Permita-se

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A sós no dormitório, Sete e Oito aprontavam-se para dormir. Era a primeira noite de muitas em que eles não precisariam patrulhar a divisão Azul. Para quem fazia a patrulha noturna, era realmente bem estranho ver o quarto ainda à noite.

Sete não sentia sono, estava acostumado com os horários invertidos, e para ele era extremamente difícil consertar isso. Oito, por outro lado, podia dormir em qualquer lugar e a qualquer hora; inverter horários era a especialidade dela.

Por essa razão Oito já aninhava-se nos cobertores para dormir, enquanto Sete estava deitado na cama, mas distraído mexendo num aparelho semelhante ao tablet. Ele estava concentrado em um jogo clássico que recebera várias e várias versões, mas que ele encontrara na antiga versão, quando a telas dos celulares ainda eram monocromáticas: Snake, também conhecido como "o jogo da cobrinha".

Oito estava um pouco incomodada com a concentração de Sete pelo jogo. Ela havia lhe desejado bons sonhos três vezes e foi totalmente ignorada. Ele só tinha olhos para aquele monte de pixels andando pela tela do aparelho, tentando alcançar um pixel que se encontrava parado. E ele era um excelente jogador; por mais que Oito estivesse silenciosamente praguejando para que ele acertasse a ponta da tela e o jogo terminasse, ele demonstrava gigantesca habilidade, já que a cobrinha estava bem grande.

Oito caminhava com os dedos no abdômen de Sete, tentando tirar-lhe a atenção do jogo.

- Só me deixa terminar o jogo...

- Não!

Sete sentia os dedos de Oito tentando lhe fazer cócegas, mas falhando miseravelmente. Ele sorria, achando fofo o ciúme que sua namorada sentia daquele jogo.

- Eu não sinto cócegas, você sabe disso.

Ela colocou a mão por baixo da camiseta que ele estava usando, subindo a mão até o tórax dele, e descendo até a barra da bermuda arranhando-o.

- Mas isso você sente.

Sete sentiu um forte arrepio, que quase o fez derrubar o aparelho, mas seguiu prestando atenção no jogo. Oito sorriu satisfatoriamente, percebendo que enfim estava atingindo o objetivo dela. Ela repete o feito, e mais uma vez Sete quase perde o jogo, mas se mantém firme. A terceira vez foi antecipada pela entrada de Oito no meio dos braços de Sete – que ainda se mantinha firme ao jogo, ou pelo menos tentava – e sucedida por uma marquinha que ela deixava no pescoço dele, o que foi suficiente para fazer Sete fechar os olhos por um segundo e a cobra do jogo atingir a parede e a mensagem de "Game Over" aparecer na tela.

Sete deixou o aparelho de lado, virando-se para Oito, que já estava com a cabeça encostada em seu ombro, e acariciou-lhe o rosto.

- Você é uma peste, mesmo.

- Eu só queria atenção! Desejei bons sonhos três vezes.

- Me desculpa? – Disse ele, lhe um selinho.

- "Me desculpa?" – Repetiu Oito, saindo dos braços dele e se virando de costas.

Sete conhecia sua namorada, sabia que essa era a maneira que ela tinha de fazer com ele a mimasse, e ela usava muito isso. Esse tipo de chantagem era comum de ela fazer com qualquer pessoa quando queria muito que alguém a abraçasse. Era quase um ato involuntário.

Por essa razão, ele abraçou-a por trás e encaixou seu corpo ao dela. Com uma voz rouquinha, ele sussurra no ouvido de Oito, mordiscando a orelha dela logo em seguida.

- Não vai me desculpar, amor?

Ela se vira de barriga para cima e, antes que complete meia volta e fique de frente para Sete, ele se ergue na cama e a encontra num beijo apaixonado, lhe acaricia o rosto enquanto gentilmente conduz o beijo, fixando seus olhos em Oito assim que separava seus lábios dos dela. A garota sorriu, tocando o rosto dele.

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