Cap. 15

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   Os soldados se agitaram rapidamente no campo de treinamento. Nessa passou as costas da mão nos lábios, limpando o rastro do sangue de Draven em sua boca e se aproximou do mesmo, que olhava para o aglomerado que se formava.

   — O que está acontecendo? — perguntou Nessa. Draven alisou o maxilar franzindo o cenho.

   — Não tenho ideia — Draven se agitou ao lado da ruiva. Warin chegou correndo na direção deles.

   — Encontraram uma fada — disse ele ofegante. Nessa arregalou os olhos, e ela encarou Draven.

   — Irão matá-la — sussurrou Draven, passando as mãos pelos cabelos. Nessa sentiu o ódio subindo pelas suas veias, e seus olhos flamejaram.

   — Ao inferno que vão — disse ela determinada, enquanto começava a caminhar até o aglomerado.

   Nessa Signeyrsa ouviu os dois gritando por ela, mas não se incomodou com isso. Se espremendo entre os soldados, ela viu uma fêmea de cabelos brancos longos, com uma camisola branca e surrada de sangue e terra.

   A fada não aparentava ser adulta, se parecia com uma criança. Ela beirava 1,45 de altura, era tão delicada, e se debatia com toda a sua força. Os pulsos finos da moça estavam vermelhos, pela força que faziam para segurá-la.

   Os olhos de Nessa se encontraram com os da fada, e ela viu o desespero através dele. Algo dentro de Nessa se agitou, e ela se viu naquela mesma situação. Ela não conseguia se mover, apenas olhava para a fêmea. As asas transparentes e sensíveis da fada sangravam.

Pelos deuses... eles tentaram arrancá-las.

   — Ela será executada amanhã em praça pública — um dos soldados disse ao lado da assassina para outro.

   A ruiva engoliu em seco, enquanto olhava para onde levavam a criatura. Sentiu alguém puxando seu braço, e grunhiu de raiva. Assim que ele a puxou para longe daquela multidão, Nessa deu um tapa em seu rosto, fervilhando de ódio.

   — Quantas malditas vezes terei de repetir para não tocar em mim? — ela esbravejou para cima dele. Warin se meteu no meio, empurrando Draven para longe de Nessa.

   — Sinto muito por ter presenciado isso — disse o comandante, se referindo à feérica. A ruiva riu com escárnio.

   — Sente muito por eu ter presenciado ou por ter que executar aquela fada em praça pública apenas por ser fada? — cuspiu Nessa. Warin abriu a boca para se explicar, mas ele não tinha o que dizer.

   — É como as coisas funcionam — Draven disse de forma rude. A ruiva o olhou com incredulidade.

   — Ela é uma criança! — ela exclamou sentindo seus olhos transpassarem toda sua dor.

   — Fadas são imortais, e um perigo para a sociedade — Draven argumentou e Nessa riu sem humor, não acreditando no que ouvia.

   — Um perigo para a sociedade? É isso que o seu rei disse para você? Para todos vocês? ELA É UMA CRIANÇA! — Nessa surtou enquanto lágrimas caiam de seus olhos. Draven e Warin pareceram desnorteados pela atitude da fêmea.

   — Ela não é uma criança, ela finge ser uma — argumentou Warin. A jovem fechou seus punhos com força, não conseguindo conter o ódio, ela levantou o braço e socou a árvore mais próxima.

   — Já conheci fadas adultas, e eu lhe garanto que ela não é uma. Ela vestia uma camisola, sabe o que isso significa? — perguntou ela em um tom calmo e assassino — Significa que os seus homens invadiram a casa dela e a retiraram de sua cama, de sua casa — esbravejou ela entre os dentes.

As Lágrimas Do Fogo | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora