𝙆𝙞𝙣𝙜𝙙𝙤𝙢 𝙤𝙛 𝙃𝙤𝙥𝙚 | 𝙐𝙢𝙖 𝙧𝙚𝙫𝙤𝙡𝙪𝙘̧𝙖̃𝙤

Capítulo 7

ISAAC

Eu estava criando uma certa rotina. O problema é que quando criamos uma rotina, ficamos desamparados quando ela se encerra.

E foi exatamente isso que aconteceu comigo naquele dia.

Fui ao bar para me encontrar com Ryan, do mesmo jeito que tenho feito todas as noites nessas últimas semanas.

Assim que cheguei, estranhei que havia outro homem atendendo no bar. Eu poderia me iludir pensando que é apenas um substituto, porém uma parte dentro de mim alerta que algo está errado.

Me aproximo com o meu coração saindo pela boca, refletindo que deveria ter aproveitado melhor a noite passada com Ryan.

Tento forçar as palavras a saírem da minha boca, mas apenas sinto um grande nó de tensão.

— Onde está o Ryan? — questiono, não tendo certeza de que quero uma resposta sincera.

— Foi levado — ele respondeu sem muita emoção na voz.

— O que você quer dizer com "foi levado", porra? — perguntei rispidamente.

Percebo que não fui muito educado e me arrependo, pois não acho que seja uma boa ideia aborrecer a única pessoa que sabe onde Ryan está.

— Me desculpe — murmurei. — É que ele é importante para mim.

As feições de seu rosto se suavizaram, se tornando compreensivas.

— Alguns guardas o levaram durante a madrugada — revelou. — Eram quatro. Ryan tinha vários impostos atrasados.

— Eles o mataram?

— Não. Levaram ele para o castelo para ser decapitado. Devem estar quase chegando.

Meu corpo inteiro se tensionou com a ansiedade e o medo.

— Sinto muito — ele lamentou.

— Eu preciso ir — afirmei. — Obrigado.

Saí correndo para chegar o quanto antes à sede.

Eu o resgataria.

***

No momento em que vi Nathan, pedi desesperadamente que ele convocasse uma reunião e ele nem ao menos questionou.

Todos estavam terminando os preparativos para embarcar amanhã, a fim de salvar Kiara, entretanto, interromperam tudo ao ouvirem o chamado da reunião.

Nós nos organizamos na sala de encontros, porém, ao invés de Nathan ficar na frente de todos, ele pede que eu assuma o comando.

Por mais nervoso que eu estivesse, engoli toda a minha ansiedade para falar.

— Tenho omitido algo de vocês há algumas semanas — admiti. — Algo sobre minha vida pessoal. Eu estava me encontrando com o cara que trabalho no bar.

— E nem pensou em arrumar drinks de graça para nós? — Aaron debochou.

Em qualquer outro momento, eu teria gargalhado, mas não havia como.

Todo o meu senso de humor foi substituído por preocupação e medo.

— O ponto é: eu realmente gosto dele — afirmei. — Os guardas o levaram para ser decapitado por não pagar impostos, mas podemos salvá-lo.

Observei as expressões de cada um e percebi que Nathan estava calculando os riscos da situação. Enquanto todos estavam refletindo, Evangeline se levantou do seu lugar e caminhou até o meu lado.

— Nós já partiríamos amanhã de qualquer forma — Eve explicou. — Precisaremos apenas adiantar a viagem para ajudar o Isaac, porque sei que ele, mesmo sendo o mais estrategista daqui, faria o mesmo por qualquer um de nós.

— Estou de acordo — Nathan se pronunciou. — Acho que precisamos fazer alguns ajustes na equipe que irá embarcar. Isaac vai, pois essa missão é pessoal para ele. A presença de Aaron é indispensável. Eve conhece bem o castelo. Sophie, vou colocar Ayla no seu lugar. Precisamos de outra estrategista e Isaac precisará de apoio.

Sophie assentiu.

Elas nunca vão juntas para as missões, porque Ayla não consegue pensar direito quando sabe que Sophie está em perigo, e Sophie não consegue focar no oponente durante a luta.

Elas se preocupam demais uma com a outra, e talvez agora eu entenda um terço dessa preocupação.

— Obrigado — agradeci genuinamente à Evangeline. Eu sabia que o risco que estávamos correndo era grande.

— Não precisa agradecer — murmurou. — Se eu pudesse voltar no tempo e fazer o mesmo por James, eu faria.

E então eu entendi do que se tratava. James.

Ela ainda se culpava, e não queria que eu sentisse a mesma culpa. Por isso eu a admirava 'pra caralho.

Assim, nós nos organizamos o quanto antes e embarcamos para o palácio.