EVANGELINESoltei um suspiro aliviado quando Nathan abriu a porta da casa. Nunca pensei que me sentiria tão aliviada em ver uma parede cinza, um sofá preto e a boa e velha cozinha.
- Onde estamos? – Dakota questiona.
- Em casa – sussurrei, olhando para minha nova família. – Estamos em casa.
Minha irmã franziu as sobrancelhas enquanto os outros sorriram e começaram a se acomodar na casa.
Poucos segundos se passaram até que Ayla entrou correndo pela porta secreta, seguida por Isaac, que andava calmamente.
Ela se jogou nos braços de Sophie, que logo a beijou. No início o beijo estava delicado, doce e calmo, mas agora as duas já estavam se beijando vorazmente.
- Não que eu me incomode em assistir – Aaron provocou, interrompendo-as. – Mas tem uma criança na sala.
- Eu não sou uma criança! – Dakota exclama com indignação. – Tenho 17 anos, quase 18.
- E eu tenho 20, portanto, você deve me respeitar – Aaron disse, claramente tentando irritá-la.
- Enfie a merda do respeito no seu cu – ela resmungou.
Arregalei os olhos, em choque com o que Dakota falou. Nathan começou a rir de mim.
- Sua irmã tem a boca tão suja quanto você – ele disse, ainda rindo.
A Dakota não era uma pessoa facilmente estressada. Normalmente, era necessário algo muito grande para tirá-la do sério. Entretanto, Aaron não precisou levantar um único dedo para irritá-la.
Aaron tem algum tipo de dom para irritar as pessoas. Ele consegue fazer isso sem nenhum esforço.
Quando vemos o seu cabelo preto, seus músculos e os seus olhos cinzas e penetrantes achamos que ele é um típico bad boy, porém Aaron é totalmente o oposto disso.
- Eu só comecei a ser boca suja depois que conheci vocês – me defendo.
- Mentirosa – Nathan retrucou.
- Babaca – sibilei como resposta.
- Bom ver que recuperou o bom humor de sempre – ele sussurrou para que apenas eu pudesse ouvir.
Apenas dou um leve sorriso.
Não estou exatamente feliz. Ainda não superei... os últimos acontecimentos.
Ayla e Sophie ainda se abraçavam.
- Senti sua falta, amor – Ayla sussurrou, dando um selinho na namorada.
- Iremos para o quarto – Sophie anuncia. – Se alguém nos interromper, se considere uma pessoa morta.
Todos apenas concordam com a cabeça – incluindo eu, ninguém ousando questionar Sophie.
A ruiva sussurra alguma coisa no ouvido de Ayla. Não sei o que foi, mas bastou para deixar a garota arrepiada e fraca.
- Estamos indo – Sophie diz, sorrindo enquanto leva Ayla.
Após a saída delas, fui até Isaac, o abraçando.
- Senti saudade, Isaac – eu disse.
- Finalmente alguém notou a minha presença – resmungou, me abraçando. – Eu também senti a sua falta, mas parece que eles não sentiram a minha.
- Deuses, você está sendo mais dramático do que o Aaron – Nathan afirmou, suspirando.
- Eu não sou dramático! – Aaron exclama.
- Sim, você é – todos nós dissemos ao mesmo tempo.
- Ah, então fodam-se.
- Não vai rolar. Eu sei que gosto de homens, porém o Nathan não é o meu tipo – Isaac brincou.
Olhei para Dakota, que observava tudo com um olhar meio perdido, tentando acompanhar a conversa.
- Explicarei tudo, eu prometo – garanti para ela. – Mas vamos tomar banho primeiro.
Após todos tomarmos banho, o que demorou um pouco, já que não havia tantos banheiros, Ayla e Sophie ainda estavam no quarto. Ninguém ousou interrompê-las.
Isaac colocou o jantar na mesa enquanto nos banhávamos. Nos sentamos na mesa, sentindo o cheiro do ensopado de carne. O verdadeiro mistério era de onde ele tinha tirado essa carne.
Não quis nem perguntar.
Começamos a comer. Minha irmã também não fez questionamentos sobre o jantar. Ela nunca foi muito mimada.
Eu não tenho ideia de onde veio a carne, mas isso está bom.
- Então... vocês vão me explicar alguma coisa do que está acontecendo aqui? – Dakota perguntou enquanto colocava uma colher de ensopado na boca.
- Uma revolução – Aaron responde com simplicidade, fazendo a Dakota revirar os olhos.
- Não é uma história tão complexa assim – afirmo. – Eles me sequestraram no dia da coroação de Kimberly.
- E o Nathan não me deixou colocar um saco na cabeça dela – Aaron reclama, formando um beicinho em seus lábios.
- E eu não sei bem como aconteceu, mas entrei na revolução – expliquei.
Na verdade, eu sei exatamente como aconteceu. Foi depois da conversa que eu tive com Nathan na noite em que tive um pesadelo.
Não entendi o porquê aquela conversa foi essencial na decisão de me trazer ou não para a revolução. Apenas sei que foi aquele momento que definiu o meu destino.
Eu não tive que fazer nada. Derrubei todas as minhas máscaras. Mesmo assim, ele me aceitou por quem eu sou.
- Espera – Dakota murmurou, confusa. – Você se aliou aos seus sequestradores?
- Sequestro é uma palavra muito forte – Nathan repete a mesma coisa que disse no outro dia.
Por algum motivo, sinto que ele se incomoda um pouco com o fato de ter me sequestrado. Acredito que ele não queria começar as coisas desse jeito.
Eu não me incomodo com isso. Vivemos em um reino onde precisamos escolher um lado ou morrer. Eles queriam que as pessoas percebessem o quanto a família real era frágil. Entendo o lado deles.
- Você disse que era sequestro – Aaron brincou, também repetindo as mesmas palavras do outro dia.
- Cale a porra da boca – resmungou Nathan.
- É um pouco confuso de entender – digo para Dakota, interrompendo os dois. – Mas eu garanto que eles não me machucaram.
- E nem tínhamos essa intenção – Nathan afirma.
- Eu sei – sussurro, tentando tranquilizá-lo.
Agora que o conheço melhor, sei que eles nunca me machucariam, mesmo antes de me conhecerem. Eles só estão interessados no sangue de quem já os fez sangrar.
- Meu primeiro pedido quando entrei foi te trazer para cá – confesso para minha irmã.
Ela sorriu docemente.
- Obrigada.
- Não precisa agradecer. Sou sua irmã.
- Mesmo assim, obrigada – ela disse, sorrindo.
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𝙆𝙞𝙣𝙜𝙙𝙤𝙢 𝙤𝙛 𝙃𝙤𝙥𝙚 | 𝙐𝙢𝙖 𝙧𝙚𝙫𝙤𝙡𝙪𝙘̧𝙖̃𝙤
ПриключенияUma princesa negra e bastarda que é odiada pela corte por coisas que nem mesmo foram escolha sua. Evangeline tem um romance secreto com o guarda, mas sua vida vira de cabeça para baixo de repente. Ela sempre quis sair do castelo, só não imaginava qu...