Cap. 13

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Fora um teste. Um maldito teste. Draven não sabia porque ainda se surpreendia com as ideias do rei Scobaltho Dethyanlles. Ele servia aquele rei, não porque queria, mas por obrigação.

Nessa Signeyrsa não mentiu ao dizer aquelas palavras sobre os homens de Craethen, a maioria deles eram canalhas desgraçados, e Draven também era. Ele socava a pobre árvore sem parar, descontando sua raiva nela. Draven grunhia enquanto se lembrava dos olhos sombrios da ruiva, ao admitir que seus homens tentaram tocá-la.

Os meus homens.

Jovens sem donos estavam propícias a esse tipo de coisa. Ele odiava como essa lei valia para todos os três reinos. Assim que as fêmeas completassem 18 anos, elas já podiam ser reivindicadas.

Muitas eram vendidas pelos próprios pais, outras fugiam de casa e eram reivindicadas por algum amante. Outras, simplesmente não conseguiam lutar contra, e eram obrigadas a aceitarem tudo que faziam com elas. Draven sabia que nenhum desses casos valia para a assassina-espiã. Ela era uma "mulher livre".

Ter um dono parecia significar algo para a ruiva. Talvez tivesse um namorado a sua espera, talvez gostasse da ideia de pertencimento a alguém. Draven achava essa ideia ridícula. Tratavam as fêmeas como se fosse um pedaço de propriedade.

Warin não se incomodava com os surtos raivosos do amigo. Enquanto Draven socava a árvore, maçãs caiam dos galhos, e o comandante se divertia comendo elas, pois isso o livrava do trabalho de arrancá-las.

- Está irritado por ter sido um teste ou pelo fato de que eu estava certo? - perguntou Warin. Draven bufou, abaixando os braços por alguns segundos, descansando-os.

- Estou irritado, apenas - era orgulhoso demais para admitir a verdade. E odiava o fato de que se importava com uma desconhecida.

- Talvez devesse procurar alguma das damas da alta realeza. Soube que Coraline D'cierrw está no palácio - Draven encarou o tronco destruído da árvore, pressionando os lábios.

- Por que não cuida do próprio pau? - retrucou o general. Warin pendeu a cabeça para trás, soltando uma risada abafada.

- Se eu afundar meu pau no meio das pernas de Lady Coraline D'cierrw, você se importaria? - Warin cantarolou. Draven virou o rosto para baixo, encarando o comandante com irritação, que estava sentado na grama, com as costas contra a parede.

- Quem você se enfia no meio das pernas não é de meu interesse - Draven murmurou negando com a cabeça, voltando a socar a árvore.

- Achei que gostasse dela - Warin resmungou enquanto dava mais uma mordida na maçã.

- Gostava, mas isso é passado - Draven disse respirando fundo, começando mais uma sequência de socos.

- Seis meses atrás é passado para você?

- Estamos no presente Warin. Coraline me deixou no passado, não farei questão em querê-la no meu presente - era verdade.

- Quanta amargura. Ela realmente quebrou seu coração - provocou Warin. Draven soltou uma risada nasalada.

- Nunca tive coração para ser quebrado, Warin. Sabe disso - Draven disse com o semblante sério.

- Eu sei - Warin murmurou baixo.

Coraline D'cierrw, uma Lady de Miofell. Ela e Draven foram amantes no passado, sendo conhecidos um do outro desde crianças. O general realmente gostava dela, mas quando ela terminou tudo entre os dois, ele apenas se sentiu culpado.

Ele acreditava que faltava algo nele para ela tê-lo deixado. Mas Draven Rustrygven não a culpava. Era o general do maior exército dos três reinos, não tinha tempo para relacionamento sério. Draven uma vez havia dito que a reivindicaria, quando a mesma fizesse 18 anos, mas isso nunca aconteceu.

As Lágrimas Do Fogo | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora