Prelúdio

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Vó Mili,
A senhora não faz ideia do quanto o meu dia foi chato. Eu definitivamente odeio aquela escola. Eu não posso nem usar as roupas que eu gosto e mamãe ficou implicando com meu cabelo.
A senhora não pode mandar um bilhete dizendo para o papai criar juízo? Ele está me fazendo sofrer! Eu queria estudar com a Cake.
O ensino médio é um inferno. Eu só conseguiria enfrentar isso se fosse com meus amigos, mas como eu estou sozinha sei que vou morrer de tédio!
Tem aquela chata da Alie que não para de falar comigo! Eu não gosto dela nenhum pouco, mas ela não para de insistir. Como se ela já não tivesse seguidores o suficiente pra puxar o saco dela!
Pra piorar, tem àquele trabalho da Luciana (lembra da minha professora de história, àquela chata?) ela disse que vai sortear os grupos amanhã. E se eu cair em um grupo com pessoas desagradáveis? Conto com a sua ajuda para ficar sozinha do jeito que eu quero.
Eu ainda não descobri como o meu lençol vai parar de baixo da cama durante a madrugada. Aconteceu quarta passada e ontem.
O Barcley disse que foi alguém fazendo uma brincadeira boba comigo.
Tudo começou depois que você se foi vovó. Eu estou ficando maluca, mas ninguém percebe. O que eu tenho não são mesmo alucinações?
Algum deles realmente se importa?
Atenciosamente,
Karina.
A garota de camisola de ursinhos dobrou a carta e guardou na última gaveta do criado-mudo ao lado de sua cama.
Em seguida trancou a gaveta e se deitou na cama.
Antes de cair no sono, um sussurro distante, já conhecido por ela soou em seus ouvidos como se fosse a própria brisa vinda da janela.
Ela não pode te proteger para sempre” Uma voz sussurrou em seus ouvidos causando um leve arrepio na espinha.
—Me deixa dormir em paz! —A garota falou sem abrir os olhos e cobriu a cabeça com o lençol. Fantasma ignorado com sucesso.

Cartas aos Mortos (Delphine E Os Doze Cavaleiros - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora