16 - Duas fugitivas, uma motocicleta.

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[26 de Janeiro de 2021]

Celine assistia as notícias pela televisão e tentava acompanhar todas as mudanças do mundo, o que era muito difícil mesmo para seu cérebro inteligente. Não sabia quanto tempo ficaria ali no futuro, ela não havia pensado nisso, na verdade não tinha pensado nem em um objetivo para estar ali, ela só queria ir para o futuro e observar e passar um tempo fora de sua casa e fora de seus problemas.

Ouviu a porta bater e se assustou. Quem seria? E se fosse os donos atuais da casa? Ou algum conhecido? Ela estaria encrencada. Subiu rapidamente as escadas, chegando no segundo andar, caminhou com um certo receio até a varanda e olhou para baixo, na rua. Havia uma garota, de cabelos escuros cacheados, parada na porta, e Celine não demorou para reconhecê-la. Por algum motivo, vê-la ali fez Celine sorrir.

Desceu as escadas depressa e pegou a chave para abrir a porta, mas antes que fizesse se lembrou que o mundo estava diferente e que ela precisava de uma máscara. A pegou e a colocou e então abriu a porta.

— Eu percebi que não havíamos falado que horário iríamos para a praia e seria chato caso nos desencontrássemos, não?

— Oi, Dandara. – Celine sorriu com os olhos.

— Ei, Celine. – Dandara também sorriu. – E então, está ocupada agora? Porque pensei que poderíamos ver a praia, é uma linda manhã hoje.

— Não, não estou ocupada. Seria incrível ver a praia agora.

— Perfeito.

Celine calçou seus chinelos e saiu da casa, fechando a porta. Dandara começou a andar, rumo a praia e Celine a acompanhou.

Celi, posso te chamar de Celi? – Celine assentiu achando o apelido um tanto engraçado. – O que gosta de fazer?

— Gosto de dirigir meu carro, enquanto ouço música.

— Parece bom, que músicas você gosta?

— Um pouco de tudo, no geral músicas antigas. – Pois todas as músicas que ela conhecia seriam antigas para Dandara.

— Tipo Cyndi Lauper e Legião Urbana? – Ela indagou e Celine abriu a boca, surpresa da garota ao seu lado conhecer nomes da música de sua época.

— Sim. – Ela sorriu.

— Eu também gosto de músicas antigas, e de novas também.

— E do que mais você gosta? – Celine perguntou.

— Da praia. – Ela respondeu enquanto as duas andavam pela areia e avistavam as ondas do mar a quebrarem. A praia vazia a dava uma sensação reconfortante e melancólica simultaneamente. – Porque ela me deixa fugir por um tempo de meus problemas.

— Sinto o mesmo. – Celine confessou, surpreendendo até a si própria por sua resposta, não havia pensado muito naquilo.

— Então acho que somos duas fugitivas. – Ela riu fraco. – Você acha que isso é covardia? – Dandara perguntou pensativa.

— Acho que é proteção, proteção momentânea, como adiar um fim inevitável.

— Então acho melhor aproveitarmos antes que tenhamos de enfrentar os problemas. Vai querer uma água de coco? – Ela perguntou com um sorriso apontando para um pequeno quiosque na praia.

— Claro.

***

[08 de Maio de 1985]

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