O Segredo de Copas

4 - Mensagem

Gizelly acordou cheia de preguiça naquela manhã de terça-feira. Por ser a última semana de aulas, os dias pareciam se arrastar. Assim que espantou os últimos resquícios de sono do corpo com uma longa espreguiçada, viu seu computador ligado do outro lado do quarto. Havia esquecido ele ligado, pois ficou esperando por uma resposta de Copas.

Levantou-se da cama e olhou o chat da conversa. Nada!

Chegou a pensar que talvez pedir o número do telefone fosse demais. Talvez Copas tenha se assustado, mas por outro lado, era apenas um número de telefone. Não havia pedido o endereço da casa da garota! O que ela poderia fazer de estranho apenas com um número de telefone?! Nada!

Irritada, Gizelly seguiu para o banho e foi se aprontar para mais um dia escolar. Um dos últimos do ano.

*****

- Para aqui - ordenou Rafa ao motorista no caminho para a escola.

O homem freou o carro assustado e olhou confuso para a menina no banco de trás.

- É rapidinho - disse Rafa antes de sair do carro e correr até uma banquinha de revista.

Comprou um chip qualquer de telefone, uma revista de moda e uma caixinha de chicletes. Quando voltou para o carro, o motorista olhou a revista e a caixinha de chicletes, incrédulo.

- Eu tô com mau hálito e essa é a última edição - explicou Rafaella em seu tom esnobe como se fosse algo óbvio e urgente.

O homem revirou os olhos e continuou viagem. Assim que Rafa chegou na escola, correu para o banheiro e colocou o chip em seu antigo celular, configurando o novo DDD como 31, de Minas Gerais.

- Rafa? Tá tudo bem? - ouviu a voz de Gabi.

- Tudo ótimo, só precisei ajustar uma coisinha aqui - respondeu Rafa saindo do banheiro com a menor.

- Bom dia, linda - cumprimentou Caon, tentando dar um beijo nos lábios da morena, mas Rafa desviou o rosto e o beijo acabou sendo na bochecha.

- Oi, Caon - respondeu, dispensando o rapaz com um aceno.

Do outro lado do corredor, viu Gizelly chegar com uma carranca super mau humorada. Marchava olhando para a frente e parecia discutir com si mesma. Paulinho veio correndo e logo que cumprimentou Gizelly, a menor abriu um sorriso e desfez a carranca.

O dia se arrastou entediante e incrivelmente longo. No final do dia, Rafa ainda teve que ir a estúpida reunião do clube de teatro. Bruna deixou um menino baixinho e tímido para ser responsável por ela, um tal de Eusébio. Ele era responsável pelo figurino, então Rafa virou uma arara ambulante, carregando roupas para cima e para baixo.

Na hora de ir embora, Rafa estava arrumando a própria bolsa num canto quando Bruna veio conversar com a maior.

- Você foi bem hoje - disse Bruna com um sorriso. - O Baby é super chato e não reclamou de nada de você.

- Baby? - Rafa perguntou confusa.

- O Eusébio.

- E isso é bom? - Rafa perguntou em tom sarcástico.

- Acredite em mim, é um baita elogio, vindo dele - respondeu Bruna. - O Baby reclamava do último assistente que o menino respirava muito alto perto dele - contou Bruna, rindo e fazendo um sorriso pequenininho e descrente se abrir no rosto da maior. - Bom, eu vim te contar que amanhã não vamos ao hospital, só na próxima semana. Por causa do ensaio da cerimônia - continuou Bruma quando viu Rafa dando as costas para sair.

Rafa parou e deu meia volta.

- Então amanhã eu não preciso vir?

- Hum... Não... Amanhã nós não vamos ao hospital, mas você precisa vir e ensaiar para a cerimônia - explicou Bruna. - Você ficou em segundo na lista, né?