Karina Coast
O melhor lugar para alguém como eu, que adora comer coisas doces e coloridas é o Sweet Tea. Os pratos são divertidos e o local tem clientes de vários tipos: médicos, entregadores de pizza, famílias enormes, casais em um encontro, idosos com seus gatos de estimação (em uma área separada, claro) e um grupo de jovens faminto, como é o nosso caso. Todos os clientes eram extremamente fiéis, de modo que me lembro da maior parte dos rostos que frequentam o lugar e cada dia da semana em que podem ser encontrados.
Mochila estava melhor. Eu sei que as coisas não se resolveram magicamente (mais ou menos) e que teremos que ficar atentas aos sinais e, muito provavelmente, convencê-lo a falar com a direção da escola e levá-lo a uma psicóloga. Minha mãe conhece algumas que frequentou depois da morte da vó Mili e eu ainda tenho minhas economias (não gasto tanto assim com doces e sei que sou privilegiada). Obviamente vai ser trabalhoso convencer o garoto a aceitar minha ajuda mas, ele é inteligente o bastante pra saber que precisa disso e vai acabar cedendo.
Quando chegamos, depois de eu colocar o endereço no GPS do carro do Maxwell, ele se surpreendeu que fosse tão perto da minha casa.
Ficamos fazendo vários nadas na casa do William, até dar a hora combinada.
Eu não consegui pensar em nada durante o trajeto, já que, não sei porque diabos, eu vim no banco do carona ao lado de Maxwell.
Se eu tivesse ido no banco de trás, o William não estaria visivelmente desconfortável com a Cake dormindo como um anjo em seu ombro. É um animal folgado essa minha amiga.
Eu até perguntei se ele queria que eu acordasse ela, mas o emo disse estar tudo bem, já que ela parecia estar dormindo tão bem. Foi estranho dos dois lados, já que a Cake não é de fazer isso com qualquer pessoa.
Meu rosto se iluminou mais que árvore de natal quando a fachada verde limão e o letreiro azul-turquesa, onde se lia Sweet Tea, ficou visível no final da rua.
—É uma fachada bem chamativa… —Maxwell observou o óbvio em quanto estacionava.
Desci a toda velocidade. Estava louca para ver meus amigos. Estava quase na porta quando ouvi a voz de Mochila chamando.
—Kara, ajuda aqui!
Me virei pra caminhar desanimada na direção oposta, queria entrar logo.
Mochila estava olhando para dentro do carro junto com Maxwell, que estava sorrindo de um jeito bem humorado.Espiei os bancos vendo William tentando acordar Cake com chamados baixos e toques suaves no ombro.
—Você está fazendo isso errado —eu disse colocando o joelho no banco entrando parcialmente no carro.
Como ela estava de shorts dava para fazer do jeito fácil sem mostrar mais que o necessário.
Peguei os pés dela e puxei com força para fora do carro. E com meus braços finos, minha “força” é o mesmo que nada.
—Vamos! Cake! Gnom… Aí! —Bati a cabeça no teto do carro em quanto arrastava ela.
Felizmente ela acordou com o eco grave da minha cabeça batendo e alisou a blusa de mangas amarela com unicórnios rosa antes de sair.
Maxwell se aproximou de mim e tirou minha mão de cima de onde eu bati e analisou o local.
—Por isso você precisa de cavaleiros… —ele disse com um sorriso debochado. —Não chegou a sangrar, mas eu peço um pouco de gelo lá dentro. Já está ficando inchado.
—Não precisa. Nem dói mais.
—Se você diz —fez pouco caso, mas continuou olhando o local da batida, mesmo que estivesse escondido por fios finos e castanhos.
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Cartas aos Mortos (Delphine E Os Doze Cavaleiros - Livro 1)
FantasyKarina Coast é uma adolescente imatura e comilona que vem tentando agir como um fantasma, igual aos que ela vê e tenta ignorar a vida toda, até que um conselho de uma troca de cartas com sua falecida avó faz com que descubra que seus dons vão muito...