Capítulo 2

157 13 11
                                    

EVANGELINE

Estou exausta.

As pessoas não param de olhar para mim e sussurrar críticas. É como se eles não tivessem nada mais para fazer e todas as suas vidas giram em torno de mim, minha cor de pele e minha mãe que não era uma rainha. A única coisa que eu quero nesse momento é um abraço de James.

James sempre foi como minha fuga da realidade dentro desse castelo. Enquanto todos sempre me julgaram, ele nunca olhou com nojo para mim e me ajudou até quando isso arriscou o seu trabalho no palácio e sua vida. Nunca me esquecerei de quando eu tinha apenas 17 anos e ele me ajudou a limpar as feridas das chibatadas. James nunca ligou para as consequências quando se tratava de cuidar de mim.

Observo Dakota se aproximar de mim com um grande sorriso no rosto. Ela está usando um vestido em um tom bem claro de azul e pequenas flores brancas. É algo delicado, assim como ela.

- Você está bem? – Dakota pergunta.

- Claro. Por que não estaria? – falo, virando uma taça de champanhe em um gole.

- Não sei. Eu só... estava preocupada com você – admite, um pouco de hesitação presente em sua voz.

- Não há motivos para se preocupar comigo. Estou bem. Isso não é nada que eu já não tenha me acostumado.

- Mas não era para você se acostumar com esse tipo de coisa! – reclama, seu tom de voz ficando mais alto do que o normal.

- Dakota, acalme-se. Não queremos que todos escutem a conversa.

Ela solta um suspiro de frustração.

- Nada disso está certo.

Apenas fico em silêncio, sem resposta para a sua afirmação, que obviamente está certa.

Uma garotinha esbarra em meu vestido, caindo no chão. Seguro sua mão e ajudo a criança a se levantar.

- Não encoste nela, filha. Ela é nojenta – seu pai fala.

- Vocês são tão hipócritas! Espero que morram e levem esse preconceito para o inferno! – grita Dakota.

Ela exclama isso em um tom de voz tão alto que todo o salão escuta. Todos os olhares estão nela.

- Estão olhando o que? Não irei me desculpar por falar a verdade – minha irmã diz, fazendo um sorrisinho surgir em meus lábios.

Dakota nunca acompanhou o que falavam de mim tanto quanto hoje. Acho que ela não pensava que me julgavam tanto.

         E eu não esperava que ela fosse tão... temperamental?

- Amo você, Dakota.

Por um momento, ela parece surpreendida com a minha declaração, mas logo abre um sorriso.

- Eu também amo você. Tem algo que eu posso fazer para te ajudar? Qualquer coisa? – ela sugere.

- Bem... talvez tenha uma coisinha.

- Então me fale.

Não é nada muito grande ou que vá causar problemas para ela. Eu nunca arriscaria machucá-la apenas para o meu benefício próprio.

- Tenho que encontrá-lo mais tarde.

- Quem?

- Ele, Dakota – afirmo, dando ênfase ao "ele" para que ela saiba de quem estou falando.

𝙆𝙞𝙣𝙜𝙙𝙤𝙢 𝙤𝙛 𝙃𝙤𝙥𝙚 | 𝙐𝙢𝙖 𝙧𝙚𝙫𝙤𝙡𝙪𝙘̧𝙖̃𝙤Onde histórias criam vida. Descubra agora