DAKOTAAs coisas estavam se acalmando. Nathan havia convocado uma reunião para decidirmos o nosso próximo passo.
Eu estava na cama de Aaron, deitada em seu peitoral nu. Ele acariciava meu cabelo enquanto descansávamos.
Ainda não havíamos feito nada sexual e estamos indo com calma. Eu me sentia confortável com ele, como se eu não precisasse fingir ser alguém que eu não sou.
— Como está se sentindo hoje, princesa? — Aaron perguntou.
Estive com a mente um pouco cheia esses dias. A vinda de Kimberly, ela tentando ser uma pessoa melhor, o fato de Sophie ser minha irmã.
— Ainda cansada — murmurei. — Mas estou melhor. Você me acalma.
Era como se meu quarto praticamente não existisse, já que passava todas as noites com Aaron. Não sabia se isso o incomodava. Afinal, todos precisam do seu próprio espaço e eu havia invadido o dele desde que começou a me ajudar com os pesadelos. Sempre que dormia com ele, não haviam sonhos ruins.
— Eu poderia dormir em meu quarto hoje — sugeri, sem conseguir olhar em seus olhos. — Se você quiser.
— Você quer? — Aaron questiona tentando se manter neutro e eu sinto seu aperto um pouco mais forte em meu corpo. Não machucando, mas segurando como se pedisse para que eu não fosse embora.
— Não — admiti, decidindo ser sincera. — Mas não quero que se sinta obrigado a conviver comigo. Eu posso dormir sozinha.
Mesmo que tenha péssimas noites.
— Mas eu quero dormir com você, Dak — ele choramingou, deitando nos meus peitos.
Por algum motivo, ele achava muito confortável.
— Tudo bem, amor — eu o tranquilizei, fazendo carinho em seus fios escuros. — Só tive medo de te incomodar.
Aaron começa a soltar vários barulhos incompreensíveis, me contrariando. Ele fica bem mais manhoso pela manhã por causa do sono.
— Vou continuar aqui, meu amor. Não se preocupe — eu assegurei. — Você sabe que temos que ir para reunião, certo?
Ele resmungou, preguiçosamente fazendo carinho em meu cabelo.
— Vamos, amor — insisti, mesmo que a minha vontade fosse outra. — Não podemos nos atrasar.
***
Chegamos na sala de reunião e praticamente todos já estavam lá, exceto Ayla e Isaac.
Nós nos sentamos e logo Nathan iniciou a conversa.
— Estamos aqui porque precisamos discutir qual será o nosso próximo passo. Temos que tomar o castelo, mas não temos exércitos o bastante para isso.
— Algum plano? — Aaron perguntou.
— Isaac e Ayla devem chegar em breve — Eve afirmou. — Pedimos para que eles tentassem pensar em algo juntos, já que são os melhores nisso.
— Por enquanto não pensamos em nada — completou Nathan.
Os pensamentos negativos passam pelas mentes de todos ao nosso redor. Imagino como todos estão se sentindo, principalmente aqueles que estão aqui há mais tempo.
Deve ser assustador passar a vida lutando por algo sem ter a certeza de que vai conseguir.
De repente, ouvimos um estrondo da porta sendo aberta com força. Ayla e Isaac entram na sala, ambos parecendo agitados.
— Tivemos uma ideia — Isaac revelou, sendo completado por Ayla:
— Mas não sabemos se vão gostar.
Nathan os observa com uma grande expressão de interrogação em seu rosto.
— Bem, precisamos de medidas drásticas. Nenhuma ideia é ruim.
Isaac e Ayla se entreilham, hesitando antes de nos apresentar a ideia. Parecem estar tendo algum tipo de discussão silenciosa, até que Ayla cutuca o braço de Isaac e ele começa a falar.
— Kiara, você tem um irmão na realeza, certo?
Sinto meu corpo se tensionar imediatamente com a menção a Nicholas e Aaron aperta minha mão de uma forma tranquilizadora.
Vejo Kiara confirmar com a cabeça.
— Não, não e não. — Aaron negou com uma calma letal. — Isso é uma péssima ideia. Ele é um monstro.
— Imagino que isso não te coloque em uma boa posição, Dakota — Ayla se pronuncia. — Sinto muito, mas essa foi a única ideia que tivemos e que pode dar certo.
Sim, Ayla está certa. Eu odeio essa situação.
Não posso colocar os meus sentimentos e desconfortos acima da revolução. Há pessoas aqui que estão dispostas a perder a vida para tornar outras melhores.
Mesmo assim, é impossível não me sentir mal. Nicholas me tratou como se eu fosse um brinquedo. Ele permanece me assombrando até hoje, em meus piores pesadelos.
— Está tudo bem — menti, porém Aaron interferiu.
— Você não precisa fazer isso, Dak.
— Ok, não está tudo bem — concordei. — Mas sim, eu preciso fazer isso pela causa, e não vou mudar de ideia.
— Bem, — Nathan começou. — Entendo que esteja preocupado, Aaron, mas tenho que concordar com a Dakota. Temos poucas chances de vencer, você sabe disso.
Aaron concorda a contragosto.
— Queremos fazer um acordo com Nicholas em troca de exércitos — Ayla explicou. — Porém não temos nada a oferecer. Precisamos entrar em contato com ele e descobrir que tipo de troca vamos fazer.
Ficamos todos em silêncio, refletindo, até que Sophie falou:
— Isso não iria contra os nossos ideais? Quer dizer, estaríamos nos juntando com alguém que faz parte do problema que estamos combatendo.
— Talvez — Eve murmurou, sendo seguida por Nathan.
— Talvez. Acredito que todos que estão aqui já se dispuseram a passar por cima de algum princípio próprio, até porque nossos princípios já mudaram antes. Afinal, nunca pensamos em aceitar princesas na revolução e agora não uma, mas as três princesas do reino estão aqui. Não quero fazer isso a não ser que todos concordem.
Após muita reflexão e correndo o risco de perder grande parte do que demoraram tanto para construir, decidimos seguir com o plano.
Se fizermos isso certo, podemos finalmente vencer. Caso contrário... bem, nós nos tornaremos cinzas e talvez incapazes de ressurgir novamente.
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𝙆𝙞𝙣𝙜𝙙𝙤𝙢 𝙤𝙛 𝙃𝙤𝙥𝙚 | 𝙐𝙢𝙖 𝙧𝙚𝙫𝙤𝙡𝙪𝙘̧𝙖̃𝙤
AdventureUma princesa negra e bastarda que é odiada pela corte por coisas que nem mesmo foram escolha sua. Evangeline tem um romance secreto com o guarda, mas sua vida vira de cabeça para baixo de repente. Ela sempre quis sair do castelo, só não imaginava qu...