Cap. 20

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   Nessa Signeyrsa sabia que existiam passagens subterrâneas no palácio de Craethen, mas jamais imaginou que houvesse tantas. O general Rustrygven a guiou entre os corredores úmidos e empoeirados, provando que há muito ninguém se esgueirava por ali.

   Ambos caminhavam em silêncio, apesar de ninguém conseguir ouvi-los. Nessa tinha alguns machucados espalhados por todo seu corpo, mas nada mais sério que o corte em sua boca. Em partes, estava feliz, aquele inferno finalmente acabaria, e ela voltaria para Ranurean.

   O general virou à direita e digitou um código em uma das passagens. Uma porta se abriu, mostrando um escritório a frente deles. Draven entrou primeiro, fechando as portas e trancando as janelas, as tampando com as cortinas.

   A assassina notou que a suposta porta pelo qual entraram naquele lugar, era uma estante de livros. Ela sorriu consigo mesma enquanto balançava a cabeça. Nessa levou um dos dedos aos lábios cortados e sentou na cadeira aconchegante do lado oposto da mesa.

   — Estamos em seu escritório, não é? — perguntou ela enquanto coloca os pés em cima da mesa, os descansando.

   — Sim, estamos — o general respondeu enquanto procurava algo nas estantes.

   — Qual é o plano? — indagou à assassina. Draven se virou com um mapa na mão, e ao ver Nessa sentada em sua cadeira, com seus pés em cima da mesa, ele semicerrou os olhos.

   — Morana morreu, alguém contratou um dos Los Kyllers para assassiná-la, brigas antigas — o general deu de ombros, enquanto abria o mapa em cima da mesa.

   — O que é isso? — perguntou a ruiva, enquanto ajeitava melhor a sua postura.

   — Existe uma casa de abrigo perto da divisa de Craethen com Ranurean, com poucos quilômetros de distância da Floresta Sagrada — Nessa semicerrou os olhos para o general.

   — Suponho que me queira escondida lá — cantarolou ela. O general assentiu.

   — Encubro sua morte e você foge — propôs Draven. Nessa Signeyrsa pendeu a cabeça para trás e fitou o teto, enquanto girava na cadeira.

   — A que custo? — o general umedeceu os lábios. Nessa notou um leve tremor vindo de Draven, e parou de girar na cadeira como uma idiota e prestou mais a atenção.

   — Preciso que proteja alguém para mim — um sorriso sarcástico brotou nos lábios dela, e mesmo com dor, ela gargalhou.

   — É oficial então, eu virei babá — disse em meio as risadas. A expressão de Draven se manteve impassível.

   — Não estou brincando. Preciso que descubra tudo que conseguir sobre ela, faça o necessário para que ela se mantenha em segurança — a voz do general era severa, o que fez as sobrancelhas da ruiva se arqueassem.

   — Falando assim, general Rustrygven, parece até que ela é um membro da realeza — disse em tom zombeteiro. Draven não sorriu, nem esboçou um divertimento, o que fez Nessa ficar séria.

   — Apenas faça o que eu pedi — ordenou o general, com rispidez. Nessa trincou o maxilar ao ouvir Draven falando com ela daquela forma.

   — Farei o que me pediu, se permitir que eu leve a fada comigo — ela retrucou no mesmo tom ignorante. O general se calou por um minuto, e analisou a assassina.

   — Você fica bem atrás da minha mesa — Nessa abriu a boca em surpresa, piscando algumas vezes.

O desgraçado está tentando mudar de assunto.

    Sério?! — indagou irritada, o general franziu o cenho para ela. Nessa bufou — Obrigada.

   Draven semicerrou os olhos para ela. Nessa olhou para si mesma e se lembrou de estar vestindo apenas uma camisola fina, e surrada de sangue. Ela se sentiu nua com o olhar que o general lançou a ela. Seu coração disparou quando ele lambeu os lábios, o desejo que ela viu naqueles olhos incandescentes fez com que algo como adrenalina tomasse conta de seu sangue.

As Lágrimas Do Fogo | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora