Fui até a fila da cantina e comprei um hambúrguer com bacon triplo e um copão de milk shake de chocolate. Calórico? Claro! Mas eu sou igual a uma tábua e não engordo nem comendo um elefante. E mesmo se engordasse, seria redonda igual a um bolinho de arroz feliz!
—Por isso recusou sentar com os Corujas rei e rainha?
Que susto! Eu estava praticamente babando no meu lanche e o William vem falar comigo com a voz seca dele.
—Também. Aquelas patricinhas com toda a certeza teriam um ataque cardíaco, levando em conta as saladas que elas trazem —Respondi revirando os olhos. —Senta aí.
Ele segurava um sanduíche natural e um milk shake de morango.
—Por que quis que esse trabalho fosse na sua casa? -perguntou como quem não quer nada.
—Por que não? —Perguntei de volta de boca cheia sem tirar os olhos do lanche que devorava e com a maior cara lavada.
—Se fosse um desses paga-pau, com certeza iria querer levar os populares na sua casa, mas você não pareceu querer papo com eles —perguntou com o mesmo tom seco, mas agora me olhando diretamente.
Bom, eu não conheço ele, mas sinto que posso confiar nele. E como uma pessoa totalmente anormal que não liga nem para a própria razão, fui pelo instinto.
—Okay, você venceu, eu falo. —Tomei mais um pouco do meu milk shake antes de responder —Eu tenho medo do que poderia ver se fosse na casa deles.
Uma meia verdade, porém ainda não é hora de contar tudo.
—Medo do quê? —Me olhou com tanta curiosidade que eu não pude mentir.
—Dos mortos.
O olhei esperando ele rir das minhas maluquices, mas não, ele estava com um olhar atento e pior, parecia concordar comigo.
—Sabe, eu não tenho exatamente medo... porque eu estou bem acostumada a ter minha privacidade invadida por almas penadas, mas eu já encontrei seres que pareciam bem... perigosos.
—Eu entendo, na verdade eu já li algumas coisas sobre isso.
—Senhor! Não diga que é satanista!? —falei me afastando.
O garoto apenas revirou os olhos para o meu drama.
—Não, eu não sou satanista. Eu acredito em magia e fantasmas, mas não adoro o Diabo, sequer acredito na existência de divindades.
—Ufa! Estava cogitando jogar meu precioso milk shake na sua cara e fugir —confessei o fazendo soltar algo parecido com um riso.
Ele realmente parecia saber sobre coisas paranormais. Tanto que ficamos praticamente o intervalo todo conversando sobre esse assunto em comum.
—Pra mim seria bem mais prático lavar o quintal com água benta. Quero ver aparecer qualquer coisa esquisita depois disso —aconselhei o garoto.
Ele deu de ombros.
—Antes que eu me esqueça... —Tirou da bolsa um colar com uma pedra verde clara em formato de gota como pingente. —É pra você.
Aceite o medalhão.
Toda a minha coluna ficou gelada. Nunca uma previsão da minha avó tinha sido tão específica.
—Pra mim? —Perguntei estendendo a mão para o objeto que ele estendia na minha direção.
—Um amigo meu que trabalha vendendo objetos místicos, disse pra eu dar esse colar para a primeira pessoa maluca o suficiente para aceitar.
Segurei o colar pela pedra. Meu coração falhou uma batida.
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Cartas aos Mortos (Delphine E Os Doze Cavaleiros - Livro 1)
FantastikKarina Coast é uma adolescente imatura e comilona que vem tentando agir como um fantasma, igual aos que ela vê e tenta ignorar a vida toda, até que um conselho de uma troca de cartas com sua falecida avó faz com que descubra que seus dons vão muito...