31 - Que o tempo pause.

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[11 de Junho de 1985]

Dandara estava sobre a areia da praia. Observava o nascer do sol. Elas haviam ficado ali. Celine, no entanto, havia dormido, deixando que a areia sujasse seu cabelo, Dandara soltou um riso, pensando no trabalho que a loira teria para o limpar depois. Ela não dormiu, só admirou as paisagens, a natureza.

Celine aos poucos abriu os olhos, e quando viu a futurista, sorriu.

Dandara com uma expressão divertida no rosto, puxou Celine, a fazendo se levantar.

— Vamos nadar, você aproveita e tira esta areia do seu corpo, e depois vamos para casa. – Celine assentiu para Dandara.

A futurista se levantou, e tirou a blusa, ficando com seu biquíni azul. Com passos calmos, de quem não tem pressa, ela caminhou até o mar. Sentiu a água gelada em seus pés. Entrou mais, e mais. As ondas a atingiam. Ela mergulhou, consumida por toda a graça que aquelas águas salgadas a faziam sentir.

Celine a seguiu para dentro do mar, deixou seus cabelos molharem, deixou que as ondas a empurrassem para trás. As duas agora, eram parte daquilo.

Mais tarde, quando chegaram em casa e tomaram um banho, ambas caíram num sono pesado, e cansado. Deitadas, preguiçosamente, naquela cama, ficaram até o anoitecer, e curioso, como Celine estava conseguindo dormir bem melhor nas últimas semanas. E era bom acordar e ter certeza de que Dandara estaria ao seu lado.

Quando a futurista acordou, Celine estava no laboratório. Dandara sorriu, Celine parecia tão concentrada, e sempre que se encontrava assim, mordia o lábio inferior, o que para Dandara, dava um charme a mais nela.

Ela estava com aqueles óculos esquisitos, mexia em ferramentas que a outra não conseguiria dizer os nomes, como na vez que ela havia a pedido uma chave de fenda, e Dandara não fazia a mínima ideia de qual ferramenta pegar. Soltou um riso bobo ao se lembrar daquilo, e ao pensar que em poucos meses convivendo com Celine, as duas já tinham muitas histórias para se lembrarem depois.

— O que está fazendo? – Dandara perguntou por fim.

Celine tirou seus óculos e olhou para ela parada na porta.

— Algo grande...Não sei se vai dar certo, mas se sim, vai revolucionar nossas viagens no tempo.

Dandara riu pelo jeito como Celine dizia aquilo.

— Mal posso esperar, mas não vou te atrapalhar agora, pode continuar seu trabalho. – Ela sorriu, se virando para trás. – Ah, e você fica muito bonita quando está concentrada. – Dandara disse saindo.

— Pois você também fica muito bonita dizendo estas coisas. – Ela ouviu Celine dizer do laboratório.

Caminhou para o quarto, pensando no quanto amava aquela cientista maluca. Abriu a gaveta da escrivaninha, curiosa sobre um assunto, queria ver algo com seus próprios olhos.

Pegou o relógio máquina. Colocou-o no pulso, um holograma azul surgiu vindo do relógio, como um painel. Dandara digitou o local, que não era nada mais que alguns metros fora daquela casa onde já estava. E a data, 25 de Janeiro daquele ano que também já estava.

Uma luz forte.

Então, lá estava ela. No lado de fora da casa, de onde dava para ver a janela do quarto que há pouco se encontrava, ou talvez que ainda iria de se encontrar. Lembrou-se então de que poderia alterar as coisas futuras, e seria perigoso, então se preparou para voltar a época que havia saído, quando viu Celine, pela janela. Ela estava mais nova, com um pirulito na boca, seus fios loiros para trás da orelha. Dandara sorriu, feliz de estar vendo aqueles detalhes, detalhes que não conseguiria ver com tamanha nitidez se não tivesse caído nas insistências da namorada e arrumado seus óculos de grau.

Aquela era ela, a versão passada de Celine, horas antes de conhecer Dandara pela primeira vez. Dandara olhava tudo com atenção, era tudo novo para ela, e estranho até, pois se parasse muito para pensar, agora ela havia conhecido Celine antes.

Com uma sensação de conforto, ela clicou no relógio.

A luz, a dor, o quarto de novo.

Saiu do quarto, Celine ainda estava no laboratório, como se o tempo mal tivesse passado.

Ela entrou, puxou Celine para perto, que surpresa, cambaleou um pouco para trás.

— O que foi?

Dandara puxou do bolso um colar feito de uma cordinha azul, com um pingente de concha, como aquele que Celine havia a dado e ela recusado tempos atrás, só que dessa vez, o colar era feito a mão.

Dandara o colocou em Celine.

— Quando você me deu aquele colar, você havia me assustado...

— É, eu entendi depois. – Celine afirmou. – Entendi que estava te pressionando e...

— É, você estava. Era tudo uma bagunça para mim, mas também foi uma bagunça para você. Você não tinha um manual de como agir quando sua namorada simplesmente esquece de você, e você fez escolhas desajustadas e eu fiz escolhas desajustadas. Mas estamos aqui agora, de alguma forma, estamos aqui. E eu só quero que estejamos aqui, porque eu te amo, Celine, com todas as letras. E eu quero que você esteja comigo sempre, então, promete? Promete para mim que sempre vai estar ao meu lado?

Celine fez um sorriso charmoso.

— Espero que isso não seja um pedido de casamento, porque soa como um, e mesmo que eu dissesse sim para você, sabe que não podemos nos casar legalmente, não ainda.

Dandara serrou as sobrancelhas.

— Eu prometo, Dandara, com todas as letras. – Ela sorriu animada. – Eu te amo.

E Dandara desejou que o tempo nunca tivesse passado.  

✨✨✨

Oi gente bonita. O que acharam do capítulo?

Vou tentar postar o final da história ainda essa semana. Coração a mil.

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