[14 de Maio de 1985]
O bichano pulou no sofá e sentou-se no colo de Celine, que passou a mãos nos pelos macios de seu gato enquanto assistia a algo na tevê.
Dandara apareceu no cômodo, segundos depois, usando um vestido azul rodado, bordado com lantejoulas brilhantes do mesmo tom de azul do mar em dias de verão.
— É o vestido que você desenhou? – Celine perguntou, ficando de pé e segurando seu gato. Dandara assentiu timidamente com um sorriso bonito. – Está lindo!
— Dona Clara me ajudou a fazer.
Alguns dias haviam se passado desde a ida ao ferro-velho. Dandara havia aproveitado para se dedicar as roupas que havia desenhado, e parecia que o tempo havia simplesmente voado na frente de seus olhos.
— É o vestido mais lindo que já vi. – Celine afirmou.
— Não seja ridícula.
— Estou falando sério.
— Obrigada.
Dandara sorriu por um instante, dando uma rodadinha feliz em seu vestido. Quando parou, seus olhos instantaneamente se fixaram no calendário pregado na parede. 14 de maio, ela viu e respirou fundo, desmanchando sutilmente seu sorriso. Distraiu-se, franzindo as sobrancelhas, segundos depois, quando ouviu aquele som vindo da tevê, as vozes...Ficou um tempo parada até que eles começaram a cantar, e Dandara reconheceu a música.
— Eu não acredito! – Ela sorriu e Celine a olhou, confusa.
— O que foi? – Ela soltou uma risada tentando entender a animação repentina de Dandara.
— Sou feliz, por isso estou aqui. – Ela começou a cantar, correndo em direção a tevê, onde viu as crianças a cantarem também. – Também quero viajar nesse balão!
Celine sorriu, entendendo finalmente os sorrisos de Dandara, porém não havia imaginado do conhecimento da futurista em Superfantástico.
— Vem, você tem que cantar isso também! – Dandara pediu, segurando os braços de Celine, e a fazendo se levantar.
— De jeito nenhum. – A loira disse e Dandara a desferiu um olhar de como quem implora algo. – Super Fantástico...No balão mágico, o mundo fica bem mais divertido. – Celine se rendeu, cantando sem jeito.
Em resposta, Dandara soltou um grito animado e continuou a cantar a música, enquanto Celine apenas ria.
— Dandara...
— Sim...
Celine sorriu pelo jeito distraído com que Dandara a respondeu.
— Temos que ir num lugar.
— É um parque de diversões? – Dandara sugeriu.
— Não, mas podemos ir lá depois.
— Certo. – Ela desligou a tevê, um pouco relutante.
Saíram da casa e caminharam em direção a moto, ou oito, como Celine havia dito. Dandara pegou o capacete retrô com uma caveira estampada em seu lado esquerdo e o colocou na cabeça.
Na garupa da moto, a moça do futuro apenas observava o caminho da sua velha cidade. As coisas mudariam tanto. Aquelas construções já não seriam as mesmas, as pessoas envelheceriam, certas músicas se eternizariam. O tempo parecia algo tão mais palpável agora para ela, ainda não o entendia por completo, e desconfiava que nem Celine o fazia, mas diria que sabia mais sobre ele do que muitas das pessoas que caminhavam pela calçada. E isso a assustava e a encantava.
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80 Chances Para Te Reconquistar
Ciencia Ficción"Dandara havia se cansado de estar acostumada com a monotonia de seus dias, os mesmos acontecimentos, problemas, dramas se repetindo toda vez que o sol começava a surgir. Então quando uma jovem loira e misteriosa a levou de volta ao passado, dizendo...