- Amor! Por favor, tenta entender... - Rafa implorava, observando as costas de Gizelly.
Apesar do tom suplicante da mineira, Gizelly não conseguia tirar a imagem de Rafa nos braços de Caon ao entrar no colégio naquela manhã. E do beijo que deram pouco antes de se afastarem. Da indiferença com a qual Rafa passou por ela no corredor...
Aquilo doeu... Doeu mais do que Gizelly poderia imaginar que doeria.
- Gi...? - Rafa chamou novamente, tentando se aproximar, mas a menor afastou-se de seu toque.
Ambas estava embaixo das arquibancadas. Rafa havia mandado uma mensagem para Gizelly pelo contato de Copas, pedindo para se encontrarem que ela explicaria tudo. A menor cogitou não ir, mas sua curiosidade falou mais alto que sua raiva e sua mágoa. Sem contar a esperança de tudo ser uma pegadinha sem graça. Atrasou uns minutos, pois decidiu de última hora, pouco antes de ir embora, então quando chegou, encontrou uma Rafaella aflita, andando de um lado para o outro enquanto remexia as mãos nervosamente.
A mineira suspirou aliviada e sorriu ao ver a namorada chegar. Correu com os braços abertos para um abraço, mas sentiu as mãos de Gizelly lhe afastando. Depois de vários minutos explicando o que aconteceu com o pai na noite passada e seu acordo com Caon, Gizelly se calou, virando de costas para a maior.
- Por favor, diz alguma coisa - Rafa sussurrou, quase desesperada.
Gizelly se virou para a maior, mostrando os olhos marejados de lágrimas e a expressão magoada, com um misto de raiva e indignação.
- Quer que eu diga o que, Rafaella? - perguntou, nervosa. - "Que maravilha que a MINHA namorada vai fingir um namoro com o cara mais escroto do colégio"? Ou talvez, "que ótimo saber que meu sogro já me odeia sem nem me conhecer"? - Gizelly explodiu, cada vez mais chorosa e a voz ficando embargada, mas sem abandonar o tom sarcástico. - Ah não, tenho uma melhor, " vai ser maravilhoso assistir a minha namorada aos beijos com outra pessoa em público"!
- Gi, foi só um selinho... - Rafa tentou se defender, mas Gizelly lhe lançou um olhar ameaçador que a fez se arrepender de falar algo no mesmo instante.
Ambas se calaram e Gizelly bufou, exasperada, antes de se sentar em uma mureta baixa que havia ali, abraçando os joelhos e escondendo o rosto nos braços. Rafa ficou em pé, assistindo a cena, sem saber o que fazer. Era nauseante ficar com Caon e foi excruciante ser indiferente com Gizelly por todo o dia. Após ver sua expressão de decepção e magoa, só queria correr e lhe abraçar. Lhe dizer que era apenas uma farsa para a proteção de ambas. Lhe dizer que a amava mais que tudo.
Sem ter muitas alternativas, Rafa se aproximou da menor, se abaixando até ficarem na mesma altura e pousou sua mão sobre seu braço, tentando dar algum conforto.
- Eu sei como tudo isso é péssimo e horrível, ok - Rafa sussurrou, sentindo os próprios olhos arderem com as lágrimas que segurava. - Mas é o único jeito, pelo menos por enquanto...
Gizelly não se mexeu, apenas fungou alto e soluçou.
- Eu te amo, Gi - continuou a mineira. - Mais do que pode imaginar. Mais do que eu consigo expressar.. Então... - Rafa fez uma pausa, tentando controlar o aperto que sentia no peito. - Por favor, não me abandona! Não me deixa!
Depois de longos e torturantes minutos, Gizelly levantou os olhos para a mineira. Os olhos vermelhos e o rosto manchado de lágrimas.
- Eu preciso de um tempo... - sussurrou com um fio de voz.
- Gi, por fa...
- Eu preciso pensar! Por favor, me dê ao menos isso - Gizelly pediu, quase como uma suplica.
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O Segredo de Copas
FanfictionRafa Kalimann, a abelha rainha do Colégio Global. Uma verdadeira princesinha de mármore, fria e dura, rodeada de bajuladores. Seu pai é dono de uma rede de hotéis e comanda a família e os filhos com a rédea curta, diferente de sua mãe, uma artista p...