Cap. 9

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   Nessa Signeyrsa era desprezada com olhares dos soldados de Craethen, e ela fazia questão de devolver o favor. Talvez estivesse julgando errado, mas se aqueles homens a odiavam por ter assassinado aqueles malditos que ficaram rindo conforme Asgeir tentava abusar dela, provavelmente eram iguais.

   Homens de Craethen, em sua maioria, eram pessoas que acreditavam que todos deviam se curvar às suas vontades. Em todas as suas experiências, eles se mostraram pessoas não confiáveis, além das características machistas e asquerosas, nas quais Nessa odiava.

   O comandante Levett a levou para uma parte separada do campo de treinamento, junto com o general Rustrygven. Cinco alvos redondos com cores pintadas, dividindo-os em quatro partes. Preto na borda, seguido por azul, vermelho e no meio, amarelo.

   A ruiva pensou que a entregariam um arco e flecha, mas se surpreendeu ao receber um machado de Draven. Warin olhava para a situação em divertimento. O comandante estava de braços cruzados com peito estufado. Nessa franziu o cenho ao pegar o machado estendido em sua direção. Os dedos da assassina tocaram os do general por segundos que pareceram uma eternidade.

   Os olhos âmbares alaranjado de Draven se encontraram com os azuis oceanos de Nessa, e a espiã notou ele engolir em seco, e rapidamente ela recolheu a mão. Warin limpou a garganta, mostrando que ainda estava ali presente.

   — Atire no alvo — ordenou Draven. A ruiva umedeceu os lábios e um sorriso de canto se formou.

   — E se o alvo for sua cabeça, posso atirar? — provocou Nessa. Warin falhou miseravelmente em tentar conter o riso.

   — Se acertar nos cinco alvos, eu deixo acertar minha cabeça — ele respondeu com deboche. O sorriso psicopata de Nessa se alargou.

   — Prefiro acertar a cabeça de baixo — ela rebateu e Draven arregalou os olhos, levando a mão na frente da calça.

   — Tenho amor a minha vida, e minha cabeça de baixo é importante demais para mim — Draven respondeu, fazendo Warin se curvar de tanto rir.

   — As damas da realeza ficariam tão decepcionadas por não terem mais com o que brincarem... — Warin provocou Draven, que pulou em cima do amigo, proferindo um soco no rosto dele.

   — Duvido muito que elas realmente se divertem, provavelmente forçam sons de prazer apenas para se livrarem de você, Dray Dray — Nessa cantarolou e o general trincou o maxilar.

   — Não sabe o que diz — Draven disse se levantando do chão.

   — Me prove do contrário — ela rebateu tão rapidamente que Draven engasgou com a resposta afiada da assassina.

   — Quanta tensão sexual entre vocês dois ein? — comentou Warin, recebendo olhares afiados dos dois.

   Nessa revirou os olhos e se posicionou na marcação do chão. O primeiro alvo estava a três metros de distância do corpo da espiã. Ela levantou os dois braços, esticando o esquerdo ao lado do corpo, e o direito para frente, mantendo o equilíbrio.

   — Ajeite sua postura — Draven disse girando ao redor da ruiva, analisando-a. Ela bufou irritada, mas fez o que ele pediu.

   A jovem focou no amarelo do alvo, bem no meio, imaginando ser a testa do general. Warin olhou para Draven de forma debochada, como se estivessem apostando se ela erraria ou não apenas com o olhar. Nessa trouxe o braço para trás, segurando o machado com força, e juntando todo seu treinamento na madeira do objeto.

   — Não se apresse querida, temos o dia todo — Warin disse a provocando. Nessa virou o rosto lentamente para o comandante, e ele empalideceu.

As Lágrimas Do Fogo | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora