As ruas foram tomadas por aqueles monstros terríveis. Sua sede de sangue humano parecia insaciável, e a mutação daqueles que foram mordidos era muito veloz. Os humanos começaram a fugir e tentar salvar suas próprias vidas. Não havia mais uma crença, não havia mais um bem maior. Eu vi mães se entregarem por seus filhos, e ninguém fazia nada por elas. Assim como eu não pude fazer nada para salvá-lo, e precisei vê-lo cair nos meus pés. Ele me salvou, mas ninguém pode salvá-lo, incluso eu mesma. Eu precisei vê-lo partir, para salvar a minha própria vida. Eu preferia ter morrido ao seu lado.Columbia, Tennessee.
Os primeiros infectados que surgiram no Tennesse esconderam-se nas áreas rurais, não por opção. Assim que seus aviões e helicópteros perdiam o controle por causa da mutação completa dos pilotos, caíam nos locais mais próximos. Por possuírem uma resistência muito grande, os infectados resistiam às quedas e começavam a vagar atrás de alimento. Por sorte da humanidade, alguns acabavam sendo explodidos junto com seus veículos aéreos.
Os que alcançaram o chão, de tanto vagarem, encontraram os humanos das zonas rurais, e então fora somente questão de tempo até que chegassem à cidade. As primeiras aparições causaram grandes estragos, mas o verdadeiro inferno começou quando os locais se mutaram.
Não havia paz. Aquelas criaturas atacavam durante o dia, e à noite buscavam por onde tivesse luz. Os moradores sobreviventes, assustados, tentaram fugir da cidade, ou se esconderam nos porões das casas.
Essa cena se repetia em vários lugares do mundo. Aqueles monstros tomaram conta do globo terrestre inteiro. A S.J.Y ganhou as outras organizações como aliadas, resgatando quem conseguissem, e as colocando em ilhas inabitadas sob proteção da S.J.Y. Também fora resgatado e realocados alguns rebanhos de gados e outros animais, para trazer aos humanos a sensação de normalidade em suas vidas. Essas ilhas também possuíam uma base de comando da organização, cada uma. Assim, agentes e futuros agentes podiam transitar pela ilha e cumprir seus treinamentos.
Equipes foram enviadas para o Tennessee assim que detectaram a atividade dos infectados. Em alguns dias, as ruas estavam cobertas com infectados e um exército armado. Eles buscavam por sobreviventes, acessando os porões das casas.
Usavam vestes pretas que cobriam todo o corpo, usavam protetores que impediam os dentes daqueles monstros de tocarem seus corpos. Porém, suas cabeças estavam descobertas, apenas usavam a proteção de viseiras. Usavam um armamento estranho. Eram pistolas compridas e grandes, com os canos retangulares e de uma coloração esbranquiçada, quase como se fossem feitas de mármore. Assim que atiravam no peito daqueles monstros, eles começavam a se esvair em cinzas.
Seja lá qual tipo de tecnologia a S.J.Y desenvolveu, parecia ser muito eficaz. Porém, a dúvida que surgia entre os membros da organização era se isso tudo criado agora seria suficiente para parar a infecção. Aquelas armas de canos estranhos pareciam lidar muito bem contra os infectados. Em alguns minutos eles já estavam completamente destruídos.
Ao entrarem nas casas, os agentes podiam ver de tudo. Pessoas em pânico implorando por ajuda, corpos de pessoas que morreram por problemas de saúde, alta de remédios, ansiedade, corpos de pessoas que deixaram a loucura lhes levarem ao suicídio, entre outras coisas. Mas também viam homens, mulheres e crianças chorando e lutando por suas vidas, ao levarem um infectado junto com elas, sem perceberem as marcas das mordidas. Outras vezes, apenas viam mutantes resultantes dos ataques que aconteciam lá em cima.
Os agentes arrombaram uma casa que ficava bem ao centro de Columbia. Havia uma garota, de aproximadamente dezoito anos, encolhida num canto, entre duas paredes. Ela tremia de medo, mas assim que reconhecera rostos humanos e viu o símbolo da S.J.Y, correu ao encontro dos agentes, abraçando um deles e implorando que tirassem-na daquele inferno.
Eram duas mulheres e dois homens que aparentavam cerca de trinta anos. Eles instruíram a garota em como se portar quando estivessem do lado de fora da casa, e obtiveram êxito em levá-la até a nave da S.J.Y. Lá dentro, trataram de alimentá-la e vestí-la até ser designada para uma das ilhas.
Durante o trajeto, a menina viu tudo. Assistia os monstros pulando enlouquecidamente em cima dos humanos, na tentativa de devorá-los, os tiros daquelas armas tão estranhas que pareciam ter vindo de outro mundo. Em meio a tanta guerra e desespero, a menina sentiu esperança de que tudo pudesse voltar a ser como antes.
Ao mesmo tempo em que ela lembrava-se de que aqueles monstros um dia já foram humanos, que acabaram atacando seus irmãos, parentes, filhos, cônjuges, sem nem terem ciência disso. Ela compreendera que uma das pessoas que ela fugia, enquanto presa no porão, era de seu pai, que saiu para buscar o jantar faziam mais ou menos dois dias. E de quantos outros conhecidos ela não estava fugindo agora?
No chão, corpos de soldados e infectados se transformando em pó. Nos céus, helicópteros desgovernados, ou levantando vôo. Na altura dos olhos da menina resgatada, as escadas da nave da S.J.Y.
Quando tivera a oportunidade de conversar com os agentes, logo após passar pela avaliação médica, eles lhe explicaram o que estava acontecendo, e que Columbia não era o único lugar a sofrer com essa ameaça. Em seguida lhe explicaram a tarefa que cumpriram. A menina teve seus olhos lavados por admiração ao esforço deles para com a humanidade, visto que parte da sua ingenuidade era fruto da sociedade em que ela vivia.
Ela questionou-os sobre como se tornaram agentes da S.J.Y. E assim que eles lhe explicaram sobre o teste e a fase de treinamento, ela decidiu que gostaria de prestar o teste e ajudá-los na missão de resgatar todos os humanos possíveis antes que a raça humana fosse extinta.
Demonstrou muita atenção nas tarefas que realizava, agilidade e estratégia. Os mentores responsáveis pela aplicação do teste ficaram bastante impressionados com o desempenho da menina. Talvez tudo o que ela viu e viveu fosse o grande motivo dessas habilidades terem se manifestado com tanto potencial a ser trabalhado.
Um dos mentores se aproximou da menina.
- Pode me dizer o seu nome?
- Sophie Jones.
- Pois bem, Sophie Jones, a partir de hoje você atenderá por Número 8 e fará parte da equipe Beta na Divisão Vermelha. Você será transferida para a área onde sua equipe se encontra e seu treinamento será realizado pelos mentores da divisão vermelha.
- Obrigada senhor.
- Tenha uma boa viagem, Número 8.

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APOCALYPSE
Fiksi IlmiahPor onde passo, vejo pânico. O mundo que você conhece, para mim não existe mais. As cidades foram tomadas por seres que perderam sua humanidade, que infectam as pessoas quando são mordidas por eles. Nós ainda não sabemos como isso tudo começou, e ta...