Meses se passaram. A S.J.Y começava a registrar as primeiras áreas neutras dentro da infestação mundial de Mantus. Nós não declaramos essas áreas como povoáveis, por medo de que algum Mantus escapasse e causasse novos pandemônios; porém, depois de todos esses anos em que estávamos lutando, era uma porção de vitória sobre aquelas mutações. Já fazia um ano – mais ou menos – que Timmy havia sacrificado-se para me permitir continuar vivendo, e novos agentes estavam deixando seus treinamentos e se tornando parte ativa da S.J.Y.Eu, por outro lado, me via diferente da Sophie Jones de alguns anos atrás. Antes eu não enxergava um futuro para mim, eu tentei destruir o meu futuro quando perdi Timmy; mas depois eu percebi que eu queria criar um futuro não só para que ele existisse, mas para que eu pudesse viver nele. As vezes fecho meus olhos e fico pensando em como tudo estaria hoje se eu pensasse dessa forma desde o início, se eu poderia poupar a vida de muitas pessoas, mas alguém muito importante para mim uma vez me disse que eu precisava entender que me arrepender ou lamentar isso para sempre não mudaria as coisas que aconteceram, tudo o que poderia acontecer era o retorno da minha loucura. E só de pensar em machucar o John como eu fiz naquela vez, o meu coração se parte em mil pedaços.
Com os avanços da S.J.Y em território Mantus, Silver decidiu que precisava por um fim em determinadas áreas onde os resgates já foram efetuados, na esperança de conquistarem um espaço maior de terreno. Para isso, equipes estavam sendo enviadas com a única missão de extermínio dos Mantus. Um desses locais era o Brasil. A parte sul do país encontrava-se em estado de extinção Mantus, já que recebera várias visitas da S.J.Y.
Quando Silver foi questionada por um dos alfas vermelhos sobre como lidaria com a antiga base da S.J.Y, a resposta foi clara e fria.
- Nós não temos sobreviventes lá, e não sabemos que alguma coisa de dentro da base de estudos não conseguirá escapar e afetar quem venha a povoar aquela ilha futuramente. A antiga central da S.J.Y é uma ilha que já não existia no mapa, nossa tarefa será apenas de garantir que realmente não exista nada lá.
- Não me diga que...
- Sim, agente, a antiga base será extinta também. Não temos conhecimento total sobre a sobrevivência do mutágeno alienígena. O máximo que sabemos é que aquilo não sobrevive se cair na água. Não podemos correr o risco de termos novos mutados dentro de uma base, ou até mesmo de sobreviventes perderem sua segunda chance. Aquela ilha deve desaparecer por completo, junto com a catástrofe que aconteceu dentro dela.
- Uma queima de arquivos, Silver?
- Basicamente.
Enquanto isso, a Beta Vermelha estava em pausa para o almoço. Estavam comemorando o sucesso do novo sistema de segurança da S.J.Y, que entraria em vigor em dois dias.
- Aos nossos gênios! – dizia Oito, erguendo um copo de refrigerante.
Toda Beta Vermelha estava sentada à mesa, ainda estranhando o tamanho do lugar para tão poucos agentes – apenas na equipe Beta. Juntos, ergueram seus copos e responderam ao brinde de Oito.
Os Betas já eram acostumados a conviver com olhares estranhos desde a antiga central, portanto não estavam ligando para os olhares estranhos ou enojados das pessoas à volta deles. Era normal que outras pessoas acreditassem que ninguém ali merecia se divertir ou comemorar algo enquanto existiam possíveis sobreviventes e pessoas se mutando todos os dias; eles mesmos já tiveram esse tipo de pensamento.
Alguns agentes que também vieram da antiga central cochichavam pelos cantos. Mesmo depois de todas as cenas que já aconteceram, continuavam a acreditar que a Beta Vermelha não passava de uma conversa fiada, e que na verdade estavam mantendo seus postos por outros motivos. Afinal de contas, como uma equipe de elite com tantos feitos e tanto reconhecimento dentro da S.J.Y podia brindar com felicidade e unir as mãos com seus cônjuges como se tudo não passasse de uma brincadeira? Certamente eram beneficiados por alguém e tudo aquilo era apenas uma história para enaltecer seus egos.
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APOCALYPSE
Science FictionPor onde passo, vejo pânico. O mundo que você conhece, para mim não existe mais. As cidades foram tomadas por seres que perderam sua humanidade, que infectam as pessoas quando são mordidas por eles. Nós ainda não sabemos como isso tudo começou, e ta...