As Lágrimas Do Fogo | Livro 1

Cap. 5

De todos os homens que teve de lidar durante suas missões, jamais encontrou alguém tão irritantemente lindo como aquele que desviava de cada um de seus tiros. Nessa tinha uma boa mira, mas aquele homem, fora altamente treinado, percebeu Nessa assim que colocou os olhos sobre ele.

A armadura que ele vestia a enjoava. Tão verde e vivo quanto a grama de seu antigo vilarejo, antes de ser queimada, levando pessoas inocentes consigo. Os soldados de Craethen tinham causado aquilo, por ordem do rei Scobaltho Dethyanlles, apenas pelo antigo povoado habitar alguns dos poucos elfos ainda vivos.

Os elfos costumavam a serem seres com uma variedade de poderes, desde controle de elementos, a poderes de cura, por conta da afinidade com a natureza, alguns deles poderiam curar qualquer doença apenas com a planta certa. Todos os elfos poderosos foram dizimados na guerra de quatro décadas atrás, restando apenas os elfos inferiores, com poderes quase nulos.

Eram ótimos arqueiros, com a precisão da mira do arco e flecha tão impressionante que eram sempre os primeiros a serem requisitados quando uma ameaça se aproximasse.

Nessa não era boba, sabia que aquela criatura que roubou um pedaço de seu sanduíche amassado era um Brownie, criaturas marrons pequeninas que viviam nas casas abandonadas, há muito tempo atrás, conviviam com os humanos, os ajudando nas tarefas de casa.

Não era comum criaturas mágicas viverem em Craethen, não quando os mesmos foram a razão da maior carnificina de seres místicos de todos os reinos. Lithigary costumava ser o lar de origem dessas criaturas, graças ao templo de Dryad Saint, onde a maior concentração da magia costumava ficar.

O templo foi destruído na guerra, e desde então, nunca mais se ouviu falar em novos descendentes das antigas criaturas poderosas que por aquela terra andavam. Sussurros de que muitos fugiram para a Floresta Sagrada, que dividia o reino de Ranurean com Craethen.

Durante uma de suas missões, Nessa conheceu uma fada em uma cidadezinha em Lithigary. Ao contrário do que esperava, a fada não tinha asas, pois ela tinha as arrancados, por segurança própria.

Muitas das suas fugiram para o reino próprio, longe dos humanos gananciosos. Ela tinha cabelos tão dourados quanto os raios de sol, e os olhos eram acinzentados.

A fada havia dito para Nessa que a magia dos três reinos havia sido exilada pelo próprio pai dos deuses, Odin. Segundo ela, havia uma profecia por muito tempo esquecida, que dizia que a chama reacenderia no templo de Dryad Saint, e quando ela ascendesse, juntamente com seus três guardiões, a magia voltaria.

— Posso desviar a noite inteira, ou pode simplesmente me deixar tomar o maldito banho — rosnou o macho musculoso, girando no chão para longe de Nessa.

— Vai me matar? — ela indagou e o macho riu com escárnio.

— Não sou eu quem está desviando de tiros — ele resmungou e Nessa bufou, abaixando o braço.

— Estava divertido, mas realmente preciso descansar — ela admitiu se jogando na poltrona amarela, que era incrivelmente macia. A jovem franziu o cenho ao apertar o braço da poltrona, sentindo o conforto.

— Ótimo, então saia do meu apartamento e vá descansar — ele disse indo até o quarto maior. A ruiva abriu a boca revoltada e grunhiu com raiva.

— Não tenho para onde ir — Nessa Signeyrsa murmurou sentindo ódio de si mesma pela confissão.

— Está me pedindo para ficar? Logo depois de invadir o meu apartamento e tentar me matar? — o macho perguntou alto do quarto, com um tom irônico em sua voz. Nessa se encolheu levemente.

— É — respondeu simplesmente. O homem saiu do quarto com uma toalha em seus ombros, se apoiando no batente da porta.

Ele a olhava com as sobrancelhas arqueadas, como se não acreditasse nas palavras proferidas pela fêmea. Os cabelos do soldado eram curtos nas laterais, criando volume no topo. Assim como os cachos da assassina, o macho tinha alguns fios rebeldes que caiam pela sua testa, mechas lisas que tampavam um pouco de suas sobrancelhas.