O cheiro da prisão não era agradável. A ruiva sabia que a prisão de Frostthorn era de difícil acesso, mas ela não imaginava que fosse subterrânea. Nunca precisou resgatar nenhum prisioneiro dali, mas ouviu histórias de outros membros dos Los Kyllers sobre os resgates.
Sangue seco, vômito e cadáveres ambulantes podia muito bem ser a descrição da prisão de Frostthorn. A escada perfurava a escuridão, e a iluminação dos corredores se dava por luzes velhas que pediam do teto. Nessa contou cinco homens na entrada. Ao reconhecerem o rosto do general, eles o deixaram passar.
De cabeça baixa, Nessa sorriu. Ali estava o motivo por ter aceitado ser babá do idiota do Karayn Dethyanlles. Draven era seu passe livre para a prisão, e ela só precisava de algumas informações antes de fugir de Craethen, depois de soltar a fada presa no quartel.
Outros guardas faziam ronda pela prisão. A assassina andava de cabeça abaixada pelos vastos corredores da cadeia. Conforme passavam pelas celas, os prisioneiros gritavam, alguns batiam nas grades, e outros cuspiam no chão.
Nessa Signeyrsa imaginou quantos deles haviam sido presos pelo general Rustrygven. O general mantinha a expressão dura e fria, como se aquele lugar fosse tão comum para ele quanto os calos em suas mãos causados pelo treinamento árduo.
Draven seguiu por um dos corredores, parando em uma cela específica. Uma mulher ruiva estava no canto da parede, abraçando as próprias pernas, encolhida. Nessa deu um passo a frente, semicerrando os olhos para a impostora.
— Nessa Signeyrsa — disse a assassina. A ruiva ergueu o rosto para encará-la. Lentamente, ela se levantou e andou até eles. Draven olhou a ruiva de esguelha.
— Sou eu — a voz era fina e delicada. Nessa franziu o cenho olhando para a prisioneira, e riu com escárnio.
— Certo, Nessa Signeyrsa, quem te contratou? — perguntou à prisioneira. A jovem franziu o cenho, olhando para o general.
— Não sei do que estão falando — a verdadeira Nessa estalou os ombros, e enfiou os braços por dentro das grades da cela, puxando a falsa Nessa para ela.
— Escuta aqui, sua falsificada, não tenho tempo para joguinhos. Diga o nome do maldito que te pagou para fingir ser a assassina-espiã de Ranurean — disse ela entre os dentes. Ela esperou para que Draven interferisse, mas não foi isso que aconteceu.
— E-eu não sei d-do que você está falando — a fêmea gaguejou. Nessa Signeyrsa rosnou enquanto encarava a prisioneira com raiva.
— Quem contratou você? Quem foi o bosta que mandou você roubar minha identidade?! — a ruiva esbravejou. A assassina arregalou os olhos, engolindo em seco.
— Você é a Nessa Signeyrsa? — perguntou a prisioneira. A assassina grunhiu impaciente, e puxou a ruiva com tudo contra as grades, fazendo com que a mesma batesse a cabeça contra o ferro que a mantinha presa.
— É seu se responder todas as nossas perguntas — Draven disse enquanto mostrava o anel que Nessa havia o dado. A prisioneira engoliu em seco e assentiu.
— Quem contratou você? — perguntou Nessa entre os dentes. A prisioneira olhou para o anel nos dedos do general.
— Ele não me disse o nome dele — respondeu ela. Nessa continuou com a sua expressão de ameaça, sem o brilho e tom irônico costumeiro.
— O que ele ofereceu a você? — perguntou Draven. Nessa continuou encarando a impostora.
— Disse que eu poderia usar tudo que era dela, me ofereceu quinhentas moedas de ouro se eu ficasse longe, e efetuasse pequenos roubos — respondeu ela. Nessa engoliu em seco, e soltou a prisioneira.
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As Lágrimas Do Fogo | Livro 1
FantasyHá 400 anos, uma guerra devastou os três reinos, tendo Lithigary, o reino dos dragões, como o mais afetado. A guerra conduzida por Abaddon Dethyanlles, destruiu a magia e massacrou todas as criaturas mágicas que naquele mundo viviam. Quase todas. Ne...