Cap. 7

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   Karayn Dethyanlles exibiu os dentes perfeitamente brancos para Nessa, com seus olhos avelãs brilhando em divertimento.

   — O que aconselha que eu faça com ela, general Rustrygven? Já que a mesma assassinou seus homens — o príncipe perguntou com um sorriso perverso nos lábios, ele estava se divertindo com aquilo.

   O general olhou para Nessa, que estava sendo obrigada a ficar de joelhos pelos guardas que a seguravam. Ele pareceu desconfiado com algo, mas tratou de disfarçar com uma expressão impiedosa, por fim mostrando para Nessa o porquê que tanto o temiam. Até mesmo a ruiva sentiu um arrepio passar por todo seu corpo.

   — Morana não se importa com a própria vida, então deixá-la viva e forçá-la a fazer algo que não gosta me parece muito interessante — o general respondeu com a voz gélida e repleta de superioridade.

   — Morana, não é? Conheço seus pais, talvez meus homens o façam uma visitinha — brincou Karayn. Nessa precisou de todos os anos de seu treinamento para segurar a risada. O príncipe estava blefando, e Nessa adorava brincar com a presa antes de devorá-la viva.

   — Por favor, Vossa Alteza, eu imploro, não faça nada aos meus pais, eles são tudo que tenho — Nessa implorou juntando as mãos, forçando as lágrimas caírem, junto com a voz embargada.

   O príncipe ergueu o queixo com um sorrisinho vitorioso, enquanto Nessa forçava tremores por todo o seu corpo. Soluços perfeitos saiam da boca da assassina, e até mesmo o general a olhou de forma incrédula.

   — Apesar do crime que cometeu, tem uma boa mira para uma mulher, — Nessa queria socar aquele rostinho angelical como uma mulher, para mostrar ao príncipe com quem ele falava — e se não me engano, preciso de alguém que possa me proteger sem que todos saibam — continuou ele.

   — Está sugerindo que ela seja seu guarda-costas? — perguntou o general com descrença. O príncipe arqueou a sobrancelha para o general.

   — Alguma ideia melhor? Talvez alguns açoites ou correntes como castigo, mas adoraria a companhia de uma fêmea tão... peculiar — a assassina quis gritar com ele, mas continuou interpretando o papel.

   — Qualquer coisa pela minha família Vossa Alteza, e peço perdão pela minha atitude delinquente — disse Nessa secando as lágrimas com as costas das mãos. O príncipe revirou os olhos e gesticulou para os guardas.

   — Levem-na para um dos aposentos da ala leste. Será treinada pelo general Rustrygven pela manhã — ordenou aos guardas.

   Os dois machos a levantaram com um pouco mais de decência, e um deles forçou as costas de Nessa para frente, para que ela fizesse uma reverência.

   A ruiva fez uma reverência desengonçada, passando a imagem de que ela era inofensiva, apesar do comportamento explosivo. Eles a viraram, mas pararam de andar assim que ouviram a voz do herdeiro do reino de Craethen.

   — Se tentar fugir, sua família pagará o preço, e você também — ela olhou por cima dos ombros e assentiu com a cabeça para o príncipe rapidamente.

Ah nossa, Vossa Altezinha, estou morrendo de medo.

   O olhar de Nessa cruzou com os do general Rustrygven, e o mesmo semicerrou os olhos para ela. A jovem virou o rosto, olhando para o chão. Conforme saiam da sala do trono, um sorriso psicopata surgiu nos lábios da assassina, e mais uma vez, Nessa Signeyrsa havia sido encarnada.

   O nome que fazia todos os moradores de todos os reinos temerem, o nome da maior psicopata maníaca dos três reinos. A 01 dos Los Kyllers, a joia rara lapidada durante anos por Lansky, e o demônio que espreitava sob as camadas de roupa e pele que protegiam Nessa, havia acordado, e ele gritava por derramamento de sangue e vingança.

As Lágrimas Do Fogo | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora