Cap. 14

37 7 1
                                    

   O fato de estar sendo observada por dois guardas de Craethen, não tirava a excitação de Nessa ao ver aquelas milhares de estantes com tantos livros que a assassina jamais poderia contabilizar no papel.

   Exemplares únicos de todos os reinos. A ruiva sabia que o rei mandava os seus capangas saquearem templos e bibliotecas dos outros reinos, apenas para exibirem o tanto de sabedoria guardavam em suas estantes.

   Pelo pó que se acumulava nas prateleiras, Nessa sabia que era pouco usada, o que transformava aquele lugar em uma mina de ouro a ser lapidada. O lugar era arejado, com cortinas marrons descansando ao lado das vigas.

   Pilastras de mármore branco, todos eles esculpidos, contornavam a biblioteca. Corredores se formavam entre as estantes. Os livros formavam uma variação de cores interessante. A jovem passava os dedos pelas capas dos livros, e sorria para cada título que lia.

   Havia ao todo, dez mesas com duas cadeiras cada, espalhadas pela biblioteca. A ruiva escolheu de forma aleatória uma das prateleiras, e pegou um livro de capa azul com o letreiro dourado. Nessa passou os dedos finos pela capa azul e assoprou o pó do livro para longe.

   — A dama e o cavaleiro — Nessa leu em voz alta o título do livro. Um sorriso de canto se repuxou em seus lábios.

   — Típico — alguém disse atrás da ruiva. Nessa apertou os dedos em volta do livro contra o peito e se virou.

   — Não sabia que tinha mais alguém aqui — Nessa falou encarando o livro, e depois o jovem a sua frente.

   — Digo o mesmo — ele respondeu observando as estantes. Algo nele era familiar para a ruiva, mas ela não sabia dizer o que era.

   Nessa se virou deixando o jovem para trás, indo em direção a uma das mesas. A ruiva se sentou na cadeira e começou a ler. Alguns minutos se passaram, e o macho voltou com pergaminhos e mapas embaixo do braço.

   A assassina continuou lendo, tentando se interessar pela história, e às vezes olhava de esguelha para o que o jovem observava nos pergaminhos e mapas agora abertos em cima da mesa tão atentamente.

   — Presumo que sua leitura esteja entediante ao ponto de ter a curiosidade de descobrir o que tem nesses pergaminhos — o jovem disse em voz alta, sem tirar os olhos do mapa.

   Nessa Signeyrsa pressionou os lábios, tentando conter o sorriso malicioso que insistia em se formar. Lentamente, a ruiva fechou o livro e olhou na direção do jovem.

   — Me perdoe se contos eróticos já não me são tão divertidos — comentou com doçura. O jovem engasgou com a fala da assassina, o que fez com que seus olhos brilhassem.

   — Me parece bem mais interessante que mapas antigos — disse o jovem com humor. Nessa se levantou e foi em direção à mesa ao lado.

   — O que está procurando? — perguntou ela ao rapaz. Ele torceu o nariz enquanto encarava os mapas.

   — Um tesouro — respondeu ele. Nessa suspirou uma risada, e balançou a cabeça.

   — Acredito que esta biblioteca guarda muitos desses tesouros, depende muito da perspectiva — disse ela olhando para as prateleiras ao redor deles.

   — Não livros. Acreditaria em mim se eu dissesse que dragões existem? — o jovem perguntou. A ruiva mordeu os lábios segurando a risada.

   — Está procurando por dragões? — ela perguntou arqueando a sobrancelha. O jovem apenas olhou para ela. Nessa revirou os olhos e encarou aqueles mapas em cima da mesa.

As Lágrimas Do Fogo | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora