela desligou a tevê, um pouco relutante.

Saíram da casa e caminharam em direção a moto, ou oito, como Celine havia dito. Dandara pegou o capacete retrô com uma caveira estampada em seu lado esquerdo e o colocou na cabeça.

Na garupa da moto, a moça do futuro apenas observava o caminho da sua velha cidade. As coisas mudariam tanto. Aquelas construções já não seriam as mesmas, as pessoas envelheceriam, certas músicas se eternizariam. O tempo parecia algo tão mais palpável agora para ela, ainda não o entendia por completo, e desconfiava que nem Celine o fazia, mas diria que sabia mais sobre ele do que muitas das pessoas que caminhavam pela calçada. E isso a assustava e a encantava.

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