As Lágrimas Do Fogo | Livro 1

Cap. 22

   A mente de Draven Rustrygven estava uma bagunça. Com ajuda de Gabyelle, o general arrumou suas coisas, apenas o necessário. Ele nunca foi de usar muito de suas riquezas. Possuía alguns imóveis ao redor de Craethen, mas sempre se certificou de usar no nome de outra pessoa.

   Com as papeladas em mãos, assim como coisas essenciais, ele se dirigiu ao quarto de Warin no quartel. Como Draven era filho de Scobaltho Dethyanlles, ele tinha uma enorme e vasta herança. Ele renegava o pai, por tudo que ele tinha feito, mas isso não significava que ele renegou o reino, nem sua coroa.

   Nem mesmo Warin sabia de quem Draven era filho. Um segredo guardado as sete chaves. Scobaltho tinha garantido que ninguém soubesse do segredo sobre a verdadeira linhagem de Draven, inclusive matando sua mãe. Draven era filho do rei, porém, o mesmo não era de Craethen, e sim de Lithigary.

   A mãe de Draven fugiu assim que descobriu que Scobaltho pretendia matá-la, deixando seu filho para trás. Angelle Rustrygven teve ajuda de uma amiga de Ranurean. Do mesmo jeito que Draven forjou a morte de Morana, essa amiga de Ranurean forjou a morte de sua mãe.

   Ele cresceu acreditando que sua mãe havia sido morta por rebeldes, pois essa era a história contada por seu pai. A verdade foi revelada para Draven treze anos depois, no seu aniversário de 15 anos. A mulher que havia ajudado Angelle, nunca havia dito seu nome para o pequeno príncipe, mas ele se lembrava do rosto dela. Jamais conseguiu esquecer. Ele a viu apenas duas vezes.

   A primeira vez foi em seu aniversário. Ele estava treinando no jardim quando uma criada se aproximou dele, e contou a história, afirmando ser a mãe dele, e com isso, entregou uma carta. Na carta, dizia o quanto Angelle o amava, e que ela jamais havia se esquecido dele.

   Na segunda vez, foi em seu aniversário de 18 anos. Ela também entregou o uma carta pessoalmente, junto com uma aliança de doze quilates de safira e quatorze diamantes ao redor da safira.

   Na carta que recebeu no seu aniversário de 18 anos, dizia:

‘’Meu pequeno príncipe

   Hoje é o dia em que você finalmente alcançou a maioridade, você já não é mais um menino, é um homem. Por mais que estejamos separados a oceanos de distância, me sinto honrada de ser sua mãe.

   Sei que pouco se recorda de mim, mas eu me lembro bem de você. Peço todos os dias que os deuses lhe guiem com sabedoria e paciência. Meu futuro general, esta aliança foi de sua vó, e das mulheres da família Rustrygven antes dela.

   É tradição passarmos este anel para nossos filhos homens, para que possam dar a sua noiva, ou para os noivos de nossas filhas. Dizem que o anel traz prosperidade e eternidade para a pessoa amada.

   Gostaria de lhe dar pessoalmente essa relíquia, mas infelizmente eu não posso. Entregue este anel quando sentir que encontrou seu lar, alguém que ame verdadeiramente com todo o seu ser, como uma vez amei seu pai.

   Espero poder lhe ver algum dia de minha vida miserável. Desejo ter aproveitado mais o pouco tempo que tínhamos. Sonho com meu pequeno príncipe todos os dias, e no homem que está se tornando. Dê-me orgulho, pequeno Draven. Salve Craethen.

Eu amo você, meu pequeno príncipe.

- A.Rustrygven’’   

   Draven se perguntava se sua mãe sabia dos seres que ele havia dizimado, se sabia que sangue de muitos manchavam suas mãos. Ele era príncipe e herdeiro de Craethen, nascido em Lithigary. O segundo reino também era o seu, e apesar disso, ele matou muitos de lá, por obrigação.