Assim que abriu os olhos, estranhou ao perceber que não estava jogada no chão da Floresta Morta. Poderia ter sido levada de volta a Dustford, se não fosse pelos burburinhos do lado de fora do quarto onde se encontrava.
O quarto era simples, com paredes brancas, algumas estantes com suprimentos e um criado mudo de madeira de três gavetas largas. Em cima do criado mudo, havia um jarro de água, com um copo de metal amassado. Nessa se sentou na cama com dificuldade, e se serviu rapidamente com a água do jarro.
Não se deu o trabalho de prestar atenção no líquido transparente, talvez estivesse envenenado, mas a jovem prisioneira não se importava, não quando ao menos deveria estar viva. Alguns chamariam isso de milagre, mas Nessa, com certeza acreditava ser uma maldição.
Notou que suas vestes sujas foram trocadas por roupas limpas, e seus ferimentos foram tratados. Franziu o cenho ao procurar queimaduras pelo seu corpo.
Não havia nenhuma.
Aquilo era algo impossível de acontecer. Tudo que conseguia pensar era que seja quem for que tivesse encontrado o corpo fraco de Nessa Signeyrsa, possuía poções de cura diferente de todas as quais a espiã havia conhecido em Ranurean. A porta foi aberta lentamente, e de trás dela, uma mulher com idade avançada entrou no quarto.
Ela havia traços de cansaço embaixo dos olhos, as rugas revelavam o trabalho árduo e as mãos calejadas diziam muito sobre ela. Nessa observou cada um dos movimentos da mulher. As roupas surradas juntamente com o avental sujo de farinha indicavam que ela trabalhava na cozinha.
— Eu morri? — Nessa perguntou com a voz um pouco rouca. A mulher olhou por cima dos ombros e sorriu de forma engraçada para ela.
— Quase, se eu não tivesse lhe encontrado, certamente estaria servindo de comida para os corvos — a mulher explicou enquanto procurava por algo em uma das estantes.
— Poderia ter me deixado morrer. Por que me trouxe para sua casa? — a prisioneira questionou franzindo o cenho. Bondade como aquela não existia, não de graça.
— Primeiramente, eu jamais deixaria ninguém machucada para trás. Aliás, a casa não é minha, é de meu senhor — a mulher explicou olhando para Nessa com um sorrisinho cúmplice.
— Então eu devo partir o mais rápido possível. Já causei problemas de mais — Nessa respondeu se levantando e a mulher arqueou as sobrancelhas.
— O que estava fazendo na Floresta Morta machucada? — ela perguntou semicerrando os olhos.
— Fugindo do meu namorado, eu não tinha para aonde ir, estava desesperada, eu só... — mentiu Nessa. A mulher a olhou com compreensão e a espiã poderia se sentir mal, se não fosse todas as provas que recebeu durante sua vida sobre como nunca deveria confiar em alguém.
— Sinto muito por isso. Aliás, meu nome é Iridessa, posso perguntar o seu? — Iridessa questionou e Nessa franziu o cenho, tentando pensar e qualquer nome para entregar a mulher.
— Meu nome é Janet, e aprecio o que fez por mim — mentiu Nessa, enquanto apontava para si mesma.
Se Iridessa percebeu a mentira descarada de Nessa, pareceu ignorar. Nessa nunca foi muito de agradecer, muito menos sabia como fazer isso. Nessa percebeu que as orelhas da mulher eram deformadas, e quando Iridessa percebeu o olhar da ruiva sobre ela, tratou de puxar seus cabelos para baixo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Lágrimas Do Fogo | Livro 1
FantasyHá 400 anos, uma guerra devastou os três reinos, tendo Lithigary, o reino dos dragões, como o mais afetado. A guerra conduzida por Abaddon Dethyanlles, destruiu a magia e massacrou todas as criaturas mágicas que naquele mundo viviam. Quase todas. Ne...