5 - É ela

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ELA SAIU PORRAAAAA! MAMACITA FOI TOMBADA! E como prometido, veio aí!

Rafa estava esperando nos bastidores do palco do teatro. Era o dia para o ensaio da cerimônia de encerramento do ano. Boninho assistia a tudo com um sorriso orgulhoso no rosto e andava pelos alunos que corriam atarefados. O grupo de teatro era o que mais trabalhava ali, organizando a todos e arrumando o palco. Bruna disse que naquele dia Rafa estaria dispensada dos deveres dela do grupo, pois teria que ensaiar junto com os demais. Na verdade, não tinha nada demais, provavelmente Bruna só não queria Rafa atrapalhando por perto.

A mineira estava mexendo no celular distraidamente quando ouviu as vozes de algumas pessoas se aproximarem no palco. Como Rafa estava bem atrás das pesadas cortinas vermelhas de veludo, ninguém a notou.

- ...você nem sabe quem é essa pessoa, Gizelly - Paulinho censurava. - Por Deus, e se for um sequestrador de meia idade se passando por uma adolescente?

- Não é, ok - respondeu Gizelly com a voz irritada. - É só uma menina que gosta das minhas histórias.

- Mas a questão é que você não conhece - argumentou Taís, tentando ser mais diplomática. - O Paulinho tá certo, a gente só tá preocupado.

- Não trocamos endereço nem nada do tipo, só um estúpido número de telefone - retrucou Gizelly, ficando cada vez mais contrariada. - Sem contar que ela é de Minas.

- Mas Gi... - Paulinho começou a falar, mas Gizelly cortou o amigo e saiu batendo o pé em direção aos bastidores.

A menina passou tão rápido pela cortina que nem viu Rafa estática logo atrás. A mineira encara o espaço vazio por onde Gizelly entrou e então olhou o caminho que a menor fez, sumindo de vista logo à frente.

Em teoria, nada daquilo confirmava que Gizelly era realmente BiCaRalho, mas eram coincidências demais. Com isso em mente, Rafa começou a lista-las nos dedos. Gizelly e BiCaralho ambas escreviam histórias. Ambas tinham uma amiga virtual anônima. Trocaram números de telefone e a suposta amiga virtual era de Minas, assim como Rafa havia mentido para BiCaRalho...

Não era possível! Não, não, não!

De todas as pessoas no mundo que usam a internet de forma anônima, Rafa tinha que se aproximar justo dela? E o pior, tinha gostado dela! Adorava conversar com Gizelly. Ultimamente, têm sido os melhores momentos da menina.

Logo Bruna e a professora de teatro da escola organizaram todos no palco. Ensaiaram a entrada de cada um, assim como a entrega dos troféus e um discurso breve e sem graça. Rafa seria a penúltima e logo atrás vinha Gizelly. Ambas estavam enfileiradas no fundo do palco esperando a deixa para entrar. Rafa tentava olhar para a menor disfarçadamente, mas Gizelly nem notava. Estava o tempo inteiro checando a tela do celular, distraída.

Um lado inconsciente da mineira notou como a menor cheirava tão bem. Tinha um perfume doce e aconchegante de baunilha, a fragrância preferida de Rafa. Também estava linda com o cabelo solto naquela tarde. Os cachos jogados para um lado faziam uma cortina misteriosa sobre o rosto redondinho de Gizelly.

Era tão fofinha...

- É a sua vez - sussurrou Gizelly, apontando para o palco com o queixo. - Tá dormindo?

Rafa se viu despertando do seu transe e vestiu a máscara de Kalimann novamente, levantando a sobrancelha e desfilando lentamente até seu lugar, como se o atraso fizesse parte de seu plano desde o início. Quase podia ouvir Gizelly revirando os olhos às suas costas.

O ensaio foi rápido e logo todos se despediram. Rafa ficou se enrolando no palco e vigiava Gizelly a distância. Quando a menor saiu do teatro acompanhada de Paulinho e Taís, Rafa os seguiu até fora do campus do colégio. Atravessaram a rua e ficaram no ponto de ônibus conversando enquanto esperavam o ônibus. Logo apareceu o ônibus de Taís e a baiana saiu com um grito dando tchau da janela do enorme veículo. Paulinho esperou até Gizelly subir no próprio ônibus e então começou a descer a rua com sua bicicleta.

O Segredo de CopasOnde histórias criam vida. Descubra agora